terça-feira, 22 de novembro de 2022

Serial Kelly

"Serial Kelly', de René Guerra (2021) Longa de estréia do roteirista e realizador alagoano René Guerra, "Serial Kelly" tem a proposta de apresentar ao espectador a história ficcional da primeira serial killer brasileira, Kellyane, ou Kelly (Gaby Amarantos), uma cantora de forró em Maceió, que tem um passado de abuso por conta de seu pai, e hoje em dia, carregando os traumas da violência machsita e de uma sociedade misógena e repleta de casos de feminicídio e homofobia, decide matar os homens que não prestam, acreditando assim estar fazendo um grande serviço a si mesma e à sociedade. O filme, rodado em 2017, marca também a estréia da cantora Gaby Amarantos como atriz, e esse é o grande acerto do filme. Gaby traz carisma e o filme todo é em cima da personagem. Gaby se entrega com força à personagem, em um roteiro que abraça muitos temas: crítica ao machismo, alerta aos crimes homofóbicos e transfóbicos, falta de sororidade, crítica à igreja evangélica que promove lavagem cerebral e apresenta pastores vigaristas. Os personagens masculinos no filme são na sua maioria mau caráter, abusivos, machistas, violentos e vigaristas, fazendo pouco caso da mulher. Por isso, Kelly não pensa duas vezes antes de matar. Paralleo, a policial Fabíola (Paula Cohen), que por sua vez também sofre assédio moral no trabalho por conta dos policiais e de seus chefes, está no encalço de Kelly, para prendê-la. Além de Gaby, o grande apelo e acerto do filme é escalar um elenco fora do eixo rio/SP, com elenco todo nordestino e repleto de talentos, com destaque para Igor de Araújo, no papel do impagável tempero. O filme é vendido como comédia, e lhe falta risadas, mas sobram temas para serem refletidos pelo espectador.

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