quinta-feira, 9 de abril de 2020

Visões da Luz: A Arte da fotografia do cinema

“Visions of light: The art of cinematography”, de Arnold Glassman, Todd McCarthy and Stuart Samuel (1992) Extraordinário e obrigatório documentário que conta a história do cinema desde o cinema mudo até os dias de hoje através da fotografia. Através de depoimentos dos maiores fotógrafos do cinema, Sven Nykvist, Vittorio Storaro, Nestor Almendros, Michael Ballhaus, Conrad Hall, Gordon Wills, Vilmos Zsigmond, Haskell Wexler e Laszlo Kovacs, que explicam seus trabalhos e citam suas influências através da fotografia de fotógrafos dos anos de ouro de Hollywood, como  Gregg Toland, Billy Bitzer, James Wong Howe and John Alton.. O filme foi lançado em 1992, antes do advento do cinema digital, e foi financiado pelo The American Film Institute e Nhk Japan Broadcast.Todos os estudantes de cinema, Cinéfilos, Fotógrafos e diretores deveriam assistir ao filme. Ouvir os fotógrafos falando de suas relações com os diretores, seus métodos de iluminação, como resolver problemas, sua relação com as Estrelas de cinema e os produtores com baixo orçamento. No cinema mudo, as câmeras eram mais leves e permitiam movimentos de câmeras que se tornaram impossíveis de serem realizadas com a chegada do cinema sonoro e as câmeras extremamente pesadas. Demorou anos para que a câmera volta-se a se movimentar novamente. Começou a Era dos astros e estrelas. Os produtores exigiam aos cinematógrafos: “Não importa se estiver chuvendo na cena, pegando fogo, ventando: quero meu Ator sempre bonito”. Muitos astros traziam o seu fotógrafo preferido no contrato. Quando Greta Garbo faleceu, muitos fotógrafos reclamaram que não houve nenhuma menção ao fotografo que sempre a iluminou e que ajudou a criar a persona de Garbo. Marlene Dietrich exigia mais luz em seu rosto, destoando do restante do elenco que ficava menos iluminado. O filme paga um enorme tributo ao fotógrafo Gregg Tolland, que fotografou clássicos como “Como era verde o meu vale”, de John Ford, com uma ambientação documental e naturalista, e “Cidadão Kane”, onde ele e Orson Welles quebravam todas as regras cinematográficas em busca de nova linguagem. O filme e a fotografia por muito tempo virou a cartilha dos novos fotógrafos. John Alton fotografou vários filmes Noir e sempre dizia aos produtores, que temiam a escuridão de seus filmes; ‘Eu não tenho medo do escuro. Pelo contrário, faço a escuridão trazer informações para a cena”. O filme fala dos movimentos cinematográficos: Expressionismo alemão, a nouvelle vague e a liberdade da narrativa, o novo cinema americano dos anos 60, impulsionado por novos diretores que queriam filmar em externas, livres dos grandes estúdios. O filme contém depoimentos fenomenais, com fofocas de bastidores, resolução de problemas, e como os grandes fotógrafos usarem as suas técnicas. Gordon Willis relata um arrependimento que teve em “O poderoso chefão 2”: ele cita uma cena que ficou escura demais. O melhor depoimento ficou pro final e resume bem a importância do fotógrafo e o seu olhar sobre o roteiro e o projeto: “Fico muito constrangida quando os Diretores me pedem para imitar a fotografia dos outros filmes.

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