Aqui comento os filmes que assisto...mas sem muito saco de teorizar demais..somente comentando o básico: se gostei ou não hehehe (Comento apenas filmes vistos a partir de Outubro de 2010)
sábado, 16 de maio de 2020
Todas as mulheres do mundo
"Todas as mulheres do mundo", de Domingos Oliveira (1966)
Listado pela Abraccine entre os 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, o filme venceu no Festival de Brasília em 1966 cinco prêmios: melhor filme, diretor, ator (Paulo José), roteiro e atriz revelação, Leila Diniz. O longa é o filme de estréia de Domingos de Oliveira, que adaptou os contos "A Falseta" e "Memórias de Don Juan" de Eduardo Prado para a sua vida pessoal: Domingos estava casado há 3 anos com Leila Diniz e com o filme, tentou evitar a separação definitiva. Domingos conheceu Leila quando ela era professora, que nem a personagem Maria Alice no filme. Foi ele quem viu nela um talento de atriz. Paulo José é o alter ego de Domingos, e interpreta Paulo, um jornalista mulherengo que tem como melhor amigo Edu (Flavio Migliaccio). Logo no início do filme, Paulo encontra Edu e começa a lhe contar a história de sua relação com Maria Alice: na noite de Natal, em sua casa, ele conhece o casal Leopoldo (Ivan de Albuquerque) e Maria Alice. Paulo imediatamente se apaixona por Maria Alice e a partir daí, passa a assediá-la em todos os lugares, dizendo-se apaixonado por ela. Maria Alice acaba cedendo e vai morar com Paulo, por quem ela realmente nutre amor. Mas Paulo vai a uma festa na casa de sua prima, Barbara (Joana Fomm), e Maria Alice flagra ele tendo um caso com uma argentina, (Irma Alvarez), uma das amigas de Barbara.
O filme tem uma linguagem despojada bem influenciada pelo cinema da Nouvelle Vague, com câmera na mão e fotografia em preto e branco ( do mestre Mario Carneiro). Com edição elipsada, é fácil encontrar elementos do cinema de Agnes Varda e de Godard no filme, principalmente na bela cena onde Paulo declama um poema e o espectador vê partes do corpo de Maria Alice belamente enquadrados. Paulo José está antológico nesse papel, abusando de seu charme e de talento para o drama e a comédia. Aliás, em 1966, Paulo José estreou no cinema com dois filmes definitivos para a sua carreira: Além de “Todas as mulheres..”, ele também surge no filme de Joaquim Pedro de Andrade, “O padre e a moça”.
Leila Diniz esbanja charme e graciosidade em um papel maravilhoso, uma personagem que passeia por todas as emoções sem tornar nada uma caricatura. Aqui, já é possível ver o empoderamento feminino, que Leila tanto lutava, em sua personagem. Leila tinha 20 anos na época da filmagem, e faleceu tragicamente aos 27 anos, em um acidente de avião, em 1972.
O que chama a atenção no filme é o elenco formidável: além dos citados, tem Maria Gladys, Marieta Severo, Isabel Ribeiro, Fauzi Arap. Ana Maria Magalhães, Marcia Ribeiro. A trilha sonora também é uma delícia, e Domingos Oliveira sempre amou misturar música clássica com faixas pops. Aqui tem Roberto Carlos, Beatles, Simonal.
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