sábado, 26 de janeiro de 2019

As tranças de Maria

"As tranças de Maria", de Pedro Rovai (2003) Delicado e comovente drama baseado no poema homônimo de Cora Coralina, filmado no Município de Corumbá, Goiás. A história, ambientada em 1950, tem como protagonista Maria (Patricia França), uma jovem cabocla de longas tranças que vão até sua cintura. Ela mora com seu pai, o bronco e machista capataz Oração (José Dumont) e sua mãe Jacinta (Heloisa Millet), uma mulher submissa. Os pais querem casar Maria com o vaqueiro izié (Ilya são Paulo), tido como um bom rapaz e apaixonado pela moça. Mas Maria tem suas vontades e não aceita um casamento imposto. Questionando o papel da mulher em uma sociedade onde ela não tem voz nem vontades, Maria decide mudar o seu rumo. Ela descobre que no rio mora uma grande cobra e entende que seu destino não lhe oferece muitas opções. Lindamente fotografado por Claudio Portiolli, que enaltece as belas locações do agreste, e com uma trilha sonora melancólica que valoriza as imagens, de Guilherme Vaz, o filme traz temas muito atuais para serem discutidos: sociedade machista, busca da identidade, misticismo ( através da personagem de uma cartomante) e a obrigação das mulheres se casarem e constituírem família. O que mais surpreende, é a Direção de Pedro Rovai. Famoso por produzir clássicos da pornochanchada, como "Ainda agarro essa vizinha", "Beijo na boca""Bonitinha mas ordinária", Rovai mostra aqui muita sensibilidade e um olhar documental sobre uma cultura do interior que apresenta ao espectador costumes típicos que valorizam a Arte brasileira. A cena onde os homens carregam a cobra gigante e a cortam é muito inquietante. O elenco está em total sintonia com o tempo e os hábitos da época e da região. Que bons atores são Ilya são PAulo e José Dumont!

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