sexta-feira, 28 de outubro de 2022

Mali twist


"Twist à Bamako", de Robert Guédiguian (2021)

“Mali twist”, de Robert Guédiguian. Premiado cineasta e realizador francês, casado com sua atriz fetiche Ariane Ascaride, protagonista de quase todos os seus filmes, como “Marie Jo e seus dois amantes”, “O fio de Ariane”, “A cidade está  tranquila”, ‘Armênia”, entre outros, Robert Guédiguian é famoso pelo cinema humanista, em defesa dos oprimidos e a favor de luta de classes.

Em “Mali twist’, Guediguian aponta suas lentes para o país de Mali, até 1960, colonizado pela França. O filme foi inspirado nas fotografias de Malick Sidibé, cujas obras abrangem dos anos 50 a 70 e reunidas em livro de mesmo nome, “Mali twist”. O filme traça um painel político, social e econômico de Mali pós independência e as consequências na vida do povo sofrido, tendo como pano de fundo uma história de amor trágica.

"Vocês intelectuais queriam fila e agora fico horas na fila". "Antes você não tinha fila mas tinha fome. Agora você pode alimentar seus filhos”. Esse diálogo sintetiza o filme, dado entre uma mulher do povo e o agente do governo Samba (Stéphane Bak), um jovem socialista, que espalha a palavra do socialismo e seus benefícios para as aldeias do Mali no ano de 1962, em Bamako. Sonhando com um futuro melhor para um Mali independente livre do domínio colonial da França, Samba e seus colegas de trabalho tentam educar os aldeões sobre como o socialismo beneficiará a todos, não apenas os ricos. Em suas viagens pelo interior, para levar as palavras e dogmas do socialismo, ele conhece Lara (Alicia Da Luz Gomes), que foge de um casamento arranjado. Samba a leva com ele, e acabam se apaixonando. O irmão de Lara e seu pretendente decidem ir atrás d jovem, por questão de honra. 

O filme tem um roteiro complexo e às vezes confuso. Tentando apresentar os benefícios do socialismo para a população e ao mesmo tempo, apresentando queixas da população e de comerciantes que questionam que o governo irá tomar posse de absolutamente tudo. Mesmo o personagem Samba vive um enorme conflito: idealista do socialismo e Marx, mas ao mesmo tempo, apaixonado pela cultura ocidental: as músicas americanas, a moda, o twist, a liberdade dos Night clubs. 

O filme finalizada no ano de 2012, com o Mali sendo tomado pelos Jihadistas, onde absolutamente tudo é proíbido: ouvir música, dançar, as mulheres devem se cobrir todas. Com uma excelente direção de arte, fotografia, maquiagem, trilha sonora e ótimos atores franceses e Malinenses, o filme corria o enorme risco de ser um exibicionismo de um cineasta francês e branco sobre uma realidade dos oprimidos e colonizados. Muitos críticos apontaram essa questão e falaram mal do filme. Achei válido e levantando questões muito importantes para os dias de hoje, principalmente, a pauta feminina, onde mulheres vivem em culturas patriarcais s milenares onde sua liberdade é arrancada. 


Nenhum comentário:

Postar um comentário