domingo, 13 de fevereiro de 2022

A cidade dos abismos


“A cidade dos abismos”, de Priscyla Bettim e Renato Coelho (2021)
Com roteiro escrito por Pryscila Bettim, o longa de estréia da dupla paulista é um mergulho na grande Metrópole de São Paulo, com suas ruas decadentes da Boca do lixo. E é esse cinema que veio da Boca que os cineastas resolvem homenagear: o cinema dos anos 80 de Carlos Reinchembach, algo de Sregio Bianchi, Wilson Barros, José Antonio Garcia. E mais: o filme é dedicado ao cineasta Luiz Rosemberg Filho, um dos expoentes do cinema marginal, também homenageado. Cenas de “Limite”, de Mario Peixoto, também aparecem na tela. O filme foi rodado em película 16 mm, 35 mm e super 8, para dar textura e granulação dos filmes desse período.

O filme se passa na véspera do Natal: 2 mulheres trans, interpretadas por Veronica Valentiino e Sofia Riccardi, sobem um prédio para que lhes apliquem silicone no corpo. Depois, seguem até um bar, comandado pelo imigrante africano interpretado por Guylain Mukendi. Lá, também se encontra uma mulher, a atriz Carolina Castanho. Essas quatro personagens representam a sociedade massacrada e marginalizada de São Paulo. Mas uma delas é assassinada no bar. Os outros decidem ir em busca dos culpados.
Não é difícil descobrir os responsáveis pelo crime. Em um país onde se convive com uma sociedade transfóbica, misógina, racista, uma parte da polícia corrupta age como assassinos. O filme tem uma narrativa e
rimental, muitas vezes teatral, com os atores quebrando a quarta parede. Arrigo Barnabé, um ícone do cinema dos anos 80 de são Paulo, faz uma participação no filme, cantando em um bar.

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