"A love song", de Max Walker Silverman. Concorrendo em prestigiados Festivais como Berlim e Sundance, "A love song" tem comparação inegável com "Nomadland", de Chloe Zhao. Ambos os filmes falam sobre uma América esquecida, a dos moradores de trailers e acampamentos em desertos, como a protagonista Faye (Dale Dickey, soberba). Faye é uma viajante solitária que passa seu tempo pescando e observando estrelas em um acampamento na zona rural do Colorado enquanto espera por Lito, um personagem do passado que está vivendo sua própria aventura nômade pelo oeste selvagem. Enquanto Lito (Wes Studi), também viúvo, não chega, Faye passa seus dias olhando a paisagem e de vez em quando, recebendo a visita de um casal de lésbicas, moradoras de acampamento vizinho; do carteiro jovem que teima em não trazer as correspondências aguardadas por Faye; e por um grupo de jovens vaqueiros de descendência indígena, liderados por uma menina empoderada, que querem que Faye retire seu trailer para desenterrarem o avô deles que se encontra enterrado lá. Com uma fotografia exuberante de Affonso Herrera Salcedo, que privilegia a luz natural da região, e paisagens áridas e filmadas como natureza morta, o filme traz um ritmo e uma história totalmente minimalistas, onde quase nada acontece, mas é justamente aí que o filme traz o seu ouro. Brilhantes interpretações dos dois protagonistas, em momentos delicados e comoventes.
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