terça-feira, 18 de outubro de 2022

Coisa pública


 "Coisa pública", de André Borelli (2022). O cineasta e ator paulista André Borelli é um realizador autoral que tem total controle em seus filmes, escrevendo o roteiro, dirigindo, editando e produzindo. Dessa forma, André consegue manter a sua autoralidade dentro do universo do cinema independente e apresentar o seu ponto de vista em uma filmografia onde metáforas trazem o que de pior existem no País: misoginia, feminicídio, repressão, corrupção, racismo, homofobia, relacionamentos tóxicos, fanatismo religioso,  incitação à violência, porte de armas. Através de 7 jovens personagens que habitam uma república, André trás um microcosmo do que é o Brasil de hoje. O instinto animalesco que existe em todes, sendo colocado à prova após serem provocados por um crime hediondo: um dos sete moradores, o jovem negro, é encontrado morto no banheiro após uma festinha, onde drogas e bebidas estão liberados. Clarice (Priscila Ubba), Beto (Bruno Pacheco) Otávio (Pablo Diego Garcia), Camila (Dora Figueredo), Mayara (Gabriela Mag ), Luiz (Esdras Saturnino) e Daniel (Leonardo Silva) vivem em aparente harmonia dentro da república. Mas a verdade do que cada um traz dentro de si é aflorado em uma festa onde não existem limites. Quem será a próxima vítima?

Com participação especial de Dan Stulbach em personagem que representa o fanatismo político e a extrema direita, ö cineasta André Borelli traz uma narrativa que busca referências cinéfilas, como 'Clímax", de Gaspar Noé, ou mesmo Coração satânico", de Alan Parker. Para quem viu o recente "Medo, medo, medo", realizado após as filmagens de "Coisa pública", vai buscar paralelos. A juventude hoje, perdida durante tanto tempo de trevas, está literalmente vivendo pesadelos de onde é difícil acordar. Bom exercício de estilo estilístico e bom trabalho do elenco que se dedica de corpo e alma às propostas do diretor. 

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