domingo, 20 de janeiro de 2019

Paixões que alucinam

"Shock corridor", de Samuel Fuller (1963) Ouvi falar desse obscuro filme quando assisti ao Documentário de Marton Scorsese, "Uma viagem pessoal ao Cinema americano". Quando Scorsese mostrou trechos do filme, fiquei desesperado para assistir, e agora, pergunto-me como deixei passar esse clássico em branco por tanto tempo. O filme, de 1963, é um precursor da obra-prima de Milos Forman, 'Um estranho no ninho". Ambos falam de pessoas comuns que são internadas em uma Instituição psiquiátrica e sofrem as consequências de seus atos. Só que "Paixões que alucinam" foi realizado mais de 10 anos antes do filme de Forman. É um filme ousado, polêmico em vários aspectos. Ele se aproxima bastante de "A montanha dos sete abutres", de Billy Wilder, ao apresnetar a ganância de um jornalista pelos holofotes. Jonnhy é um jornalista que arma junto de sua namorada Cathy (uma stripper), seu editor-chefe do jornal e de seu amigo psiquiatra uma história fake para que ele possa sre internado na Clínica aonde houve um assassinato de um dos internos, em caso não solucionado pela polícia. Jonnhy acredita que assim, ele ganhará o cobiçado Premio Pullitzer. Só que Cathy é contra, pois acha que Jonnhy sofrerá durante a sua permanência no lugar. Jonnhy cria uma história onde Cathy é sua irmã e houve um caso de incesto. Ao ser internado, Jonnhy entrevista algumas testemunhas, na esperança de descobrir o assassino. Mas descobre também a corrupção de médicos e enfermeiros que bota em risco sua saúde mental. Um dos momentos mais polêmicos, é o de um personagem negro. Interno, ele acredita ser branco e fazer parte da Ku Klux Klan, e persegue outro interno negro, pregando a sua morte. Fico imaginando esse plot sendo realizado hoje em dia, a confusão que não seria. Acho inclusive que já seria difícil escalar um ator negro que quisesse interpretar esse personagem. Esse filme de Fuller é bastante complexo e rico em leituras. Pode ser visto também como uma alegoria da Guerra Fria e do Macartismo, duas crises politicas que trouxeram uma onda de perseguição contra cidadãos americanos. O personagem do interno Pagliacci, um homem obeso que canta árias de 'ópera, é antológico. Vale assistir e discutir depois com colegas a questão moral que o filme prega.

Nenhum comentário:

Postar um comentário