quarta-feira, 15 de abril de 2020

A hora e a vez de Augusto Matraga

"A hora e a vez de Augusto Matraga", de Roberto Santos (1965) Um dos raros Filmes brasileiros que concorreu no Festival de Cannes ao prêmio principal ( em 1966), "A hora e a vez de Augusto Matraga" é adaptação de um dos 9 contos do livro escrito por Guimarães Rosa, 'Sagarana", publicado em 1946. Para dar vida ao fazendeiro violento que se entrega à religiosidade, o cineasta paulista Roberto Santos convidou Leonardo Villar, que ja havia ganho a Palma de Ouro em Cannes de melhor filme no ano de 1962, com "O Pagador de promessas". Roberto Santos se cercou de um arsenal impecável de atores e técnicos bambas: além de Leonardo Villar, temos Jofre Soares, Maurício do Valle e Maria Ribeiro. Na fotografia, Hélio Silva, fotógrafo de "Rio 40 graus", "Rio zona norte" e "O amuleto de Ogum". Na trilha sonora, a música e os acordes de violão inesquecíveis de Geraldo Vandré. E no roteiro, a adaptação feita por Gianfresco Guarnieri. A produção é de Luis Carlos Barreto e Nelson Pereira dos Santos, entre outros. Fotografado em um belíssimo e dramático preto e branco, o filme é ambientado no sertão. Augusto (Villar) é um fazendeiro cruel: maltrata a esposa, a filha e os seus capatazes. Assedia outras mulheres e ganha inimizade por ond eanda. Um dia, Augusto sofre uma emboscada e quando vai ser morto, consegue fugir. Ele é resgatado por um casal de negros modestos, que ensinam a ele a religiosidade e as palavras de Deus. Augusto se transforma e mora com o casal, a quem trata de pais, e ajudando ao próximo. Um dia, Joãosinho Bem Bem ( Jofre Soares), um assassino de aluguel e seu bando procuram um lugar para descansar. Augusto os traz para casa, os alimenta com comida. Joaozinho v6e em Augusto um homem violento, mas Augusto se mantém recluso no seu conflito interno. Até que Joãozinho o convida para fazer parte do grupo. Augusto se vê num dilema que o atordoa: ou continua seguindo as palavras de Deus, ou segue sue instinto violento e vingativo e pega as armas com Joãozinho. Toda essa história é contada num misto de filme de faroeste e um misto do cinema novo de Glauber Rocha, que usa em seus filme so mesmo conflito entre religião e Poder. A performance de Leonardo Villar, sme exagero, é das mais poderosas do cinema brasileiro: trabalhando a índole cruel com a humanidade de um religioso, Villar encontra cenas antológicas: a sua felicidade quando doma um burrico, a chuva que cai em seu rosto e claro, a primorosa sequência final na igreja. Jofre Soares também está sensacional. O embate dos dois na Igreja é uma sequência de imenso poder cinematográfico. Esse é um filme que deveria ser obrigatório a todos os estudantes assistirem e debaterem depois. O filme ganhou 4 prêmios no Festival de Brasília no ano de 1965: Filme, diretor, ator para Leonardo Villar e roteiro.

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