domingo, 23 de agosto de 2020

A morte num beijo

"Kiss me deadly", de Robert Aldrich (1955)
Um único filme que inspirou toda a nouvelle vague francesa, "Os caçadores da arca perdida", de Steven Spielberg e "Pulp fiction", de Quentin Tarantino? E de quebra, os créditos iniciais revolucionários, que descem de cima pra baixa, em fonte que provavelmente George Lucas copiou para "Star Wars".
Aonde eu estava com a cabeça que nunca havia assistido essa obra-prima do cinema antes?
Adaptação do livro do escritor Mickey Spinelli, criador do detetive Mike Hammer, aqui celebrizado por Ralph Meeker, "A morte num beijo" está entre os maiores filmes noir da história, e está no livro "1001 filmes para ver antes de morrer". E para completar, está na coleção The Criterion Collecion, destinada a filmes que devem ser preservados e relevantes para a história.
Godard e Truffaut ficaram apaixonados pelo uso das elipses do filme, e todo mundo sabe que a Nouvelle Vague pegou muita referência do cinema noir. E Godard roubou os tapas na cara que Mike Hammer dá em vários personagens.
O filme ficou famoso também pela narrativa primorosa dos 10 primeiros minutos. Além do prólogo, tem os créditos iniciais. Mike Hammer dá carona para uma jovem descalça na estrada, que implora por ajuda (Cloris Leachman, estreando no cinema).
Logo após o assassinato dela, Mike, com a ajuda de Velma, sua leal secretária, e seu amigo mecânico Nick, tentam descobrir o que ela estava tentando encobrir.
A direção de Aldrich é irretocável, filmando los Angeles como deve ser em filmes de detetives, repleto de femme fatales e tipos perigosos, com muita luz e sombras expressionistas. OS atores, desconhecidos, estão todos ótimos.
Spielberg declaradamente diz que teve a idéia da Caixa de Pandora assistindo ao filme, inclusive copiando o final. Um filme para ver e rever diversas vezes.

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