terça-feira, 7 de abril de 2020

Testa de ferro por acaso

"The front", de Martin Ritt (1976) Um dos grandes clássicos do cinema Americano dos anos 70, protagonizado por Woody Allen e dirigido por Martin Ritt em 1976, “Teste de ferro por acaso” precedeu as maiores obra-primas desses dois artistas: Woody Allen viria a lançar no ano seguinte “Noivo neurótico, noiva nervosa”, e 3 anos depois, Martin Ritt lançaria “Norma Rae”. Engana-se quem for assistir ao filme pensando em encontrar uma de suas comédias ácidas: o filme até tem um delicioso humor no 1o ato, mas ao longo de sua narrativa vai se tornando cada vez mais denso. É a primeira performance de Allen no drama, que está fantástico. Woody Allen sempre foi um Cineasta e artista bastante prolífico, e estrelou esse filme enquanto dirigia , escrevia e produzia “A última noite de Boris Grushenko” e logo depois, “Noivo neurótico, noiva nervosa”. O roteiro poderoso de Walter Bernstein, que foi indicado ao Oscar, retrata os tensos anos do Macarthismo nos Estados Unidos; uma caça às bruxas aos artistas considerados “vermelhos”, simpatizantes do comunismo, que durou de 1950 a 1957. Muitos técnicos e atores foram delatados por seus colegas para evitarem de ser presos. O próprio roteirista Walter Bernstein, o diretor Martin Ritt, Zero Mostel, que co-estrela o filme e veio a falecer 2 anos depois, e mais 3 atores do elenco foram presos no período. O filme se passa em 1953 em Nova York. Woody Allen é Howard Prince. Um caixa de restaurante viciado em jogos e cheio de dívidas. Alfred, um amigo roteirista, lhe procura e lhe propõe um esquema: por estar na lista negra de Hollywood, Alfred não pode vender seus roteiros, mas propõe que Howard seja um testa de ferro e venda dizendo que os roteiros sãos seus. O roteiro faz muito sucesso e logo o produtor de tv encomenda outros roteiros. Howard pega roteiros de outros roteiristas da lista negra. Mas quando se envolve com o ator Hecky Borwn (Zero Mostel) e a produtora Floence (Andrea Marcovicci), Howard se dá conta do período de terror que está vivenciando. A sequência final no tribunal é uma das grandes cenas do filme. Um show de interpretação e obviamente roteiro e direção, o filme é obrigatório para quem quiser estudar o período do Macarthismo. Um hino de Amor contra a censura e a favor da liberdade do artista.

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