sábado, 23 de maio de 2020

Lillian

"Lillian", de Andreas Horvath (2019) Angustiante e melancólico drama austríaco que concorreu no Festival de Cannes 2019 na Mostra Quinzena dos realizadores, é uma produção do cineasta austríaco Ulrich Seild, de quem sou grande fã. O filme se baseia na trágica história real de Lillian Ailling, ocorrido no ano de 1926: sem dinheiro e sem ter a quem pedir ajuda, a polonesa Lillian caminhou de Nova York até o Alaska, na esperança de poder retornar para o seu País à pé. Ela desapareceu durante a sua jornada. O documentarista austríaco Andreas Horvath estréia em ficção com esse filme arrebatador, que me lembrou um pouco "Na natureza selvagem", de Sean Penn, mais pela proposta do filme do que pela história, que não tem nada a ver. O filme é um road movie impressionante, realizado com olhar totalmente documental e uma equipe apenas do diretor que também fez a câmera e um produtor. A video artista polonesa Patrycja Planik estréia como atriz em uma performance arrebatadora, sem dizer uma única palavra ao longo do filme de 130 minutos de duração. O filme foi adaptado para os dias de hoje. Lillian é uma imigrante russa que está com o Visa expirado e sem documentos. Ela tenta trabalhar como atriz pornô, mas por conta da documentação, o produtor não aceita e diz que ela deveria retornar para a Rússia. Lillian leva o recado ao pé da letra e decide caminhar até a Russia. No seu caminho, ela rouba roupas, comida, é assediada, passa frio, calor. Fiquei de boca aberta com a produção do filme: filmaram de verdade durante toda a trajetória que vai de NY até o Rio Yukon, que divide os Estados Unidos e Canadá. A fotografia do filme é impressionate, com paisagens magistralmente captadas. A cena final, com Lillian deitada observando a aurora boreal é arrebatadora. O filme reserva um capítulo à parte, que mostra uma caça de baleias, uma metáfora à vida de Lillian. É um filme porrada, triste, que mostra um Estados Unidos do interior, conservador, branco, vazio.

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