sábado, 26 de fevereiro de 2022

A primeira vez do cinema brasileiro


"A primeira vez do cinema brasileiro", de Denise Godinho Costa, Bruno Graziano e Hugo Moura (2013)
Ótimo documentário brasileiro que explora o filme, equipe, o elenco e os bastidores do primeiro filme de sexo explícito do cinema brasileiro, "Coisas eróticas", lançado em plena ditadura militar do governo Figueiredo, driblou a censura e fez 4 milhões e 800 mil espectadores oficialmente, mas dizem que fez mais de 25 milhões de espectadores.
O filme começa falando da Boca do lixo, surgido no final dos anos 60 no bairro da Luz em São Paulo. A curiosidade é que essas produtoras de filmes baratos, na maioria pornochanchadas, faroeste e terror foram instaladas ali pois as grandes distribuidoras como Paramount, Columbia, etc, estavam ali. Assim, quem ia comprar os filmes das grandes multinacionais, aproveitava a carona e comprava os produtos baratos. Vários cineastas da Boca dão depoimento: Zé do caixão, Reichembac, Claudio Cunha, que diz que as pornochanchadas eram o retorno do público brasileiro às das de cinema, afugentadas por conta dos filmes do cinema novo. Quando "O império dos sentidos" foi exibido na 3a Mostra de SP, os produtores da Boca entenderam que a partir dali, as pornochanchadas estavam mortas. Rafaelle Rossi, produtor italiano que tinha a fama de não pagar ninguém, decidiu produzir e dirigir "Coisas eróticas", filmado em 2 dias e envolvendo 3 histórias independentes. E;e convidou Oasis Minitti, que se tornou o rei do explícito e atrizes que não faziam idéia de que o sexo era real.
Quando ficou pronto, ele foi enviado à Censura em Brasília, que de cara censurou e obrigou a cortaram o "2o quadro". Os produtores, se fazendo de besta, se fizeram de desentendidos e cortaram o 2o frame do filme, quando na verdade, era o 2o episódio. O filme foi liberado, para surpresa de todos. COm a derrota do Brasil na Copa pra Itália, os produtores entenderam que agora era a hora de lançar o filme, para afogar as mágoas dos brasileiros. O filme estreou no Cine Windsor e fez filas quilométricas, depois ampliada para 70 cópias. Jornalistas e críticos como André Barcinsky, Luiz Carlos Merten e Rubens Ewald Filho dão depoimentos deliciosos.

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