sexta-feira, 17 de abril de 2020

Sergio

"Sergio" de Greg Barker (2020) Uma cena resume bem o foco da cinebiografia do diplomata brasileiro Sergio Vieira de Mello, morto em ataque terrorista na sede da Onu em Bagdá, Iraque: Sergio (Wagner Moura) almoça com os filhos adolescentes Laurent e Darien no apartamento de sua mãe. Ambos são filhos do primeiro casamento de Sergio com a francesa Annie. A mãe de Sergio, Vera Mello, prepara uma muqueca. Quando Sergio serve para as crianças, elas fazem cara feia. Sergio: "O que foi? não gostam de camarão?". Adrien, o menor: "Pai, eu tenho alergia à camarão". Sergio:" E desde quando? . Laurent: "Desde que ele nasceu, pai." Sergio Vieira sempre deixou sua vida pessoal em 2o plano e focou na sua batalha como funcionário da ONU durante 34 anos e Alto Comissário das Nações Unidas para os Direitos Humanos desde 2002. O filme tem uma estrutura narrativa fragmentada, a partir de um recurso já bem comum: logo no início, acompanhamos o dia do atentado, 19 de agosto de 2003 . Sergio está sob os escombros, 21 mortos e muitos feridos. Enquanto agoniza e tentam salvá-lo, Sergio vai relembrando fatos de sua vida, como uma mea culpa e arrependimento por não ter aproveitado melhor sua família, amigos e a cidade do rio de Janeiro, que ele sempre amou. ( Lembram de "A última tentação de Cristo?", Willen Dafoe agonizando e revendo sua vida? O filme parte então para uma estrutura fragmentada, de momentos chave em sua vida:confronto com ditadores, seu encontro com a economista argentina da Onu Carolina Larriera ( a atriz cubana Ana de Armas, de "Entre facas e segredos". O romance entre Sergio e Carolina ocupa metade do filme, definindo-o como drama e romance. Os atores estão bem em seus papéis, e a parte técnica está deslumbrante em uma produção super caprichada. As cenas de Bagdad foram rodadas em Jordania, e as do Timor Leste na Tailândia. A fotografia e câmera de Adrian Teijido são de encher os olhos, realçando as diferenças de luz entre os 3 países. Mas confesso que eu gostaria de ter amado mais o filme. Talvez essa estrutura de memórias tenha me distanciado um pouco da biografia de Sergio. Mas depois vale rever para tirar essa impressão.

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