sábado, 31 de agosto de 2024

Between the temples

"Between the temples", de Nathan Silver (2024) A dramédia judaica "Between the temples" e co-escrita e dirigida por Nathan Silver. O filme concorreu no Festival de Berlim 2024 na mostra Panorama e na Mostra Teddy, dedicada a filmes de temática Lgbt, além de concorrer em Sundance. O filme lembra muito "Ensina-me a viver', um grande clássico de Hal Ashby, que fala sobre a dificuldade de enfrentar o luto e como uma pessoa com mais idade traz alegria e renovação à vontade de viver. Benjamin Gottlieb (Jason Schwartzman) é um homem e 40 anos que enfrenta um luto após a morte acidental de sua esposa ao escorregar no gelo. Um ano depois, Benjamin ainda não consegue superar o luto. Ele era cantor de uma sinagoga, mas abandonou tudo e foi morar com a sua mãe e a esposa dela. Durante uma ida até um bar, Benjamin se envolve uma briga e é salvo por Carla O’Connor (Carol Kane). Benjamin logo se lembra que Carla foi sua professora primária de música, uma mulher mais velha que também enfrenta o luto pela morte do marido. Nascida judia, foi criada por pais comunistas que negaram a religião. Carla decide que agora vai querer fazer seu Bar Mitzvah, e pede ajuda a Benjamin. Benjamin e Clara acabam se conectando, e Carla traz a alegria inesperada para ele, mas precisam enfrentar as mães de Benjamin, que querem casá-lo com uma mulher judia mais jovem, e do rabino, que se recusa a celebrar o bar mitzcah de Carla. Eu queria muito ter gostado do filme. Mas a narrativa traz escolhas de direção que achei bem estranhas, como o uso excessivo de zoom e de closes, e um ritmo arrastado e meio improvisado, que dão um tom indie ao projeto. Mas achei chato, apesar do excelente trabalho do elenco.

Príncipes perigosos

"Principes salvajes", de Humberto Hinojosa Ozcariz (2024) Drama mexicano que me fez lembrar bastante dos filmes de Michel Franco e Amat Escalante, cineasta mexicanos que gostam de mostrar em seus filmes o pior do ser humano, a escória, a brutalidade. O filme talvez esteja mais próximo de "Nova ordem", uma parábola hiper violenta sobre a luta de classes, empregados e empregadores. Xavier (Juan Pablo Fuentes Acevedo) é filho de um casal milionário. Acostumado com o Poder, Xavier siluma sequestro, roubo, e coloca a culpa em seus funcionários. Quando seus pais demitem o seu motorista Polo, Xavier bola com seu melhro amigo, Gerardo, uma falsa tentativa de sequestro, para extorquir dinheiro de seus pais. Junto de sua namorada, Renata, e de sua irmã, Ximena, o grupo decide viver de golpes. Mas o policial Rodrigo Alfonso Herrera) surge e procura entender o que está acontecendo. Não é fácil assistir a "príncipes perigosos". Como o título deixa claro, o filme fala sobre uma elite que por conta do dinheiro e do poder, sempre se safa e consegue dar a volta por cima em qualquer suspeita. Personagens arrogantes e odiosos, a escória da nova geração, acobertados por adultos corruptos. A vontade do espectador é desejar todo o mal do mundo para essa turma, e o filme traz a sua mensagem de forma brutal. Eu fiquei muito irritado no final, mas sabemos o mundo em que vivemos. Alfonso Herrera traz um personagem rico em camadas, que fará o seu fã clube chacoalhar quando acharem que ele faz sempre o mesmo papel.

Outcome the wolves

"Outcome the wolves", de Adam MacDonald (2024) Drama de sobrevivência canadense, "Outcome the wolves" apresenta um casal, Sophie (Missy Peregrym) e Nolan (Damon Runyon), que decidem seguir para um floresta selvagem e alugar uma cabana. Nolan é um escritor sobre culinária e quer fazer um estudo sobre a caça e o que as pessoas comem. Sophie convida um amigo, Kyle (Joris Jarsky) para acompanhá-los: ele é um caçador. Os três passam a noite na cabana e no dia seguinte, Nolan e Kyle saem para caçar,enquanto Sophie permanece na cabana. Ao caçarem um veado, os tiros e a presença do animal morto chamam a atenção de lobos selvagens, que acabam atacando Nolan. Ao invés de salvar o homem, Kyle foge e retorna para Sophie. O filme reserva alguns plot twists, mas nada de fato surpreendente. Os primeiros 50 minutos são bem arrastados, com muito falatório, e a ação só acontece mesmo com quase 1 hora de filme. Um filme que funciona para quem gosta de filmes sobre animais assassinos, mas nada diferente de diversos filmes ja feitos no gênero.

Nossos sentidos

"Nos sens", de Mickaël Weber (2024) Delicado e sensível curta sobre o amor entre dois rapazes, estudantes de uma high school na França, mas que precisam mostrar aos familiares e colegas que são heteros. Arthur (Jean-Baptiste Lamour) e Tony (Morgan Malet) são melhores amigos. Juntos, curtem baladas, mulheres, bebem, se divertem com os amigos. Arthur é dj nas festinhas da galera e nutre uma paixão platônica por Tony. Quando Tony anuncia que vai se mudar para o Canadá, Arthur decide que está na hora de contar ao amigo e ao seu pai que é gay. A história do filme já é bem batida. O que faz valer a pena assistir ao filme, é o belo trabalho dos atores , que ainda assim, me pareceu estarem bem mais velhos do que deveria aparentar os personagens. A cena inciial, na balada, é bem filmada, com ótima trilha eletrônica e um modd bacana de flerte e tensão sexual entre os amigos. O desfecho bota o filme em um tom positivo, sobre a possibilidade de auto aceitação e de mudança.

sexta-feira, 30 de agosto de 2024

A força da natureza - The dry 2

"Force of nature- The dry 2", de Robert Connolly (2024) Em 2020, foi lançado no cinema o suspense australiano "A sêca", adaptação do best seller de Jane Herper escrito em 2016. Protagonizado por Eric Bana, no papel do invetsigador policial Aaron Falk, eu amei o filme, que é bem dirigido, com excelente roteiro e com um desfecho que me deixou bem triste pela crueza da história. Agora essa continuação é a adaptação de outro livro da saga de Aaron Falk, também ambientado na Austrália, mas dessa vez sem a aridez das locações do filme anterior. Dividido entre a cidade grande, nublada, chuvosa e fria, e as montanhas, o filme me deixou com a mesma sensação de tristeza no final, por conta da crueza com que personagens encaram os seus destinos. Aaron Falk e sua colega de trabalho Carmen Cooper (Jacqueline McKenzie) são chamados para investigar o desaparecimento de uma mulher, Alice (Anna Torv), que estava fazendo uma caminhada com outras 4 mulheres que trabalham em uma grande empresa corporativa. São várias as possibilidades: a empresa estava sendo investigada por Aaron e Alice era a sua informante interna. A suspeita é de que a empresa lavava grandes somas de dinheiro. Alice, no entanto, preferiu não passar informações. A 1a hipótese, é queima de arquivo, já que a líder do grupo na caminhada, Jill, é esposa do dono da empresa. A 2a hipótese é de que um serial killer, chamado de Kovac, que age há décadas na região, seja o responsável pelo desaparecimento. A 3a hipótese é de que ela tenha se perdido , ou 4a hipótese, ela está escondida por saber de algo que ela não pode falar. O filme traz várias linhas do tempo: quando Aaaron era adolescente, mostrando o passeio que ele estava fazendo com seus pais na mesma montanha e que acabou em tragédia; e na linha do tempo mostrando o que aconteceu com as mulheres, pelo depoimentos das 4 sobreviventes. Não é tão bom quanto o primeiro filme, mas ainda assim, um filme bastante interessante, com ótimas performances e um desfecho que me deixou triste.

Cruising

"Cruising", de Valentino R. Sandoli (2020) Fantasia erótica LGBTQIAP+ espanhola, "Cruising" foi inspirado pelo roteirista e diretor VAlentino R. Sandoli após ter assistido os cults queer "Um estranho no lago", de Alain Guiraudie, e "O ornitólogo", de João Pedro Rodrigues. Rodado à beira do rio em Ávila, Castilla y León, Espanha, o filme, sem diálogos, é composto de imagens homoeróticas e experimentais de pegação entre um homem e um rapaz que está em um grupo de gays. Os corpos semi-nús, o desejo, tesão, tudo é captado com uma lente que expressa olhares, corpos molhados e excitados dos rapazes. Tem quem ache mais para uma campanha da Abercrombie ou da Calvin Klein do que um filme. Mas certamente fará a alegria do público gay.

quarta-feira, 28 de agosto de 2024

Wishes of the blue girl

'Wishes of the blue girl ", de Ryan A. Conaill (2024) Drama de terror psicológico, "Wishes of the blur girl" é uma produção de baixo orçamento co-produzido pela Austrália e Irlanda, e todo rodado em Cork City Centre, na Irlanda. O filme é bastante confuso e uma trama muito aleatória sobre uma mulher, Isabel (Niahm Anna) que vaga sozinha pela sua casa, tendo alucinações e ouvindo ruidos estranhos em casa. Na secretária eletrônica, ela escuta mensagens de sua colega de trabalho e da chefe dizendo que ela sumiu do trabalho há dias. Quando ela vaga pela rua, seu namorado, Julio, tenta se aproximar, mas ela evita. Isabel tenta entender o que se passa com ela, e até vai em busca de uma espírita. O filme é fraquíssimo, os atores bem amadores. Parece filme de amigos que decidem fazer algo juntos mas possuem pouca experiência em contar uma história. Fala sobre traumas familiares e de relacionamentos. mas o filme nunca se explica por completo. O terror não existe, o diretor até tenta trazer alguns elementos, mas nada se justifica.

Tigres fumegantes

'Smoking tigers", de So Young Shelly Yo (2023) Premiado em Tribeca com os prêmios de melhor atriz para Ji-young Yoo, no papel da protagonista Hayoung, melhor roteiro e um prêmio especial, "Tigres fumegantes" é escritoe. dirigido pela cineasta sul coreana radicada nos Estados Unidos So Young Shelly Yo. O filme se aproxima dos dramas "Vidas passadas" e "Minari", que são histórias de imigrantes sul coreanos nos Estados Unidos e a difícil adaptação ao sonho americano. Hayoung (Ji-Young Yoo) mora com sua mãe Umma (Abin Andrews) e sua irmã menor Ara em um apartamento pequeno. O pai, Appa (Jeong Jun-ho) é um vendedor de tapetes que vende seus produtos de porta em porta nas residências de famílias sul coreanas. Com os pais vivendo um relacionamento em crise, o pai mora no galpão onde estoca os tapetes. Hayoung estuda para a faculdade, mas com as notas baixas, precisa de aulas de reforço. Ela entra para as Hagwons, escolas particulares caras para descendnetes de coreanos. Ali, ela é segregada por ser de família pobre. O personagem do pai, Appa, é apaixonante, e lembra bastante o personagem do pai em "Minari": diferente da personagem materna, mais realista e pé no chão, eles são sonhadores e acreditam no sucesso. O filme traz uma melancolia constante, tanto pelo sentimento de viver sempre à margem, quanto pelo forte drama familiar de pais em desintegração.

Sex

'Sex", de Dag Johan Haugerud (2023) Excelente drama queer norueguês, "Sex" concorreu ao Teddy, dedicado a filmes de temáticas LGBTQIAP+ no Festival de Berlim 2023, além de ter ganho o prêmio de melhor filme europeu na Mostra Panorama. A premissa do filme é excelente, e renderia uma peça de teatro com 4 atores muito foda: dois homens brancos, heteros cis e de meia idade trabalham como limpadores de chaminé em Oslo. São pessoal anônimas, que nem nome de personagens possuem. Qual seria o interesse do espectador em acompanhar a rotina dessas duas pessoas em um filme de 2 horas de duração? Pois o grande acerto do roteirista e diretor Dag Johan Haugerud é falasr sobre sexualidade entre pessoas heteronormativas, mais precisamente, sobre seus impulsos que botam em pauta a sua sexualidade. Um deles, Thorbjørn Harr, diz que sonhou que estava vestido de mulher e que David Bowie surgiu e flertou com ele. Esse sonho mexeu com os desejos de ser visto e ser admirado por um outro homem. Já Jan Gunnar Røise vai além: na noite anterior, ele foi flertado por um homem mais velho que o desejou, e acabaram fazendo sexo, sendo que ele fez o papel de passivo. Mesmo com esses relatos, ambos afirmam que são heteros e que foram apenas impulsos. Ao chegarem em casa, cada um conta a sua experiência para a sua esposa. A de Jan Gunnar Røise reage mal, e ela fica querendo saber se ele vai querer fazer seox novamente com outro homem, se ele sentiu prazer, se ele olhou para o rosto do homem quando esse gozou, já que quando ela goza, ele fecha os olhos. O filme tem diálogos primorosos e encenação excepcional de todo o elenco. A direção se apropria de planos longos, fazendo o epsecador testemunhar quase que em tempo real as performances de seus atores. As imagens captadas de Oslo pela câmera e fotografia me fizeram querer conhecer imediatamente a cidade, de tão belas. E para complementar, a trilha sonora é uma delçiia, trazendo sonoridades dos anos 70, de filmes românticos cafonas e até pornochanchadas. A cena onde pai e filho vão à uma média é antológica, principalmente quando ela conta o relato de um casal de paicnetes gays arquitetos.

Harold e o lápis mágico

"Harold and the purple crayon", de Carlos Saldanha (2024) Adaptação do livro infantil criado por Crockett Johnson em 1955, "Harold e o lápis mágico" é dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, criador de "Rio", "A era do gelo" e "O touro Ferdinando". Fiquei me lembrando o tempo todo de uma animação do Pato Donald que ele é desenhado por um artista e fica o tempo todo discutindo com ele. E pasmem: me lembrei também do terror trash "Ursinho Pooh", que sai do mundo criado pelo autor para ir atrás dele, e de "Encantada", de onde o filme parte da mesma premissa. A crítica americana meteu o pau no filme e foi um fracasso de bilheteria. O filme nem é tão ruim como andam falando. A questão é que é um filme infantil, para um público de pequenos. Para os adultos, as situações e atuações podem soar muito infantis e caricatas. É um sessão da tarde para a férias da criançada. Alfred Molina interpreta Crockett Johnson. Ele desenha Harold, um jovem em suas aventuras, onde o próprio possui um lápis púrpura e desenha tudo o que quer, com sua imaginação. Um dia, a voz de Crockett desaparece. Harold decide ir atrás dele, desenhando uma porta que dá para o mundo real. Atrás dele, vão seus amigos Porco espinho e Alce. Eles acabam conhecendo Terri (Zooey Deschamel) e seu filho Mel (Benjamin Bottani). Eles tentam ajudar Harold a procurar por seu "pai", e vão até a biblioteca, pedindo ajuda de Garry, o bibliotecário. Mas ele rouba o lápis mágico com a intenção de criar o seu mundo fantástico. O filme é ok, entrete, e certamente vale assistir com a criançada miúda. Maiores de 10 anos vão achar tudo bem bobo.

terça-feira, 27 de agosto de 2024

Hostile dimensions

"Hostile dimensions", de Graham Hughes (2023) Escrito, dirigido e produzido por Graham Hughes, "Hostile dimensions" é um filme mega baixo orçamento que mistura ficção científica, terror e found footage para trazer uma história sobre portas que abrem para outras dimensões. Trazendo referências de "Atividade paranormal" e "A bruxa de Blair", o filme é tosco, ruim e mal feito, e para piorar, os atores são ruins. Mas Graham acredita bastante em sua história e a idéia inciial dele é fazer uma trilogia found footage de terror. Bom, valeu a iniciativa de produzir e realizar um filme com a infra que teve e contando com a ajuda de amihos. Pena que o resultado tenha sido bem fraco. Quando uma jovem, Emily, desaparece ao atravessar uma porta durante a gravação de um documentário, duas cineastas, as amigas Ash e Sam , decidem descobrir o que aconteceu com ela. Ao atravessar a porta, elas decsonrem que existem outras portas, que levam a dimensões distintas, como se fossem multiversos, que levam à pirâmides, baleias voadoras, gigantes amarelos e um cachoror falante. Decidem então pedir ajuda a um professor, Innis (Paddy Kondracki), e recebem a ajuda de Brian, o documentarista que estava com Emily na hora que ela sumiu.

Strange darling

"Strange darling", de JT Mollner (2023) Terror de serial killer repleto de plot twists, "Strange darling" é escrito e dirigido por JT Mollner e é uma premiada trama que traz referências ao cinema de Tarantino. O filme é dividido em 6 capítulos, e assim como em "Pulp fiction", os capítulos estão embaralhados, para confundir o espectador e tentar enganá-lo ao longo da narrativa. Logo no início, o filme traz uma cartela anunciando que o filme foi todo rodado em 35 MM, trazendo assim uma oimagem granulada e vontage, quase que uma homenagem aos filme de terror de psicopatas de Wes Craven dos anos 70. A trilha sonora traz o clássico "Love hurts", da banda Nazareth. A primeira grande surpresa vem dos bastdiores: a fotografia é do ator Giovanni Ribisi, estreando na função com grande técnica e impressionando. Na cartela inicial, é dito que um perigoso serial killer que age de 2018 a 2020 perambula por estradas americanas e é bastante perigoso. Uma mulher sem nome (Willa Fitzgerald) começa o filme sendo sufocada por um homem , interpretado por (Kyle Gallner). O filme volta e avança na trama para entenderos que a mulger está sendo caçada pelo homem e pede ajuda à uma casa habitada por um casal de idosos, interpretados por Ed Beagle Jr e Barbara Hershey. Não dá para falar mais para não estragar a trama. O roteiro procura esconder o máximo possível informações preciosas do espectador, ara garantir o plot twist. É bem dirigido, os atores são bons e a violência está garantida.

Harold e o lápis mágico

"Harold and the purple crayon", de Carlos Saldanha (2024) Adaptação do livro infantil criado por Crockett Johnson em 1955, "Harold e o lápis mágico" é dirigido pelo brasileiro Carlos Saldanha, criador de "Rio", "A era do gelo" e "O touro Ferdinando". Fiquei me lembrando o tempo todo de uma animação do Pato Donald que ele é desenhado por um artista e fica o tempo todo discutindo com ele. E pasmem: me lembrei também do terror trash "Ursinho Pooh", que sai do mundo criado pelo autor para ir atrás dele, e de "Encantada", de onde o filme parte da mesma premissa. A crítica americana meteu o pau no filme e foi um fracasso de bilheteria. O filme nem é tão ruim como andam falando. A questão é que é um filme infantil, para um público de pequenos. Para os adultos, as situações e atuações podem soar muito infantis e caricatas. É um sessão da tarde para a férias da criançada. Alfred Molina interpreta Crockett Johnson. Ele desenha Harold, um jovem em suas aventuras, onde o próprio possui um lápis púrpura e desenha tudo o que quer, com sua imaginação. Um dia, a voz de Crockett desaparece. Harold decide ir atrás dele, desenhando uma porta que dá para o mundo real. Atrás dele, vão seus amigos Porco espinho e Alce. Eles acabam conhecendo Terri (Zooey Deschamel) e seu filho Mel (Benjamin Bottani). Eles tentam ajudar Harold a procurar por seu "pai", e vão até a biblioteca, pedindo ajuda de Garry, o bibliotecário. Mas ele rouba o lápis mágico com a intenção de criar o seu mundo fantástico. O filme é ok, entrete, e certamente vale assistir com a criançada miúda. Maiores de 10 anos vão achar tudo bem bobo.

Estômago 2- O poderoso Chef

"Estômago 2- O poderoso Chef", de Marcos Jorge (2024) Lançado em 2007, 'Estômago" foi um marco do cinema brasileiro por reforçar o talento de João Miguel e por lançar ao estrelato a atriz curitibana Fabíula Nascimento, até então desconhecida do grande público. O filme provocou controvérsias pelo feminicídio do personagem de Nonato/Alecrim (Miguel), crime que o levou à prisão. Agora, 16 anos depois, Nonato continua na mesma prisão, porém, com um posto de Chef que lhe traz alguns benefícios. Ele cozinha para o diretor do presídio, para os carcereiros e para Etcetara (Paulo Miklos), o chefão do crime. Mas a chegada de um novo preso, um mafioso italiano e seus capangas, Benedetto Caroglio (Nicola Siri), abalam as estruturas do Poder do presídio. Trazendo referências cinéfilas de clássicos como "Os intocáveis", "Cães de aluguel" e claro, "O poderoso chefão", o filme transita entre o drama, acão, thriller , romance e humor ácido para apresnetar o mundo do crime, dentro e fora do presídio, no Brasil e na Itália. Até mesmo o meme de Luisa Marillac é recitado pelo mafioso:"E teve boatos que eu ainda estava na pior, se isso é tá na pior.."" O filme venceu 5 Kikitos em Gramado 2024. Mas aonde o filme conquista, é no talento do trio João Miguel? Nicola Siri e Paulo Miklos, excelentes em suas composições.

segunda-feira, 26 de agosto de 2024

Original skin

"Original skin", de Mdhamiri Á Nkemi (2023) Premiado curta LGBTQIAP+ inglês, "Original skin" mescla ficção científica, drama e romance em um mundo distópico onde as pessoas trocam de corpo durante o ato sexual. (Sorcha Groundsell) é uma jovem branca que pertence a uma comunidade onde a troca de corpo é tabu. Mas Bea quer essa experiência, e sua irmã mais velha a leva até a cidade. Bea entra em uma balada e lá conhece uma mulher negra, Olive Gray). Elas vão para a cada da mulher e fazem sexo, trocando de corpo. No dia seguinte, Bea está no corpo da mulher negra, mas não resgata o seu corpo original. Ao retornar para casa, sua família a rejeita. O filme, provocativo, fala sobre descobertas: de sua orintação sexual e sobre ser livre, estando no corpo e automaticamente, absorvendo a cultura e. ahistória de uma outra raça. O diretor Mdhamiri Á Nkemi é negro e fez do filme uma parábola sobre a negritude. O tema do filme poderia render muitas controversias, principlmente, o da apropriação cultural. Mas não é sobre isso que o filme quer falar, e sim, sobre sentir a felicidade e a alegria de ser livre.

Em chamas

"In flames", de Zarrar Kahn (2023) Concorrendo no Festival de Cannes 2023 na Mostra Camera D'or, o filme paquistanês "Em chamas" foi escrito e dirigido pelo cineasta paquistanês canadense Zarrar Kahn. O filme foi indicado pelo Paquistão à uma vaga ao Oscar de filme internacional 2024. "Em chamas" é um drama que flerta com elementos do terror psicológico. O diretor se apropria do gênero para denunciar a tradição patriarcal do país, onde as mulheres são proibidas de terem direitos à propriedade, e pasme, a contas bancárias. A jovem Mariam, seu irmão pequeno Balil e sua mãe Fariha moram em um pequeno apartamento em Karachi, Paquistão. Quando o avô materno de Mariam morre, o irmão dele surge para ajudar as mulheres na transição do dono do apartamento para seu nome, uma vez que as mulheres não podem assinar contratos. Mariam desconfia da ajuda do tio, mas sua mãe acredita nele. Mariam começa a namorar um estudante de medicina na mesma faculdade onde ela estuda, mas durante um passeio de moto, ele acaba morrendo. Desolada e sentindo-se pressionada pelo tio e por sua mãe, Mariam passa a sofrer de alucinações. Com um ritmo bem lento, o filme traz uma crítica à sociedade misógena do país. O roteiro é corajoso em fazer esse denúncia, e traz personagens masculinos dúbios, um grande acerto do roteiro que deixa o espectador em suspenso sobre a honestidade dos personagens.

Better times

"Bedre tider", de Milad Schwartz Avaz (2023) Desde o primeiro minuto dessa linda e comovente dramédia dinamarquesa, eu já sabia que eu iria chorar muito. Escrito e dirigido por Milad Schwartz Avaz, o filme fala sobre luto e morte e de que forma a perda de uma pessoa amada afeta de forma diferente cada pessoa da família. "Better times" traz também uma narrativa bastante rara nos dias de hoje: protagonistas masculinos, uma história sobre a fragilidade da masculinidade. Homens que choram, que se abraçam, que se amam. Fiquei totalmente apaixonado pelo filme. Em Copenhague, uma família não se vê há mais de cinco anos, desde a morte da esposa e mãe. Os 3 irmãos adultos, Karl (Sebastian Jessen), Lukas (Andreas Jessen) e Oskar (Ari Alexander) vivem cada um a sua vida. Oskar é o que mais sofreu com a morte da mãe, desenvolvendo ansiedade e depressão. Para ajudá-lo, Karl, o mais velho, o hospeda em sua casa, onde mora com sua esposa e seus dois filhos adolescentes. Oskar observa que Karl tem andado apalpando o peito e fica preocupado, pedindo para o irmão fazer exame médico. Quando Karl recebe uma carta cobrando as dívidas da padaria que o pai cuida em sua cidade, os irmãos procuram Lukas, que não consegue lidar com a morte e ignorou a morte da mãe, se afastando. Os 3, cada um com uma personalidade distinta, vão de carro até a cidade onde mora o pai, Vagn(Lars Brygmann). A padaria ele construiu com a falecida, e ele não quer se desfazer dela, mesmo repleta de dívidas que ele não soube administrar. Os irmãos procuram uma forma de ajudar o pai. Com um impecável trabalho dos atores, transitando nas emoções, o filme traz sentimentalismo, mas sem apelar para drama;hão. Tudo é bastante realista, natural, as situações são muito comoventes. A cena da ida do pai e dos irmãos à clínica no final me fez chorar mil litros. E que fotografia maravilhosa, trazendo imagens fantásticas de Copenhague.

domingo, 25 de agosto de 2024

Flow

"Flow", de Quentin Lee (1996) Quentin Lee é um produtor, diretor, ator e roteirista sino canadense, dono de um extenso currículo de filmes de conteúdo LGBTQIAP+. Formado em cinema pela UCLA em 1993, Lee lançou o seu primeiro longa em 1996, "Flow", que na verdade, é um compilado de 5 curtas que ele dirigiu e produziu enquanto estudante da UCLA. Restaurado digitalmente, os curtas são unidos pela narrativa de um cineasta asiático queer que conversa com um amigo sobre seus trabalhos. 1) "Hysterio Passio" - Um vírus contamina as pessoas durante as relações sexuais 2) "Matricide" - Um advogado pergunta a um jovem gay chinês por que ele matou sua mãe na manhã de Natal 3) "Key in the Heart" - Um gay cross dresser persegue vampiros gays 4) "Fall, 1990" - Dois roomates , um gay e um hetero, trocam confidências. Quando hetero rompe com a namorada, começa a nutrir interesse pelo gay Todos os filmes possuem narrativas bem distintas. Uns seguem uma atmosfera mais experimental, outros são mais clássicos. Homoerotismo, vibe anos 80, kitsch, romantismo. Tem de tudo nos filmes, que obviamente são experimentos estudantis, um artista em busca de sua voz e sua filmografia.

Tipos de gentileza

"Kinds of kindess", de Yorgos Lanthimos (2024) Já virou mais do que lugar comum chamar o cinema de Yorgos Lanthimos de bizarro, difícil, estranho, surreal. Competindo no Festival de Cannes 2024, de onde saiu com o prêmio de melhor ator para o excelente Jesse Plemons, o filme entrou em diversas listas de críticos entre os piores filmes de 2024. De fato, é o filme que menos gosto dele (e eu já vi todos, e confesso que os que mais gosto são "Dentes caninos" e "A lagosta"), mas ainda assim não acho um filme ruim. ë ousado, provocativo, e Yorgos tem um poder que poucos cineastas têm: ele faz o filme que quer, sem preocupação de agradar a ninguém. O filme é dividido em 3 histórias, 3 curtas independentes, de quase 1 hora de duração cada, totalizando 2: 45 hrs, um tour de force de paciência e de entrega do espectador. Não é fácil, é um filme chatíssimo, arrastado. Mas o que me segurou é justamente essa imprevisibilidade de cada história, de querer saber como acaba, e obviamente, o elenco: Emma Stone, Jesse Plenos, William Dafoe, Hong Chau, Margareth Qualley, que fazem parte de todas as histórias, mas em personagens diferentes. Muita gente ficou chocada com cenas de canibalismo, abuso sexual, orgias, mas não tem absolutamente nada demais para quem está acostumado a assistir ao cinema de Lanthimos ou do cinema europeu. 1) A morte de RMF- um homem vive uma relação tóxica com seu empregador, que quer que ele provoque um acidente de trˆnsito e mate o passageiro do outro carro 2) RMF está voando - Um policial fica feliz com o retorno de sua esposa para casa, após ela ser considerada morta em um naufrágio há 1 ano atrás. Mas ele desconfia que não seja ela, e para provar, pede que ela se mutile e cozinhe as partes do corpo para ele 3) RMF como um sanduíche - Uma mulher faz parte de uma seita, mas é expulsa quando faz sexo com um homem. Ela precisa encontrar uma mulher com dons de ressucitar os mortos para ser aceita novamente

A reel heist

'A reel heist", de Joe Rule (2024) Produção de baixo orçamento cadanse, rodado com 20 mil dólares, "A reel heist" traz um roteiro que traz muito da história real do diretor e roteirista Joe Rule, de 19 anos, e de seu amigo e produtor Connor Nyhan. Ambos jovens e sedentos para realizar seu primeiro longa, conseguiram apoio na cidade de Victoria, Canadá, onde existe a CineVic Society of Independent Filmmakers- uma sociedade dirigida por artistas que incentiva e apoia jovens cineastas. No filme, um grupo de jovens cinéfilos e apaixonados em fazer cinema decidem fazer um filme do jeito que conseguem fazer, sem dinheiro: filmando em lugares sem autorização. O filme pega o mote do clássico "Os panacas", com Steve Martin e Eddie Murphy, uma obra-prima da comédia sobre uma equipe de filmagem que filma nas ruas um filme sem autorização de nada. Wally e sua equipe de amigos rodam um longa independente sobre um assalto. Para finalizar o longa, falta filmar uma cena no Sanford Mall, o shopping local. O gerente do local é Warren Harper ( uma espécie de inspetor semelhante ao de "Curtindo a vida adoidado" e de "Clube dos cinco"), que vem a ser o pai da namorada de Wally, Paige, atriz principal do filme. No entanto, por um descuido, Warren flagra a equipe filmado e confisca o cartão de memória. Impossibilitados de finalizar o filme, o grupo utiliza todos osrecursos e know how sobre assalto e decidem eles mesmo resgatarem o cartão. O filme tinha tudo para ser um clássico indie no estilo de "Vicendo no abandono". Mas o filme é longo, quase 2 horas,e. acaba perdendo totalmente o ritmo, ficando chato. Além disso, as cenas de humor não são engraçadas, muito pela falta de timing de comédia da ediçào e dos próprios atores.

sábado, 24 de agosto de 2024

Out to Run: A Tale of Blood Velvet

"Out to Run: A Tale of Blood Velvet", de James Berry (2024) "Se os heteros fossem vinho, então os gays seriam um fabuloso Martini". É com essa cartela debochada que o premiado terrir indie americano "Out of run: a tale of blood velvet" começa. Escrito e dirigido por James Berry, o filme é uma homenagem queer aos filmes de vampiros. Filmado em 16 MM, conferindo uma textura granulada belíssima , com direito a um prólogo deliciosamente cafona, com música romântica e numa vibe Brian de Palma anos 80, o filme apresenta dois jovens e belos gays que se conhecem nas ruas de Los Angeles, Cole (Ryan McCartan) e Jesse (Miles Tagtmeyer). Os dois seguem para a mansão de Cole, onde fazem sexo até de noite. Mas visitantes inesperados surgem: um grupo de vampiros em busca de sangue gay. Mas não esperavam que Cass Celinksy (Briana Venskus), a lésbica caçadora de vampiros, surgisse. O filme é uma diversão para cinéfilos que gostam de uma zoeira. Eu me diverti bastante, coom uma mistura de cafonice, terror, humor ácido e alguma sacanagem.

A noite que lutei contra Deus

"La noche que luché contra Dios", de Rodrigo Fernández Engler (2024) Filme escrito e dirigido pelo cineasta argentino Rodrigo Fernández Engler, dedicado aos mortos do atentado do AMIA: Associação Mutual Israelita Argentina (AMIA). O atentado ocorreu em Buenos Aires no 18 de julho de 1994, matando 85 pessoas e ferindo centenas.Até hoje, não foram encontrados os autores do atentado. O filme ambicioso apresenta 2 histórias, em épocas distintas: a 1a, acompanha o jovem médico Benjamin Sheinberg(Tomás Kirzner). Recém formado, ele inicia sua residência no Hospital de Clínicas de Buenos Aires. Mas nesse dia, uma bomba explode na AMIA, matando 85 pessoas, entre elas, o seu amado avô. Sentindo-se culpado por não poder salvar uma das vítimas, Benjamin abandona a sua namorada e parte para Israel. Lá, ele vai encontrar um amigo de seu avô, Ruben, que lhe conta a história da formação do povo judeu, através da história de JAcó. O filme vai para o passado, e traz a conhecida história da rivalidade entre os dois filhos de Isaque e Rebeca, Jacó e Esaú. Jacó acabou tendo 12 filhos, que se tornaram os líderes das 12 tribos de Israel. Deus prometeu a Jacó que a descendência de Jacó se tornaria uma grande nação.

Longlegs- Vínculo mortal

"Longlegs", de Osgood Perkins (2024) Um filme extraordinário, "Longlegs" é um exercício espetacular de atmosfera, fotografia ( de Andres Arochi) e de câmera, utilizando grandes angulares. Mas o filme também brilha na trilha sonora, na montagem e na mixagem de som. E é importante frizar, que muito de "O iluminado" está presente na obra: tanto o uso das cartelas finais, com créditos que descem, além da divisão do filme em capítulos, os ruídos de cordas estridentes e o elemento sobrenatural. O roteirista e cineasta Osgood Perkins já havia realizado um cult que é quase que um embrião de "Longlegs", o pouco visto "A enviada do mal", que tem uma atmosfera bem semelhante. Osgood é filho de Anthony Perkins, celebrizado como Norman Bates em "Psicose", e isso explica muito da figura andrógina e bizarramente estranha de Nicolas Cage, escondido sobre próteses e maquiagem de base branca. O filme tem um prólogo fantástico ambientado em 1970, e corta para 1990, antes d ainternet e celulares; Maika Monroe ( de "it follows", que também é uma referência nos zooms e travellings lentos) é a agente do FBI Lee Harker, que junto do seu chefe Carter (Blair Underwood), estão tentando desvendar casos de massacre em famílias: o pai mata esposa e filha de 9 anos, nascida no dia 14 de algum mês. Não dá para falar muito do filme, pois qualquer informação pode ser considerada spoiler. As performances seguem aquela linha melancólica, fria e apática que já vimos em "O iluminado", apresentando um mundo sombrio e pouco humano. Um prato cheio para "Longlegs".

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

The girl who cried her eyes out

"The girl who cried her eyes out", de Eugene John Bellida (2024) Terror indie americano, "the girl who cried her eyes out" parte de uma premissa muito batida e desenvolve uma história de um espírito vingativo que lembra bastante a samara, a entidade japonesa de "O grito". Provavelmente os produtores quiserem fazer uma referência aos filmes de terror dos anos 90, mas aonde o filme fica devendo e muito é nas mortes. Absolutamente, em nenhuma morte vemos a pessoa ser morta. Sempre cortam de uma cena pra outra e ficamos sabendo que a pessoa morreu. Uma doidiera, por mais baixo orçamento que seja, sempre tem um jeito de agradar os fãs do gênero, e aqui não rolou. Um grupo de jovens amigos decidem ir até a floresta passar a noite em volta de uma fogueira. Uma das meninas, Selene (Aleis Work), que é uma bruxa, conta a lenda de Caroline Woodman (Hallie Ruth Jacobs), uma garotinha que vaga pela floresta em busca de pessoas para matá-las. Selene vagou pela floresta após um desafio de amigos de uma vila, e sentindo-se sozinha, chorou até que seus olhos saísse. O grupo desafia Maddie (Mari Blake) a vagar sozinha pela floresta. Chateada, ela vai, até que se depara com uma garota. Assustada, ela retorna pro grupo, que não acredita nela. Voltando para sua rotina, no entanto, um a um vai vendo o espírito da menina, e vai morrendo. Sem graça, o filme não assusta, pior ainda, sem cenas de morte. O desfecho é super óbvio.

O corvo

"The crow", de Rupert Sanders (2024) Remake do cult de 1994 dirigido por Alex Proyas e eternamente lembrado como o filme onde o ator Brandon Lee morreu durante as filmagens por conta de um projétil que estava dentro de uma arma. Engraçado que li uma entrevista com o diretor dessa nova versão, Rupert Sanders, dizendo que impediu o uso de armas no filme para não remeter ao caso de Brandon lee, mas o filme é cheio de cena de Eric, personagem de Bill Saasgard, levando tiro. Fiquei na dúvida se eram armas em 3D. Adaptado da série de quadrinhos de 1989 de James O'Barr, o filme apresenta Eric, um rapaz que vive em uma instituição juvenil para jovens delinquentes. ALi, ele conhece Shelly (FKA Twigs), que também se encontra lá, mas na verdade, se escondendo de Vincent (Danny Houston), um poderoso do crime que está atrás dela por conta de um vídeo em suas mãos que o incrimina. Quando Marian, braço direito de Vincente chega ao local, ambos fogem. Eric e Shelly se apaixonam, até que os capangas encontram os dois e os matam. Eric ressuscita e conhece Kronos, um guia espiritual, que explica que ele terá que matar Vincent em troca de trazer Shelly de volta. Auxiliado por um corvo, Eric retorna ao mundo dos vivos em busca de vingança. O que o filme original tinha de interessante, era um universo gótico cm fundo sonoro de rock. Aqui, não tem a mesma atmosfera. As cenas de luta são boas, em especial, uma violenta cena usando espada, com direito a olho furado. Bill Saasgard é ótimo ator e infelizmente, ainda não encontrou um filme de ação que o coloque entre os grandes artistas carismáticos que merecem uma franquia própria. O filme até sugere uma continuaçao, mas a crítica e o público colocou tanto hate, que dificilmente isso acontecerá.

Motel destino

"Motel destino", de Karim Ainouz (2024) Em 1934, o escritor americano James M. Cain escreveu o romance "The postman always rings twice", que foi adaptada inúmeras vezes para o cinema: em 1943 Visconti filmou "Obsessão", em 1946, "O destino bate à sua porta", que teve a versão mais famosa de 1980, com Jessica Lange e Jack Nicholson, também chamada de "O Destino bate à sua porta". Curiosamente, o filme co-escrito por Karim Ainouz também tem "Destino" no nome, e também fala sobre um estranho que surge no estabelecimento comandado por um casal, e logo, traições, mentiras e desejo de assassinato se fazem presente no triângulo amoroso. Conorrendo no Festival de Cannes 2024, e filme de abertura do Festival de Gramado, o filme traz um jogo erótico embalado em uma narrativa de filme noir com toques de policial, suspense e thriller. Heraldo (Iago Xavier) é um jovem que trabalha para a traficante local de sua cidade. Ele quer ir para SP e abandonar a vida bandida, mas precisa fazer uma última missão. Ao sair com uma mulher para um Motel, ele é roubado por ela e Heraldo, com medo de ser morto pela traficante e seus capangas se esconde no motel. Os donos, Elias (Fabio Assunção) e Dayana (Nataly Rocha) aceitam que Heraldo trabalhe como faz tudo ali dentro. Mas logo o desejo falará mais alto e fará com que Elias tome uma atitude mais violenta. O que o filme tem de mais espetacular, é a fotografia de Hélène Louvart, repleta de neons e filtros e gelatinas anos 80, e a trilha composta por Amin Bouhafa e Benedikt Schiefer. O trio de atores também está ótimo, com destaque para Nataly Rocha, que me lembrou o estilo de Maeve Jenkings, mas tem luz e energia próprias.

quinta-feira, 22 de agosto de 2024

Pisque duas vezes

"Blink twice", de Zoë Kravitz (2024) Comparado por muitos críticos ao "Corra!", de Jordan Peele, "Pisque duas vezes" é a estreía da atriz Zoe Kravtiz na direção. Com roteiro co-escrito por ela e E.T. Feigenbaum, o filme é um fruto do movimento "Metoo", e sim, os homens..ah os homens brancos, heteros, cis....valem nada. O filme é uma mistura de gêneros: drama, humor ácido, suspense, ação, thriller, terminando num grande gore e chacina. Me fez lembrar muito do filme "Bela vingança", de Emerald Fennell, com Carey Mullighan, naquele tom. Frida (Naomi Ackie) e sua amiga Jess (Alia Shawkat) trabalham como garçonete em um mega evento do bilionário da tecnologia Slater King (Channing Tatum). Ele as convida para um fim de semana em sua ilha particular, junto dos amigos dele e com outras garotas. Coisas estranhas começama. acontecer na ilha, e Frida precisa descobrir um jeito de fugir de lá. Christian Slater, Haley Joel Osment, Simon Rex, Kyle MacLachlan são alguns dos atores que participam da produção. O filme ainda cita "O iluminado", com uma idosa indígena murmurando "red room". Totalmente rodado no México, o filme te bela fotografia, para emular o tom paradisíaco que o filme pede.

quarta-feira, 21 de agosto de 2024

Cidade das almas perdidas

"Stadt der verlorenen Seelen", de Rosa Von Praunheim (1983) Fantasia musical anárquica de Rosa Von Praunheim, um dos cineastas queer mais ativistas da cena lgbt alemã. O filme é um clássico cult que foi referência para muitos filmes, entre eles, "Hedwig and the angry inch". Filmado ainda na época histórica da Alemanha dividida, o filme é uma produção da Alemanha ocidental e é um misteo de ficção e documental ao retratar imigrantes americanos que decidiram abandonar a América conservadora de Ronald Reagan para se aventurar em Berlim. Entre eles, as trans Jayne County e Angie Stardust. Juntas, elas montam uma equipe de lésbicas, gays e um casal de trapezistas eróticos bissexuais e montam a lanchonete "Hamburguer Konnig", um antro trash e decadente que também serve como pensão, abrigando todo mundo que trabalha na lanchonete. Baladas, drogas, sexo, orgia, magia negra, bondage e muita cena musical punk rock fazem parte dessa narrativa que abrange um painel cultural e de comportamento da Alemanha dos anos 80. Assim como Paul Morrison e Andy Warhol retrataram o universo queer underground dos anos 60 de NY, Praunheim documenta esse mesmo universo nos anos 70 e 80 em seus filmes.

La pursé

"La pursé", de Gabriel Nobrega e Lucas René (2023) “La Pursé” é um curta-metragem de horror e fantasia dirigido por Gabriel Nóbrega e Lucas René, produzido pela produtora paulista Vetor Zero. O filme circulou pro diversos festivais brasileiros e internacionais importantes, como Palm Spring, Sitges, entre outros. Lidando com bonecos articulados e uma sofisticada tecnologia em 3D, "La pursé" é um excelente filme que une romance, drama, fantasia e horror, quase um filme de Tim Burton com seus personagens bizarros e exóticos e situações idem. Seu Bidú é um idoso taxidermista. Ele mora em uma casa e é solitário. Na casa do lado, mora a igualmente idosa e solitária Dona Amélia. Ela é dona de um gato que vive faminto, pois Amélia, com catarata e demência, esquece de colocar comida pro animal. Bidú é apaixonado por Amélia, mas ela sempre o ignora. Quando o gato morre acidentalmente, Bidú faz do coruo e pele do animal uma bolsa e presenteia Amélia. Mas a bolsa cria vida e passa a devorar a idosa. Sem diálogos, quase no estilo narrativa do prólogo de "Up, altas aventuras", o filme traz ótima fotografia, direção de arte e uma atmosfera sombria e romântica ao mesmo tempo.

Xie xie Ollie

'Xie xie Ollie", de James Michael Chiang (2023) Fiquei apaixonado por esse drama canadense, que me remeteu aos filmes 'A despedida" e "Retorno à Seul": são filmes que falam sobre um protagonista deslocado culturalmente. Concorrendo no Festival de Toronto 2023, o filme tem como protagonista Ollie (Oliver Chiang). Ele é mestiço: metade chinês, metade canadense, nascido no Canadá. Ollie se vê dividido entre a cobrança da comunidade chinese e seus familiares asiáticos, e seus amigos ocidentais, que repdozuem nele todos os clichês de racismo amarelo. Ollie se inscreve em um curso de mandarim para poder, na festa de aniversário de sua avó, fazer uma declaração em chinês para ela. Delicado, com sutis toques de humor, o filme é muito bem conduzido pelo roteirista e diretor James Michael Chiang, que baseia a sua história em sua própria vivência.

O irmão mais esperto de Sherlock Holmes

"The Adventure of Sherlock Holmes' Smarter Brother", de Gene Wilder (1975) Após o estrondoso sucesso de "O jovem Frankestein", de 1974, dirigido por Mel Brooks e com quem dividiu a indicação ao Oscar de melhor roteiro, Gene Wilder estréia como diretor exatamente 1 ano depois. Ele escreve o roteiro, dirige e protagoniza uma comédia maluca com toques de romance, musical, ação e aventura, representando o irmão mais jovem de Sherlock Holmes. O ano é 1981, Londres. Um importante documento que pode deflagrar um grande conflito diplomático internacional é roubado da mansão do secretário de Relações Exteriores da Inglaterra. Sherlock Holmes é designado para investigar o caso, mas decide repassá-lo para seu irmão mais novo, Singerson Holmes (Wilder), que vive à sombra do famoso irmão. Um escriturário da Scotland Yard, Orville Sacker (Marty Feldman), se une a Singerson. Uma mulher, Bessie Bellwood (Madeline Khan) procura por SIngerson e diz ser filha do diplomata e está sendo ameaçada de chantagem. Ela é uma cantora lírica de uma ópera e está para se casar com o seu parceiro de cena, Gambetti (Dom de Louise). Gene Wilder se sai bem na estréia da direção. É evidente o qaunto ele busca capturar o tipo de humor anárquivo, físico e pastelão dos filmes de Mel Brooks, inclusive escalando parte da trupe, como os geniais Madeleine Khan e Marty Feldman. As piadas nem sempre funcionam, mas ainda assim, reserva algumas cenas antológicas e birutas, como a de Wilder, Khan e Feldman dançando e cantando "KAngorro Hoop", imitando passos de canguru. Só isso já vale o filme.

Maurice's bar

"Maurice's bar", de Tzor Edery e Tom Prezman (2023) Co-produzido por Israel e França, "Maurice's bar" venceu um prêmio especial no Festival Annecy em 2023. O filme é uma animação lindíssima com traços artísticos que narram a história real de Moisee "Maurice" Zekri, nascido na Algéria em 1879, viveu em Paris e morreu em Auschwitz em 1942. Dono do 2o bar queer de Paris, o filme traça um trágico relato sobre ser duplamente pária pela ótica dos nazistas: ser gay e judeu. O filem começa em Paris, 1909, apresentando o bar MAurice, seus frequentadores queer e a invasão do bar pela polícia alemã, que bate violentamente em todos, inlcuindo uso de cães. Depois, em 1942, Maurice é preso e levado de trem até Auschwitz. O filme é todo narrado em off por uma das amigas drag queens de Maurice, em tom melancólico.

terça-feira, 20 de agosto de 2024

Coup!

"Coup!", de Joseph Schuman e Austin Stark (2023) Ótimo drama com toques de suspense, estranhamente vendido pelos produtores como comédia. O filme pode até ser visto como uma sátira sobre luta de classes, mas o tom denso prevalece mais na narrativa. O filme faz um paralelo entre a pandemia da Covid de 2020 com a Gripo espanhola de 1918, que provocou igualmente um lockdown nos Estados Unidos. Ambientado em 1918, o filme apresenta Jay (Peter Sasgard), um homem misterioso que assume a identidade de um homem morto, Floyd, e vai trabalhar como cozinheiro para JC Horton (Billy Magnussen) e sua família em uma ilha deserta. Horton é jornalista e escreve matérias inflamadas no jornal, pedindo para o Governo americano fechar todos os estabelecimentos dos Estados Unidos para evitar a proliferação do vírus, alegando estar na frente de batalha entre o proletariado. Mas isso é uma farsa: Horton está em uma mansão repleto de empregados e de luxo. Quando Floyd chega, aos poucos, ele vai provocando uma rebelião entre os empregados, fazendo-os se tornar anárquicos e passarem a exigir direitos trabalhistas. Floyd também provoca Horton, colocando a família dele contra o jornalista. O elenco está excelente: Peter Sasgard e Billy Magnussen estão incríveis, em um embate de interpretação magnifico. O roteiro também apresenta bons diálogos, e ambientado em uma única locação, certamente poderia render uma boa peça de teatro.

A viúva Cliquot - A mulher que formou um império

'Widow Clicquot", de Thomas Napper (2023) Adaptado do livro baseado no livro "The Widow Clicquot", de Tilar J. Mazzeo, o filme é uma cinebiografia de Barbe-Nicole Ponsardin, a primeira empresária no ramo do vinho, que se tornou viúva aos 27 anos de idade, após a morte prematura de seu marido François Clicquot (Tom Sturridge), dono de um enorme vinhedo. Barbe lutou contra as convenções patriarcais e machistas da época, século XVIII, que não admitia que uma mulher gerenciasse os negócios do marido, que deixou tudo para ela em testamento. O pai de François tenta dissuadi-la para que venda as terras, ao que ela nega. Junto do comerciante de vinho Louis Bohne (Sam Riley), Barbe procura estudar a fermentação e ter um plano de vendas. Mas somente a sua obstinação poderá fazer com que ela tenha sucesso. Hoje, com 250 anos de história, a marca Veuve Clicquot é uma das mais reconhecidas e premiadas do setor. Filmado nas belas locações de Château de Béru, Yonne, na França, belamente fotografado por Caroline Champetier, o filme curiosamente é uma produção americana, dirigido por um cineasta britânico e protagonizado por uma atriz americana. É estranho ver uma história tão francesa com atores americanos e ingleses, mas os atores são muito competentes, então meio que o espectador deixa essa questão de lado. Entrecortado por flashbacks, o filme tem um ritmo arrastado. A direção de arte e figurino são o ponto alto e a trama seduz o espectador pela luta e força de uma mulher à frente de seu tempo.

Zanox

"Zanox", de Gábor Benö Baranyi (2022) Um divertido e curioso filme húngaro, "Zanox" mistura drama, suspense, comédia e uma trama bastante bizarra que traz o loop temporal, recurso já batido de "Feitiço do tempo". Misi (Elõd Bálint) é um jovem apático. Ele mora com sua avó e não consegue se socializar com ninguém na escola. Ele se oferece como cobaia de um médico, Dr Karotur (András Hatházi) e toma um rmédio experimental para curar ansiedade e pânico. Quando a colega de escola Janka (Lili Erdos) o convida para a festa da galera, ele não vai. De noite, ele decide ligar para ela e vai à festa, mas no trajeto, Janka é assassinada por um serial killer. Ao saber da notícia, Misi entra em pânico e de repente, percebe que voltou ao tempo, no dia do assassinato. Ele procura evitar a morte de Janka, mas ao alterar o fato, outra pessoa é assassinada. Misi acorda novamente no mesmo dia e assim sucessivamente, vai tentando decsobrir a autoria do criminoso e parar de vez com o crime. Buscando uma narrativa semelhante a "A morte deu parabéns", mesclando humor e suspense, ""Zanox" vale a pena ser visto, até por ser um tipo de filme raro na filmografia húngara. Um filme de apelo popular e voltado para um público mais jovem. Tem umas ótimas cenas d ehunor, entre elas, quando Misi e Janka transam e a polícia vai procurá-los e ele se esconde debbaixo da cama.

segunda-feira, 19 de agosto de 2024

Daaaaaalí!

"Daaaaaalí!", de Quentin Dupieux (2024) Exibido no Festival de Veneza fora de competição, "Daaaaaalí!" é um filme escrito e dirigido pelo francês Quentin Dupieux. Eu particularmente tenho questões com os seus filmes, raramente consigo me conectar aos filmes. E isso desde o seu 1o filme, "Rubber!", sobre um pneu assassino, considerado um clássico mas que eu não gosto nada nada. Depois vieram outros, envolvendo moscas gigantes, super heróis decadentes, e todo tipo de bizarrices. Em 'Daaaaalí" Dupieux talvez faça o seu filme mais divertido e anárquico, até porquê fazer um filme tendo Salvador Ali como protagonista permite uma bagunça narrativa. O que mais gostei, de fato, é da trilha sonora, composta por Thomas Baltager, um dos integrantes da dupla de Disco synth pop Daft Punk. Ele compôs uma trilha toda construída por cítara, e traz uma atmosfera bem divertida. Dali é interpretado por 5 diferentes atores, e segundo Dupieux, "A personalidade de Dali é complexa demais para um único ator.". Pio Marmai, Gilles Lellouch, Jonathan Cohen, Edouard Baer e Didier Flamand interpretam o artista, às vezes na mesma cena, variando entre planos. O filme começa com a jovem jornalista frances Judith Rocahdn (Anaïs Demoustier), que se apresenta como ex-farmnacêutica mas que decidiu se aventurar nas matérias jornalísticas. Ela marca uma entrevista com Dalí em um quarto do hotel, mas ele se recusa a dar a entrevista ao obervsar que não existe uma câmera filmando. Judith consegue convencer um produtor (Romain Duris) a financiar um documentário e assim, poder entrevistar Dali com câmera. É difícil tentar descrever o filme em poucas palavras. Um pouco trazendo a sua verve criativa, ao pintar um de seus quadros famosos, sendo severo com os modelos, ou sua relação com sua esposa Gala, ou Dali se vendo mais velho, numa projeção do futuro. Dupieux se diverte criando uma ficção sobre uma entrevista que nunca aconteceu. A cena no entanto que eu mais gostei, é a 1a aparição de DAli no corredor do hotel. Em um tempo falso e em loop temporal, Dali caminha interminavalmente peo corerdor, até finalmente poder chegar na jornalista.

Remembering Gene Wilder

"Remembering Gene Wilder, de Ron Frank (2023) Filme obrigatório para fãs de Gene Wilder e para fãs de comédia e do estilo inconfundível de humor que Wilder fazia. Mestre das pausas, dos rompantes, Wilder nasceu em 1933 e faleceu em 2016, aos 83 anos, de complicações de Alzheimer. A sua vida pessoal foi palco para muitas tragédias pessoais: sua mãe faleceu de câncer, sua esposa, a atriz Gilda Radner, falecer de câncer e ele veio a falecer de alzheimer. O filme traz todas as informações que os fãs já conhecem, como o seu encontro com Mel Brooks, a sua 1a aparição no cinema em "Bonnie e Clyde- Uma rajada de balas", o personagem inesquecível de Willy Wonka em "A fantástica fábrica de chocolates", a sua parceria com Zero Mostrel, com quem fez "Promavera para Hitler". Depois, fez várias parcerias com Richard Pryor, depois de clássicos com brooks, como "BAnzé no oeste", "O jovem Frankestein". Nos anos 90, os seus filmes não faziam mais sucesso. Em seus últimos anos, de dedicou à pintura e à escrita de romances. Sempre vale rever cenas clássicas de seus filmes e ouvir depoimentos de atores, diretores e produtores que trabalharam com ele. Como o mesmo diz, 'I'm not an actor, but a Reactor".

Consumed

"Consumed", de Mitchell Altieri (2024) Eco-terror indie americano, é mais um filme de gênero que se apropria do terror para falar de luto, morte, masculinidade tóxica e crise em relacionamento. Um casal na faixa dos 30 anos, Beth (Courtney Halverson) e Jay (Mark Famiglietti) passam o final de semana acampando na floresta isolada. Beth está comemorando a remissão de um câncer, e ainda debilitada, precisa desse tempo ccom a natureza para poder se reconectar consigo mesma e sua saúde, além do relacionamento com Jay. Ela se incomoda com o excesso de zelo do namorado. Durante a noite, acampados, eles escutam sons estranhos na floresta. No dia seguinte, fugindo de algo que acreditam estar perseguindo os dois, Jay se machuca bastante ao enfiar o pé em uma armadilha para ursos. Desesperada, Beth sai para procurar ajuda, mas é localizada por um estranho caçador, (Devon Sawa), que diz estar caçando o Wendigo, um ser misterioso que vaga pela floresta e que matou sua filha. O caçador quer se vingar da criatura, que ele diz, caça vítimas que estão com alguma doença terminal. Filme entediante, com umas cenas de pesadelo mal iluminadas e desnecessárias. Tivessem focado em um suspens epsicológico, sem a criatura, teria sido mais efetivo.

domingo, 18 de agosto de 2024

Falena

"Falena", de Nancy Pettinicchio (2022) Concorrendo no Fetsival de Clermond Ferrant, "Falena" é escrito e dirigido pela cineasta queer canadense Nancy Pettinicchio. O filme, belamente fotografado por Alexandre Nour Desjardins, apresenta um filme bastante intimista e introspectiva sobre despedida: Leila (Nahéma Ricci, alter ego da diretora) está fazendo as malas e seus pertences. EM poucos dias, ela irá se mudar do interior para a capital Montreal. Ela passa seus últimos dias com sua amiga Cassy (Chanel Mings), que o filme deixa ambíguo o quanto estão dividindo intimidade. Um dia, ao passar por um brechó em uma garagem, ela conhece a dona, uma mulher mais velha, Annette (Nathalie Gascon), que assim como Leila, tem a fotografia como Hobby. Leila encontra uma foto de Annette mais jovem nua e a compra. O filme traz muitas camadas, todas nas entrelinhas: a despedida, o ciúme de Cassy ao perceber que Leila passa mais tempo com Annette, o sentimento de perda, o amadurecimento, a busca de uma nova etapa da vida e também, o envelhecimento. Um filme melancólico, retratado com sobriedade e beleza pela direção da cineasta. O plano final, através do porta malas, da rua onde Leila mora, se esvaindo, é uma bela metáfora sobre a partida e a memória que fica.

Skincare

"Skincare", de Austin Peters (2024) Todo mundo sonha em eliminar a concorrência. Só que alguns, levam esse desejo assassino ao pé da letra. BAseado livremente em uma história real ocorrida em Hollywood, no mundo dos cosméticos, 'Skincare" tem a atriz Elisabeth BAnks como a protagonista Hope Goldman. Ela é inspirada em Dawn DaLuise , esteticista das grandes estrelas, absolvida de envolvimento em uma trama de assassinato em 2014. Hope Goldman, está prestes a lançar sua própria linha de cuidados com a pele. Hope tem uma longa lista de clientes, entre eles, estrelas de Hollywood. Mas quando um rival, Angel Vergara (Luis Gerardo Méndez), abre sua loja em frente a de Hope, é guerra declarada. Hope começa a ser chantageada, e junto de seu amigo Jordan (Lewis Pullman), procuram decsobrir queme stá por trás das tentativas de cancelamento, recaindo a suspeita sobre Angel. O filme tem tons de humor ácido e suspense. ë o longa de estréia do diretor de video clipes Austin Peters. O que mais gostei foi da ambientação cafona de uma Hollywood decadente, e da presença de MJ Rodriguez, a Blanca de "Pose". Ela interpreta a assistente de Hope. O filme é ok, nada demais, mas para quem gosta de fuxicos e confusão, é uma boa pedida.

sábado, 17 de agosto de 2024

John

"John", de Le Han (2023) Excelente drama independente LGBTQIAP+, "John" remete a clássicos indies como "Tangerine", de Sean Baker, e "Kids", de Larry Clark. São exemplos de filmes crus, realistas e apresentando figuras marginalizadas da sociedade envolvidas com drogas, sexo, prostituição em uma grande metrópole. Escrito e dirigido pelo cineasta vietnamita Le Han, radicado em Los Angeles, o filme foi todo rodado com um Iphone. Filmado na parte decadente de Los Angeles, West Hollywood, o filme retrata de forma bastante pessimista a rotina de jovens garotos de programa que fazem michê nas ruas, tendo clientes violentos, depressivos e homofóbicos de idades variadas. Não esperem romantização na vida desses garotos: é só pedrada. John (Sebastián Pérez) é um rapaz latino de 18 anos. Ele é um sem teto e sobrevive fazendo michê nas ruas. Constantemente, ele apanha de seguranças das ruas, de seus clientes que o maltratam. Sua única amiga é Peaches (Céline Jackson), uma jovem mulher trans negra que também faz michê. Para tentar aumentar a clientela, John procura o gigolô e michê Michael (Seth Hafley), que fotografa John para postar em sites. O filme apresenta os garotos da forma mais marginal possível: eles roubam, enganam clientes, se drogam e alguns convivem com HIV e continuam fazendo programas. É uma narrativa quase documental, muito depressiva. A excelência do trabalho do jovem elenco, que inclui um grupo de garotos de programa reais, fazem o filme se tornar ainda mais melancólico e perverso na sua triste realidade: são michês de rua, sem glamour, sem luxo, apenas tentando sobreviver. Uma salva de palmas para a atriz Celine JAckson, brilhante em sua performances extremamente carismática e efusiva. Algumas cenas envolvendo clientes mais velhos e John são de dor a alma, tamanha a tristeza. Uma aula de como fazer cinema independente e autoral sem orçamento.

I am Celine Dion

'I am Celine Dion", de Irene Taylor (2024) Celine Dion fez uma revelação em dezembro de 2022 que chocou o mundo do entretenimento: ela anunciou que havia sido diagnosticada com síndrome de pessoa rígida, um distúrbio neurológico que provoca espasmos nos músculos, uma dopença raca que acomete 2 pessoas em cada 1 milhão. Celine sofre dores horríveis e não tem controle sobre a sua voz. Dirigido por Irene Taylor, diretora indicada ao Oscar em 2009 pelo curta documentário "A última polegada", "I am Celine Dion" obviamnete atende todos os desejos que um fã poderia ter. Tem um stlist em apresentações ao vivo de seus grandes clássicos; traz imagens de arquivo desde que era era criança, nascida em Charlemagen, Quebec, e tendo a companhia de seus pais músicos e 13 irmãos. Celine faz questão de dizer que nasceram pobres, quase sem comida em casa, e o duro que os pais tiveram que dar para manter a família, abdicando de seus sonhos. O filme traz fragmentos da vida e da carreira artística de Celine, desde a rotina com seus filhos gêmeos de 13 anos e o filho mais velho, de 23 anos, na mansão em las Vegas, até a rotina de tomar os remédios, a terapia. Se emociona quando fala do ex-marido René, falecido. Tem um momento divertido, quando ela canta a música tema de "Deadpool 2", ao lado de Ryan Reynolds caracterizado. E finaliza com Celine emocionada, desejando poder voltar a cantar.

Um jovem xamã

"Ser ser salhi", de Lkhagvadulam Purev-Ochir (2023) Indicado ao Oscar de filme estrangeiro pela Mongólia em 2024, "Um jovem xamã" ganhou o prêmio de melhor ator no Festival de Veneza na Mostra Orizontti para o jovem Tergel Bold-Erdene, ator estreante no papel principal. O filme é uma co-produção do Catar, Alemanha, Holanda, Portugal, Mongólia e França. Ambientado em Ulaanbaatar, a cidade do vento, na Mongólia, o filme traz o protagonista Ze, um jovem de 17 anos dividido entre uma cultura ancestral e a modernidade da cidade grande. Morando nas montanhas, Ze carrega em sia. ancestralidade de sua família, sendo treinado para ser o Xamã do vilarejo. Sua família ganha dinheiro com as consultas que o Xamã faz, dando conselhos espirituais. Ze estuda na metrópole: os estudantes da turma são o oposto de Ze: vivem no celular, consomem pornografia e são rebeldes. Um dia, uma mulher leva a sua filha adolescente Marla, que irá fazer uma cirurgia de coração e implora ao xamã que ela não morra. A jovem diz para ze que ele é um vigarista e que não acredita nele. Essa situação chamará a atençào do rapaz: ele acaba se apaixonando por Marla: ambos namoram, fazem sexo e ela o leva para conhecer as baladas, dança eletrônica e tudo o que ela deseja fazer antes da cirurgia arriscada. Por sua vez, a família de Ze e a professora da escola reconhecem que o rapaz não é mais o mesmo. Lindamente fotografado, impressiona que seja o filme de estréia do diretor Lkhagvadulam Purev-Ochir , por conta da segurança com que filma, dos detalhes e sutileza da história e do ótimo trabalho de direção de elenco.

sexta-feira, 16 de agosto de 2024

Anu

"Anu", de Pulkit Arora (2023) Co-produção Nova Zelândia e Índia, o premiado curta "Anu" remete aos duros e aterrorizantes ano do lockdown em 2020. Baseado em experi6encias reais do próprio roteirista e diretor indiano Pulkit Arora, radicado na Nova Zelândia, o filme acompanha a protagonista Anu (Prabha Ravi), uma mulher de meia idade que chega da Índia para visitar seu filho na Nova Zelândia. Recém viúva de seu amado marido, ela deve permanecer 14 dias em quarentena no quarto do hotel, isolada. Sem poder fazer o ritual budista do Pinda Naan, que permite que a alma do falecido se eleve, por conta da impossibilidade do monge não poder viajar por causa da pandemia, Anu decide ela mesma fazer o ritual. Ela acessa o Youtube e vai em um vídeo onde um monge ensina a fazer o ritual no próprio lar. Sem diálogos, o filme traz a beleza da solidão e do isolamento, através de linda fotografia rodada com película 35 mm. O filme consiste, segundo o seu diretor, de 40 planos, ao longo de 14 minutos.