quinta-feira, 23 de abril de 2020

Otto Lara Rezende...ou Bonitinha mas ordinária

"Otto Lara Rezende...ou Bonitinha mas ordinária", de J.P. Carvalho (1963) Nelson Rodrigues escreveu a peça em 1962. Jece Valadão comprou seus direitos e adaptou 1 ano depois, produzindo na sua produtora Magnus Filmes. J.P. Carvalho, nome artístico Billie Davis, fez a adaptação cinematográfica bastante fiel ao texto original. Jece Valadão no mesmo ano viria a trabalhar em outro filme adaptado da obra de Nelson, "Boca de Ouro", dirigido por Nelson Pereira dos Santos. A adaptação de "Bonitinha"foi feita pelo próprio Jece e Jorge Döria, e as músicas, compostas por Carlos Lyra. Edgar (Valadão) trabalha em uma empresa de seguros. Ele é apaixonado pela sua vizinha, a professora Ritinha (Odete Lara), que mora com a mãe doente e outras 3 irmãs, que Ritinha cuida com bastante rigidez. Edgar é procurado por Peixoto (André Villon), seu amigo, que lhe propõe um negócio que vai deixa'-lo rico: se casar com a filha do patrão dele, Heitor (Fregolente), a ninfeta Maria Cecília (Lia Rossi). O motivo: ela foi estuprada por 3 negros e para abafar o caso, o pai quer casá-la de qualquer jeito. Edgar recebe um cheque como parte do acordo, mas entra em grande crise ética. Encabeçado por um grande elenco, que inclui Ida Gomes, Monah Delacy e Maria Gladys, como uma das irmãs, o filme aposta mais no drama, ao contrário da versão de 1981 de Braz Chediak, que ficou famosa pelas cenas altamente eróticas. O filme ainda viria a ter uma outra versão de Moacyr Góes em 2012. Apesar de ser um clássico, essa primeira versão tem altos e baixos: as cenas com Odete Lara, Jece Valadão e André Villon são as melhores, Ambrósio Fregolente, no papel de Heitor, às vezes varia sua interpretação para o caricato e para o teatral. Lia Rossi, estreando no cinema traz leveza e doçura para Maria Cecília, mas faltou uma melhor virada para a sua personagem, quando a verdade é revelada. A atriz que faz a mãe de Edgar é uma bela revelação, a cena onde ela implora ao filho o cheque é muito boa. O filme ficou com um ritmo arrastado nas cenas internas, muito por conta da fidelidade do texto e aí a teatralidade fica em voga.

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