Aqui comento os filmes que assisto...mas sem muito saco de teorizar demais..somente comentando o básico: se gostei ou não hehehe (Comento apenas filmes vistos a partir de Outubro de 2010)
sábado, 25 de abril de 2020
São Paulo Sociedade anônima
"São Paulo Sociedade anônima", de Luís Sérgio Person (1965)
Clássico do cinema brasileiro de 1965, 'São Paulo Sociedade anônima" é o longa de estréia de Luís Sérgio Person. Uma crítica feroz à impotência do homem de classe média que busca um lugar ao sol em uma Sao Paulo dominada pela chegada de indústrias estrangeiras. O governo incentivava a industrialização no País e São Paulo é a capital aonde todos buscam uma chance de ficar rico. Carlos (Walmor Chagas) trabalha na Voskgwagen, no setor de controle de qualidade. Ao se aproximar de um fornecedor, o italiano Arturo (Otelo Zeloni), Carlos se deixa envolver com as falcatruas dele e acaba saindo da empresa e se juntando na empresa de auto-peças do italiano. Carlos vai conseguindo juntar dinheiro, ao mesmo tempo que precisa administrar uma empresa fraudulenta, onde boa parte dos empregados não são registrados. Paralelamente, Carlos se envolve com 3 mulheres: Ana (Darlene Glória), uma mulher consumista que só quer aproveitar a vida; Hilda (Ana Esmeralda), uma intelectual amante das artes que humilha Carlos por ele não ter cultura; e Luciana (Ewa Wilma), filha de burgueses com quem Carlos acaba se casando e tendo um filho. Com todas as 3, Carlos é infeliz.
O filme tem uma estrutura narrativa toda desfragmentada: ele começa pelo final, com a separação e fuga de Carlos de seu casamento com Luciana, e daí vai para o início de sua história, percorrendo 5 anos de sua vida, de 1957 a 1961. O filme tem uma fotografia em preto e branco de Ricardo Aronovich, um Mestre que fotografou "Os fuzis" de Ruy Guerra e "O Baile", de Ettore Scola. A câmera na mão e os enquadramentos são muito bem orquestrados, trazendo um preto e branco opressor de uma São Paulo repleta de solidão. O filme traz influências do cinema existencialista de Antonioni, que também fala do homem em crise consigo mesmo diante de uma imensidão de uma grande cidade. O filme tem muitas cenas antológicas, mas a que mais admiro é a da família cantando dentro do carro de férias e de repente Carlos canta "O hino da bandeira": é uma cena muito simbólica e bastante intensa.
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