sexta-feira, 7 de agosto de 2020

À espera dos bárbaros

"Waiting for the barbarians, de Ciro Guerra (2020)
Adaptação do livro vencedor do Nobel de literatura, escrito em 1980 pelo sul africano J.M. Coetzee, que também adaptou o livro para o roteiro de cinema. O filme estreou no Festival de Veneza, entrando na competição oficial. Ciro Guerra, cineasta colombiano, após o grande sucesso de seus filmes "O abraço da serpente", indicado ao Oscar de filme estrangeiro em 2015, e de "Pássaro do verão", foi convidado por Hollywood para dirigir o seu primeiro grande blockbuster. No elenco, ele teve a honra de dirigir 3 grandes atores do cinema americano: Mark Rylance, Johnny Depp e Robert Pattinson, além da estrela italiana Greta Scachi. Na fotografia, ficou a cargo do mestre inglês Chris Menges, que fotografou os filmes de Roland Joffé, entre eles, "A missão" e "Os gritos do silêncio". O curioso é que, tanto nos filmes dirigidos por Ciro Guerra quanto nos fotografados por Menges, o tema é um só: a colonização e os efeitos perniciosos do povo suplantado pelos forasteiros.
O filme é uma parábola sobre o bem e o mal, e nem precisa adivinhar quem é quem na história. Ambientada em um lugar indefinido, provavelmente na fronteira com a Mongólia, militares ocidentais mantêm um posto. O Magistrado (Mark Rylance), administra tudo ali, desde colheita de impostos até a comunicação com a base. Porém, o Magistrado é contra a violência implementada contra o povo nômade preso no deserto: segundo os militares, eles estão preparando uma invasão. Quando chegam os coronel Joll (Depp) e depois, Mandell (Robert Pattinson), a autoridade do Magistrado é posto em pauta e a partir dai, é permitida a tortura contra o povo do deserto.
Apesar de toda a boa vontade, o filme é burocrático, sem ritmo e as performances do elenco, mesmo que interessantes, são trabalhadas com bastante caricatura. Impossível não sentir repulsa pelos coronéis de Depp e Pattinson. Faltou mais dualidade nesses personagens. O escritor J.M. Coetzee faz aqui um libelo contra a colonização, uma metáfora da própria África, país de nascença, que passou centenas de anos nas mãos de ocidentais. Uma pena que o filme, mesmo com tanta qualidade técnica, não tenha conseguido trazer emoção necessária para uma história bárbara de violência.

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