quinta-feira, 21 de maio de 2020

O Padre e a moça

“O padre e a moça”, de Joaquim Pedro de Andrade (1966) Listado entre os 100 melhores filmes brasileiros pela Abraccine, “O padre e a moça” concorreu no Festival de Berlin em 1966, e venceu no mesmo ano dois prêmios no Festival de Brasília: melhor atriz para Helena Ignez, e melhor fotografia para o Mestre Mario Carneiro. O filme é uma livre adaptação d conto de Carlos Drummond de Andrade, “O padre e a moça” publicada no livro “Lição de coisas”, de 1962. O filme é a estréia em longas de Joaquim Pedro de Andrade, e também a estréia de Paulo José, ator de teatro que assumiu o protagonista após o ator original cair doente há duas semanas da filmagem. Paulo José nunca havia feito cinema antes. Rodado em Minas Gerais, no município de  São Gonçalo do Rio das Pedras, tendo a população local ajudado na produção e trabalhado como elenco de apoio. A trilha sonora é de Carlos Lyra. Numa região do garimpo, o idoso padre local está doente e um padre jovem (Paulo José) chega para rezar a extrema unção. O Padre conhece alguns moradores locais: Vitorino (Fauzi Arap), o farmacêutico local, amante de Mariana (Helena Ignez). A mesma Mariana é afilhada de Fortunato (Mario Lago), o rei do garimpo local, e que pretende se casar com ela. Mas assim que o Padre e Mariana se conhecem, surge um amor platônico que atormenta o pároco. O filme me lembrou “O crime do padre Amaro”, de Eça de Queirós. Com bela direção naturalista de Joaquim Pedro de Andrade, o filme é enriquecido pela linda fotografia em preto e branco de Mario Carneiro, que enaltece o figurino preto do padre e a renda branca de Mariana. Quando do sue lançamento, o filme foi atacado pela Igreja católica, que o acusou de imoral, e detonado pela crítica, que o achou aristocrático. Hoje revisto, o filme é considerado um dos grandes filme brasileiros, que teve a ousadia de apresentar um Padre moralmente em contradição diante da sedução de Mariana e de não encontrar as palavras de Deus para explicar o que estava acontecendo com a sua mente. No mesmo ano, Paulo José lançaria o seu segundo filme, que o catapultaria ao sucesso : “Todas as mulheres do mundo”, de Domingos Oliveira.

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