terça-feira, 15 de novembro de 2022

Fire of love

“Fire of love”, de Sara Dosa. Comovente documentário que remete ao excelente “O homem urso”, de Werner Herzog: o espectador acompanha as últimas horas de vida dos protagonistas. Premiado em dezenas de Festivais, entre eles, Sundance, de onde saiu com o prêmio de melhor documentário, o filme foi dirigido por sara Dosa e narrado pela cineasta Miranda July. Katia e o seu marido Maurice Kraff, ambos franceses e vulcanólogos, morreram durante a erupção do Monte Uzen no Japão, no dia 3 de Junho de 1991. Estavam demasiado próximos do vulcão e foram apanhados por um fluxo piroclástico que saiu abruptamente e inesperadamente de um canal, matando dezenas de vulcanólogos e jornalistas que acompanhavam a erupção. A partir daí, o filme acompanha a trajetória do casal, desde que se conheceram nos anos 60, e fazendo um paralelo da vida amorosa do casal e a grande paixão de ambos: os vulcões em erupção. Filmaram centenas de horas de material e milhares de fotos, usadas até hoje em dia como importante fonte para se entender os movimentos de vulcões vermelhos e os cinzas, os mais perigosos, por serem instáveis, e o que provocou a morte do casal. O filme traz esse espetacular e incrível material de arquivo, com imagens grandiosas e acachapantes dos vulcões em erupção. O casal cada vez se aproximava mais dos vulcões. Segundo Maurice, "Batismo do vulcanólogo é se queimar,”, e ele mostra a perna toda queimada em uma de suas primeiras incursões. Se casaram na Alsácia em 1970 e decidiram que não teriam filhos, a vida seria dedicada aos vulcões. Maurice dizia Vulcanologia é a ciência da observação, quanto mais perto chegam, melhor é a observação. "Não somos religiosos, somos cientistas. Vivemos uma vida curta e depois voltamos a terra.”, diz Maurice. Imagens impressionantes do casal vestido com roupa de proteção que parece figurino de filmes de ficção cientifica dos anos 50, a poucos metros da lava em ebulição, são de encher os olhos, misturando a estranha sensação de beleza, poesia e sensação de morte. A cena de Maurice fritando ovos na frigideira em cima de uma rocha que acabou de ser formada pela lava quente é simplesmente antológica. Uma frase que ecoa: "O vulcanólogo que vai para cinzentos esta apostando roleta russa?”. A pergunta foi feita por Maurice fica na mente do espectador por um bom tempo. Um filme primoroso e apaixonante.

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