domingo, 6 de fevereiro de 2022

Um elefante sentado quieto


"An elephant sitting still", de Bo Hu (2018)
Finalmente assisti a esse monumental drama de 4 horas de duração, e confesso que não havia assistido antes por pura preguiça. Mesmo com toda a mitologia em cima dele, o dramático suicídio de seu diretor e roteirista Bo Hu, aos 29 anos de idade, assim que finalizou o filme. Bo Hu não chegou a testemunhar a grande catarse que o filme proporcionou em importantes Festivais, arrebanhando dezenas de prêmios, entre eles, o Fipresci no Festival de Berlin 2018, além do prêmio de melhor filme de estréia. Esse foi o primeiro e o último filme de Bo Hu, elogiado por mestres como Bela Taar, e cujas histórias narradas em suas 4 horas se confundem com o desejo de morrer de Bo Hu, quase como uma carta testamento se despedindo de um mundo, como diz determinando personagem antes de se suicidar com um tiro, "repugnante".
O filme acontece em uma cidade do norte da China. Quatro personagens terão suas vidas entrecruzadas, e com um único desejo final: visitar o zoológico de Manzhouli, onde dizem, existe um elefante que fica ali sentado o dia inteiro, sem sair do lugar, mesmo levando porrada e pedradas. Essa é a metáfora da vida do adolescente Wei Bu, da estudante Huang, do idoso Wang Jin e do gangster Cheng. O filme se passa em um único diz, cinzento e chuvoso, com tons pastéis que intensificam a atmosfera de pessimismo, violência e mortes que acontecerão durante a narrativa. Wei Bu acidentalmente mata o irmão mais novo do gangster Cheng ao defender um colega que foi acusado de ter roubado um celular. Cheng, por sua vez, testemunhou seu colega se jogar da janela após esse flagrar o gangster no quarto com sua esposa. Wei Jin está sendo expulso de sua própria casa pelos seus filhos para ficar em um asilo de idosos. Huang esta tendo um caso com o vice-reitor da escola, e um vídeo com os dois vazou na internet.
É impressionante a apatia, a frieza, o pessimismo de absolutamente todos os personagens do filme, repleto de sub-plots. Não é de forma alguma um filme aconselhável de ser visto em dias de depressão. Mas quem assistir, verá um filme com notáveis planos-sequências, atuações intensas e ao mesmo tempo minimalistas e uma visão d emundo sem esperança.

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