segunda-feira, 17 de agosto de 2020

Kill it and leave this town


"Kill it and leave this town", de Mariusz Wilczynski (2020)
Premiado como melhor animação no Annecy, mais prestigiado Festival de animação do mundo, como melhor filme do juri em 2020, e concorrendo no Festival de Berlin, "Kill it and leave this town"é uma viagem absolutamente sensorial e experimental, uma viagem psicodélica de ácido que remete a uma mistura de Crumb, "Yellow submarine", "Persépolis" , "Valsa para Bashir" mais elementos pornográficos e de violência. O filme é uma produção polonesa, e é uma autobiografia do realizador, o polonês Mariusz Wilczynski, nascido na cidade de Lodz em 1964, em pleno regime comunista. Mariusz narra a sua infÂncia até sua vida adulta, através de memórias e sonhos com pessoas que fizeram parte de sua vida: sua mãe, pai, namoradas, vizinhos, lojistas, e a abertura política décadas depois. Em sua narrativa, as pessoas não morrem. "Não acredito em mortes", diz o personagem, alter ego do próprio cineasta. A força do filme está nas imagens, fortes, poéticas, agressivas, violentas, escatológicas. Não existe uma unidade, são sketches muito bizarros e totalmente surrealistas. EM uma cena, a mãe de Mariuz vai na peixaria e compra peixes vivos. A lojista pega peixe, dá marretadas, com o peixe ainda vivo, e por fim, corta sua cabeça, e ele respirando. Mais na frente, a mesma cena é vista com animais fazendo o papel dos humanos, e os humanos nos papéis dos peixes, tendo as cabeças cortas, vísceras extirpadas, tendo o corpo destroçado nas paredes. Outra cena brutal: em um morgue, um médico legista costura as vísceras de uma morta, inclusive costurando sua vagina e inserindo tampões em todos os orifícios ( ânus incluso). A mãe de Mariuz trabalha no morgue, e mostra toda a frieza dela diante dos cadáveres. Outro momento: seres humanos são usados como cachorros pelos animais: cagam nas ruas, cheiram o rabo um do outro, comem fezes.
Mariuz quer chocar, e isso ele faz com muita propriedade. Não é um filme fácil de ser visto.

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