sábado, 26 de janeiro de 2019

Hiroshima- Um Musical silencioso

"Hiroshima", de Pablo Stoll (2009) Logo de cara, o filme diz ao que veio: o primeiro plano do filme, com o protagonista saindo de seu trabalho na padaria e caminhando até sua casa, sem cortes, com a câmera o seguindo por trás e absolutamente nada mais acontecendo, dura 6 minutos. Eu adoro o cinema uruguaio desse Cineasta, pois ele costuma retratar a monotonia e tédio dos seus moradores. Seus 2 filmes anteriores, co-dirigidos pelo seu amigo precocemente falecido Juan Pablo Rebella, são verdadeiros cults: 'Whisky" e "25 watts". Juan Andrés Stoll, irmão de Pablo na vida real, interpreta o protagonista, assim como o pai e outro irmão deles interpretam a si mesmos no filme. Sua vida consiste em trabalhar de noite na padaria, cuidar dos afazeres domésticos de casa, que seus pais lhe cobram e ensaiar com a banda de rock no qual ele faz parte como vocalista. Às vezes, ele ganha um trocado extra posando de modeloo nú para artistas plásticos, em uma cena hilária. Nada de muito interessante acontece no filme, e é por isso mesmo que o filme tem um charme ao apresentar a vida desencantada de um jovem. O filme trata seus personagens de forma tão absurda, que eles não têm direito a falas. No lugar, aparecem cartelas, como nos filmes mudos. As músicas são ouvidas quando os personagens colocam headphones. Pablo Stoll tem aquele olhar patético e apaixonado pelos seus personagens, muito semelhante ao finlandês Aki Kaurismaki. É um tipo de humor que eu adoro, de situações, muitas gags visuais. É um filme de um Cineasta cinéfilo para cinéfilos, brincando com gêneros musical, faroeste, comédia, romance de forma deliciosa e apaixonante. A trilha sonora, um rock indie, é uma gostosura de se ouvir. Os atores, carismáticos. Super recomendo para quem busca um filme diferente e ao mesmo tempo, que subverte narrativa tradicional.

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