terça-feira, 17 de setembro de 2024

Prisão nos Andes

"Penal cordillera", de Felipe Carmona (2023) Premiado drama em co-produção Chile e Brasil, "Prisão nos Andes" é escrito e dirigido pelo cineasta Felipe Carmona. O filme se passa em 2013 na Cordilehira Penal, um complexo penitenciário ao ar livre construído em 2004 e que serviu para abrigar os cinco militares envolvidos na ditadura de Pinochet, ditador chileno deposto em 1990. No entanto, essa instalação estava mais para um resort do que prisão: os militares tinham confortos como piscina, sala de tv, podiam receber compras encomendadas, receber visitas, etc. E mais: os guardas que ali estavam para prestar serviço e manter o local em funcionamento, estavam mais para empregados dos militares, do que para mantê-los sob sua custódia. Quando um dos militares, General Contreras, dá uma entrevista para uma equipe de tv, as coisas mudam radicalmente: sincero, ele falou sobre seius atos na ditadura. A partir daí, eles começam a perder suas regalias. Obviamnete que os outros generais passam a recriminar Contreras. Paralelamente, o filme apresenta alguns sub-plots envolvendo os guardas, focando mais no jovem guarda Navarrete, um rapaz introvertido que é usado como joguete nas mãos dos generais, e envolvido em um caso de homofobia. O cineasta Felipe Contreras experimenta linguagens e narrativas distintas durante o filme. Em determinando momento, em um flashback, o filme é apresentado como filme mudo, incluindo cartela com legendas e tudo. em diversos momentos, o filme abraça uma narrativa de filme de terror. A fotografia, bastante escura e favorecendo o contra luz, traz uma carga dramática bastante densa ao filme, que já é bem pesado através das histórias dos generais arrogantes, violentos e debochados. O filme traz a mensagem de que a violência é ciclica e está presente em todos nós. Há uma cena bem violenta, envolvendo os guardas, que perpetua essa idéia do instinto selvagem que existe no mais pacato dos seres humanos, que quando atiçado, bota as garras para fora.

Booger

"Booger", de Mary Dauterman (2023) Concorrendo no Festival da Florida, o drama indie "Booger" é uma fantasia de body horror, e que tem como pano de fundo, uma metáfora sobre o luto. Anna (Grace Glowicki) e Izzy (Sophia Dobrushin) são melhores amigas e dividem o apartamento. Izzy traz um gato de rua para o apartamento, Booger. Izzy acaba morrendo em um acidente e Anna se vê totalmente perdida no mundo sem a presença da amiga. Ela não consegue ir ao trabalho, deixa de pagar aluguel. Ao cuidar de Booger, Anna é mordida na mão e o gato foge. Desesperada, Anna procura encontrar Booger, seu único vinculo com izzy. Mas estranhamente, Anna vai sentindo sintomas em seu corpo: começa a vomitar pelos de gato, se rasteja e acorda sempre dormindo em terreno baldio. O filme, diferente do que é vendido, não é comédia, muito menos terror. Às vezes ele flerta com um body modification de "A mosca", mas nada disso acontece, pois é tudo um surto psicótico de Anna que não consegue atravessar o luto. Não fiquei empolgado com o filme, achei arrastado e em criatividade. Os efeitos, para um filme de baixo orçamento, são ok, e a performance de Grace é boa. Me enganei achando que a atriz Heather Matarazzo ( do excelente "Bem vindo à casa de bonecas") estaria presente no filme, mas é só uma pequena participação.

segunda-feira, 16 de setembro de 2024

A doce costa leste

"The sweet east", de Sean Prince Williams (2023) Concorrendo no Festival de Cannes 2023 na Mostra Quinzena dos realizadores, "A doce costa leste" é um filme estranhíssimo como narrativa. Protagonizado pela atriz Talia Ryder, do excelente indie americano “Nunca Raramente Às Vezes Sempre”, "A doce costa leste" apresenta um grupo de estudantes de ensino médio da CArolina do Sul fazendo uam excursão de ônibus para Washington, junto de um guia turístico. Lillian (Ryder) interage com seus amigos e seu namorado, que mais do que conhecer a capital americana, deseja ir em bares, tomar muito álcool e fazer sexo. Durante uma ida ao banheiro de um estabelecimento, Lillian presencie uma manifestação e é resgatada por um jovem que a leva pelos porões, onde Lilliam embarca em uma visgam lisérgica e experimental pela costa leste americana. Ela conhece ativistas, artistas, religisosos radicais. enre outros tipos misoginos, entre eles um ator interpretado por Jacob Elordi. O filme é a estréia na direção do fotografo dos cineastas irmãos Safdie ( ele fotografou "Uncut gems" e "Good time"). O filme foi rodado em polícula e traz uma imagem granulada, remetendo a filmes indies dos anos 70. Alguns críticos fizeram uma analogia de Lillian e Alice de Lewis Carol, e esse encontro com tipos bizarros americanos é uma forma de apresentar à juventude alienada americana uma América da extrema direita, fazendo assim, uma crítica sobre os radicais d apolítica e da religião.

Soft

'Soft", de Joseph Amenta (2022) Drama LGBTQIAP+ canadense, 'Soft" foi escrito e dirigido pelo cineasta queer Joseph Amenta e é seu filme de estréia. "Soft" venceu prêmios em festivais e traz como protagonistas, 3 crianças queer: Julien (Matteus Lunot), Otis (Harlow Joy) e Tony (Zion Matheson) curculam pelas ruas de Toronto, enquanto Julien tem o grande desejo de entrar em uma boite gay, mas não tem idade para frequentar. ( A boite traz uma metáfora de liberdade). Julien foi expulso de casa pela sua mãe e perambulando nas ruas, foi encontrado e adotado por Dawn (Miyoko Anderson, uma prostituta trans. Dawn está com dívidas e logo precisará entregar seu apartamento. Um dia, Dawn desaparece, e Julien decide decsobrir o que aconteceu com ela. Com uma pegada totalmente naturalista, "Soft" lembra os filmes de Karmine Corine e de Sean Baker, com improvisos e uma mistura de gêneros. Os meninos são ótimos, mas a trama às vezes adulta demais acaba fazendo com que o filme fique sme um público alvo mais definido.

A metade de nós

"A metade de nós, de Flavio Botelho (2023) 'Decicado aos que sobreviveram à morte de um filho". O filme, escrito e dirigido por Flavio Botelho, termina com essa cartela. Escrito a partir de experiência pessoal ( o suicídio de sua irmã), "A metade de nós" fez parte da pré-lista de 12 filmes brasileiros selecionados para concorrer à uma vaga ao Oscar internacional pelo Brasil. Vencedor do prêmio de melhor filme do público na Mostra de cinema de São Paulo 2023, e de melhor ator para Cacá Amaral no Festival de Punta del Leste, em 2024, o filme apresenta um casal de terceira idade da classe média alta, Francisca (Denise Weinberg) e Carlos (Cacá Amaral) que chegam ao consultório do psiquiatra para saber dele o que levou o filho deles, Felipe, ao suicídio. Francisca é mais reativa, acusa o médico de ser responsável pela morte do filho ao receitar os remédios tarja preta. Carlos reage diferente: ele decide morar no apartamento do filho e entender melhor quem era ele. Ele acaba conhecendo o vizinho de Felipe, o jovem Hugo (Kelner Macêdo), e inesperadamente, entregue à tristeza e aos impulsos, os dois se tornam amantes. O filme é denso e angustiante na dôr o tempo todo da narrativa. Mesmo em momentos mais otimistas, a melancolia está sempre presente. O elenco de apoio é tão bom quanto os dois atores principais, fortalecido com as participações de Clarice Niskier, Justine Otondo e Henrique Schafer. Alguns sub-plots não me envolveram tanto, e o que mantém a atenção do espectador é o talento dos atores. É um texto que poderia facilmente ser adaptado para o teatro.

Pai

"Babai", de Visar Morina (2015) Indicado por Kosovo ao Oscar de filme internacional 2015, "Pai" é um drama angustiante e trágico que traz um compêndio do que mais vil, deplorável e vilanesco tem o ser humano. Pessoas sem humanidade, egocêntricas, explorando a miséria dos outros. Não é fácil assistir ao filme, que mesmo na última cena ainda faz questão de trazer elementos sádicos para os seus dois protagonistas. Ambientado na Guerra de Kosovo em 1990, o filme venceu dezenas de prêmios internacionais e é co- produzido por Alemanha, Kosovo, Macedônia e França. Embora tenha sido lançado em 2015, o seu olhar sobre os imigrantes dentro da própria Europa continua sendo super atual. Nori (Val Maloku), um menino de 10 anos, mora com seu pai, Gezim (Astrit Kabashi). Eles sobrevivem em um cenário desolador vendendo cigarros nas ruas. A esposa de Gazim os abandonou. Ambos sobrevivem de favor morando na casa de um parente. Gazim deseja ir tentar a sorte na Alemanha, mas quer ir sozinho, sem levar seu filho. Mas Nori é muito ligado ao pai e aonde ele vai, ele vai atrás. Quando Gazim tenta ir embora de ônibus sem que Nori saiba, esse descobre e se joga em frente ao ônibus, acidentando-se para que seu pai não vá embora. No hospital, Gazim promete ao filho que não tentará mais abandoná-lo, mas não cumpre a promessa e vai embora. Desolado, Nori é cuidado pelos parentes que o exploram, Nori foge, masé enganado por uma tia que rouba seu dinheiro. Nori se envolve com traficantes de pessoas e consegue chegar na Alemanha. O pequeno Nori Maloku, no papel de Nori, carrega o filme inteiro nas costas, em uma performance irretocável. Como um filme dos irmãos Dardenne, a câmera está smpre com ele, e nessa busca por felicidade, ele só encontra desolação.

sábado, 14 de setembro de 2024

A última vez que fomos crianças

"L'ultima volta che siamo stati bambini", de Claudio Bisio (2023) Em 1972, Jerry Lewis dirigiu e estrelou o filme perdido e jamais exibido "O dia em que o palhaço chorou", onde o seu personagem era um palhaço que alegrava as crianças judias que seguiam para a câmera de gás. Com a natureza mórbida do filme, os produtores decidiram jamais exibir o filme, até hoje, inédito. "A última vez que fomos crianças", longa de estréia do italiano Claudio Bisio, é adaptado do romance escrito por Fabio Bortolomei, e confesso que na hora me lembrei desse filme do Jerry Lewis e fiquei chocado com a história. Um grupo de 3 crianças, querendo salvar o amigo judeu que foi levado para um campo de concentração, decidem ir de Roma até a Alemanha para resgatá-lo, sem terem a real ciência do que acontece nos campos de concentração. O desfecho do filme é trágico e fiquei de verdade d eboca aberta com a coragem do filme e do romancista. "O holocausto visto pelo ponto de vista infantil". É assim que o filme é vendido. Trazendo referências explícitas do clássico 'Conta comigo", incluindo toda a travessia pela linha de trem e encontrando cadávares pelo caminho, o filme é ambientado em 1943, em Roma. Os amigos na faixa dos 10 anos de idade Italo (Vincenzo Sebastiani)- filho de um fascista e irmão de um soldado italiano, Vittorio-; Cosimo (Alessio Di Domenicantonio); Vanda (Carlotta De Leonardis) é órfã e mora em um convento, sendo cuidada pela freira Agenese; e Riccardo, judeu. Eles se divertem nas ruas e os amigos consideram Riccardo um judeu fascista. Um dia, no entanto, os judeu sãolevados pelos soldados italianos e deportados em trem. Os amigos ir atrás do amigo e decidem fugir de casa e irem pela linha de trem até a Alemanha. Vittorio se une à irmã Agnese em busca de seu irmão e ela, de Vanda. No caminho, se deparam com mortes e com oficiais italianos. O filme é vendido como comédia, e é difícil achar graça nas cenas que envolvem crianças e pessoas sendo mortas. Me lembrei muito de "A vida é bela", onde Roberto Benigni foi acusado de querer explorar a tragédia humana com humor. O que de fato é bastante positivo, é o trabalho excelente das 4 crianças. São talentosos e muito carismáticos.

Meus vizinhos, os Yamadas

"Hôhokekyo tonari no Yamada-kun", de Isao Takahata" (1999) Um filme pouco conhecido dos Estuúdios Ghibli, "Meus vizinhos, os Yamadas", é uma pequena obra-prima, diferente de tudo o que o famoso estúdio já havia relizado. O filme é adaptado das tirinhas publicadas no mangá "Nono chan", de Hisaichi Ishii e foi o primeiro filme digital realizado na Ghibli. Outro ponto que chamou atençao do público e da crítica foram os traços desenhados pelo cineasta Isao Takahata, realizador dos brilhantes "O túmulo dos vagalumes" e "O conto da Princesa Kaguya". O filme traz traços que parecem rascunhos rabiscados de forma minimalista, recurso depois aprimorado na "Princesa Kaguya". No início se estranha, mas logo se acostuma e certamente foi uma excelente opção para se trazer o humor do cotidiano de uma família divertida e apaixonante. O filme não segue um roteiro, e sim, é composto por pequenos sketches, como se fossem tirinhas lidas diariamente em jornais. O filme mostra o dia-a-dia da família Yamada, que é composta por Takashi (o pai), Matsuko (a mãe, dona de casa), Shige (a sogra), Noboru (o filho de 13 anos), Nonoko (a filha de 5 anosa) e Pochi (o cachorro ). As histórias são facilmente identificáveis por qualquer família, que certamente irá se enxergar no cotidiano envolvendo briga de irmãos, primeiro amor, briga dos pais pelo uso do controle remoto, a avó que não tem personalidade forte, o pai super herói, a filha esquecida no supermercado, a competitividade nso estudos, o alto grau de exigência que se espera dos estudos dos filhos. É maravilhoso assistir ao filme e é garantia de altas gargalhadas. O final reserva um clipe lindamente emoldurada pela canção 'Que sera, sera", que ilustra o amor da família, independente dos problemas que vierem a acontecer.

My old ass

"My old ass", de Megan Park (2023) Grande sensação no Festival de Sundance 2023, "My old ass" é uma co-produção Canadá/Estados Unidos, e como os melhores fell good movies, me fez chorar litros no final emocionante. Escrito e dirigido por Megan Park, o filme me fez lembrar de "Peggy Sue, seu passado a espera", clássico de Coppola, porém em narrativa oposta: dessa vez, a personagem da jovem Elliot (Maysi Stella), enfrenta a sua versão mais velha (Audrey Plaza), com 39 anos, e lhe dá as dicas para sofrer menos no seu futuro. Elliot mora com sua família na fazenda de cramberries perto do Lago Muskoka, local com 300 habitantes: seus pais e dois irmãos adolescentes. Elliot tem 2 melhores amigas, Ro (Kerrice Brooks) e Ruthie (Maddie Ziegler) e namora uma garota local. Elliot está prestes a se mudar para Toronto para estudar na faculdade e ao tomar um chá de cogumelos com as amigas, acaba se deparando com a sua versão mais velha, que entre vários conselhos, lhe diz para jamais namorar nenhum rapaz chamado Chad, sem explicar o motivo. Um dia, um estudante universitário em férias, Chad, aparece na fazenda se oferecendo para trabalhar. O jeito doce, alegre, bobo de Chad faz com que Elliot se apaixone por ele, e mesmo diante dos avisos de sua versão mais velha, ela decide namorá-lo. O filme deixa para os minutos finais o motivo de não namorar Chad, e é aí que o filme irá fazer oespectador se debulhar em lágrimas. Alternando drama, romance e comédia, o filme é lindo, divertido e conta com ótimos atores. IMpossível não se apaixonar pelo jeitão super amigável de Chad. O filme foi acusado por alguns críticos de ser lesbofóbico pelo fato da personagem ignorar sua namorada e largar por Chad.

Hellhound

"Hellhound", de Lincoln Barela (2024) Um fascinante e divertido exercício de terror e fantasia, "Hellhound" é um curta independente brasileiro que busca trazer novas vozes para o cinema de gênero fantástico realizado no país. Com roteiro e direção de Lincoln Barela, o filme está fazendo uma ótima campanha em festivais nacionais e internacionai, ganhando como por exemplo, o de melhor roteiro no Pupila Film Festival. Ambientado em São Paulo, o filme traz Thiago (Ramoile Barreiros), um jovem solitário que do nada, recebe em seu apartamento, de. madrugada, uma estranha encomenda. Nas instruções da caixa, escritas em um grego arcaico, ele descobre ser um cachorro que ele comprou na dark web há cinco anos atrás, em uma pegadinha. Ao ligar para seu melhor amigo Matheus (William Barbier), eles decidem ir até a oficina do pai de Willian e ali, Thiago começa a "alimentar" e reanimar o cão de laboratório, que necessita de cuidados especiais para poder gerar vida, algo como um Tamagochi que precisa de regras básicas para ser reanimado. É muito clara a influência cinéfila do realizador, com referência do body horror de cineastas como David Cronemberg e Julia Duccourneau, e o filme prima justamente por trazer uma voz própria, aprimorada pelo ótimo trabalho dos atores, em especial Ramoile, em composição física elaborada. A ficha técnica também chama atenção: a fotografia em tons quentes de Jonathan Van Thomaz, a envolvente e atmosférica trilha sonora de Paulo Bueno, Gabriel Bryl e Altman, a direção de arte de Jonas Sanson e Giovanna Biglia e todo o desenho de som, repleto de camadas. Um belo trabalho que certamente irá render frutos criativos para todos os envolvidos.

Here after

"Here after", de Robert Salerno (2024) Co-produção Itália e Estados Unidos, "Here after" fala sobre espiritismo e fé, mas com uma atmosfera de filme de terror. Claire (Connie Britton) é uma americana que mora em Roma, onde trabalha como professora em uma escola de ensino médio. Sua filha, Robin (Freya Hannan-Mills) é uma jovem pianista que após um trauma do passado, quando criança, ficou muda. Esse trauma fez com que Claire se separasse de seu marido italiano, Lucas (Giovanni Cirfiera). Mas quando Robin sofre um acidente e vai para a UTI do hospital, ela é dada como mporta por cerca de 20 minutos. Os pais se desesperam, mas para surpresa de todos, Robin volta à vida. Dias depois, Robin, inexplicavelmente, passa a falar, Mas seu temperamento mudou. ela está rebelde, não quer mais tocar piano. Claire, que perdeu a fé, passa a acreditar que Robin voltou possuída por algum espírto, e procura um padre para ajudara. expulsar o que quer que seja que tenha se apossado de Robin. O filme reserva para o seu final o que de fato aconteceu no passado da família e que causou essa "Possessão". É um drama familiar, sobre uma tragédia que trouxe luto para todos os envolvidos. Curioso que o filme poderia ter investido no espiritismo, onde talvez fizesse mais sucesos, mas deciidu apostar no terror, que para fãs do gênero, não funciona, justamente por não assustar a ninguem.

sexta-feira, 13 de setembro de 2024

Subservience

'Subservience", de S.K. Dale (2024) Misture 3 filmes: 'M3gan", "A mão que balança o berço" e "Eu, robô", e você terá "Subservience". Essa produção que vem na carona dos filmes citados traz como protagonista Megan Fox, que muitos críticos, na maldade, alegam ter sido um papel feito de encomenda para ela por não expressar emoção em seu rosto e estar sempre robotizada. Em um mundo do futuro, robôs hiper realistas são criados para atender a necessidade das pessoas em funções terceirizadas. Uma família formada pelo pai Nick Perretti (Michele Morrone), pela mãe Maggie (Madeline Zima), a filha pequena Isla (Matilda Firth) e um bebê vivem felizes. Mas a mãe está com um problema e precisa ser operada do coração. Na ausência da mãe, o pai não consegue dar conta do seu emprego na construção civil e dos afazeres do alr. Ele decide comprar uma robô, Alice (Fox). Ela cuida das crianças e do lar. Mas Alice começa a ter autonomia e quer criar a família e ter um relacionamento com Nick, seduzindo-o. Como a mãe está em seu caminho, ela decide que precisa matá-la. O filme é óbvio do início ao fim, mas é bem produzido e tem bons efeitos. Vale como passatempo e uma crítica aos execssos da AI. Megan Fox procura recuperar seu prestígio em Hollywood e está bem, fazendo o papel da vilã assustadora.

quinta-feira, 12 de setembro de 2024

Meu casulo de drywall

"Meu casulo de drywall", de Caroline Fioratti (2023) Misture as 2 séries de sucesso da Netflix "13 reasons why" e 'Euphoria", repleto de angústias da adolescência reprimida, depressiva, melancólica, sem comunicação com os pais, envolvida com drogas, álcool, muitas cores, festas, música eletrônica. Acrescente personagens que moram em um condomínio de classe média alta em São Paulo e que vivem ali como em um bunker. As cenas ou são noturnas, ou diurnas, porém, cinzentas, sem sol. Esse é o retrato de "Meu casulo de drywall", um filme que não dá concessões à uma geração millenium que se encontra perdida em um mundo sem compaixão e sem altruísmo. A fotografia, de Hélcio Alemão Nagamine, e o elenco, são o grande trunfo desse filme, que deixará os espectadores em estado de alerta em relação ao próximo e quem sabe, diferente dos personagens do filme, esticar a mão para dar apoio. Virgínia (Bella Piero) tem 17 anos e recebe seus amigos para seu aniversário. Ela pede para que sua mãe, Patricia (Maria Luisa Mendonça), a deixe sozinha com os amigos. Reticente, Patricia cede, e vai embora. Chegam Nicollas (Michel Joelsas), seu namorado; Luana (Mariana Oliveira), sua melhor amiga; Gabriel (Daniel Botelho), que tem paixão platônica por Virgínia. EVentos acontecem nessa noite, e no dia seguinte, Virginia é encontrada morta. O filme trabalha em 2 narrativas, presente e passado, para entender o que aconteceu com Virgínia. Pegando a estrutura de "13 reaons why", para no final descobrir o que provocou o suicídio ou quem foi o responsável direto, o filme traz também Caco Ciocler, Flavia Garrafa, Marat Descartes e Debora Duboc. O elenco todo está perfeito, trazendo camadas diversas dentro do que o roteiro solicita de seus personagens.

Order for pickup

"Order for pickup", de Jackie Zhou (2023) Concorrendo no Festival de Tribeca e Palm Spring, "Order to pickup" é um filme escrito e dirigido por Jackie Zhou, protagonizado pelas gêmeas River Song Hiro e Tiger Song Hiro, e fotografado por Tehillah De Castro. Nesse filme intimista e bem feminino, Kelsey, uma ajudante de cozinha que prepara os pedidos feitos em aplicativos em uma cozinha "fantasma", tem uma crise de burn out, evitando responder mensagens de sua melhor amiga, sua mãe e seu namorado. Ela se imagina contracenando com o seu próprio alter ego, que a pede para relaxar. O filme foi concebido por Jackie Zhou durante o período de lockdown, quando as pessoas pediam comida por apps e muitas cozinhas "Fantasmas" foram criadas, sem que as pessoas imaginassem quem preparava as comidas. Foi com esse contexto que a diretora criou esse belo e melancólico filme sobre solidão e isolamento. O final tem um respiro otimista, em fotografia belamente iluminada e enquadrada por Telilah.

Tatami

"Tatami", de Zar Amir Ebrahimi e Guy Nattiv (2023) Esse filme tem um feito histórico: pela 1a vez, um filme é dirigido por um iraniano e um israelense. A atriz iraniana premiada em Cannes por "Holly spider", Zar Amir Ebrahimi, e o diretor israelense que realizou "Skin" e "Golda", com Helen Mirren se unem para contar uma história de determinação contra o poderio islâmico do Irã. O filme é levemente inspirado na história do judoca iraniano Saeid Mollaei, que foi obrigado a se retirar do Campeonato Mundial de Judô de 2019, em Tóquio, para evitar enfrentar o campeão mundial israelense Sagi Muki na final. Gui Nattiv, um dos roteiristas, alterou o protagonismo e trouxe para uma mulher, a judoca iraniana Leila Hosseini (Arienne Mandi, atriz americana de ascendência iraniana e chilena). A sua treinadora, Maryam ( a diretora Zar Amir Ebrahimi) forma com ela uma dupla decidida a ganhar o compeonato em nome do Irã. Mas quando a luta final será com uma lutadora israelense, o governo do Irã, secretamente, pede que Leila finja um ferimento, que a impeça de lutar, caso contrário, irá ameaçar a família de ambas. Filmado em 4:3 e em preto e branco, para trazer mais densidade dramática e claustrofobia, "Tatami" tem uma ótima direção que remete a filmes clássicos nas cenas de luta, como "Touro indomável". O trabalho das duas atrizes é fantástico, repleto de camadas. O filme mistura gêneros e traz também uma sub-trama de suspense, paralelamente, com a perseguição ao marido e bebê de Leilah e de seus pais no Irã. O filme venceu no Festival de Veneza 2023 o Prêmio Brian de Melhor Filme, dado a filmes que destacam e valorizam o respeito aos direitos humanos, à democracia e ao pluralismo.

quarta-feira, 11 de setembro de 2024

Dying

"Dying", de Matthias Glasner (2024) 183 minutos de melancolia, depressão e morte na história de uma família composta pelos pais idosos e os filhos. Uma família que não se ama e não se preocupa um com o outro. Pois esse filme longuíssimo venceu no Festival de Berlim o Urso de prata, correspondente ao 2o lugar, e o prêmio de melhor roteiro. O filme é dividido em 5 capítulos: 1) Lissy- Lissy (Corinna Harfouch) é a mãe, casada com Gerd (Hans-Uwe Bauer). Ela está com câncer terminal. Gerd está com demência e Parkinson. O capítulo mostra a difícil rotina dos dois, e a indiferença de seus filhos. Os pais moram em Hamburg, e os filhos, em Berlim 2) Tom - Tom (Lars Eidinger) é um maestro que está ensiando com sua orquestra a partitura de um amigo famoso de Tom, que possui desejos suicidas. A partitura se chama "Morrer". Tom ajuda a cuidar do recém nascido de sua ex-namorada, e tem péssima relação com sua irmã 3) Ellen - Ellen (Lilith Stangenberg) é uma alcóolatra que trabalha como auxiliar de odontologia. Ela passa a namorar o dentista Sebastian, ao mesmo tempo que tem uma vida bastante destrutiva 4) Amor - O dia da apresentação do concerto regido por Tom, na presença do seu amigo compositor e da sua irmã, que acaba em caos e morte 5) Epílogo- A morte de um dos personagens une os irmãos O filme é bastante cansativo. Mas o excepcional trabalho de todo o elenco mantém o interesse do espectador. Convém avisar que o filme é gatilho para pessoas depressivas. enão deve ser assistido em hipótese alguma

A lien

"A lien", de David Cutler-Kreutz e Sam Cutler-Kreutz (2023) Drama indie americano, baseado em história real. Durante o Governo de Donald Trump, agência ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos EUA) realizou diversas operações secretas para prender imigrantes ilegais e sem documentação e deportá-los do país. O casal Oscar Gomez ((Willian Martinez) e Sophia Gomez (Victoria Ratermanis), junto da filha pequena nascida nos Eua, seguem até uma audiência de Green Card a ser cedida para Oscar, Salvadorenho residente nos Eua há 7 anos e casado com Sophia há 6 anos. Os funcionários da área burocrática tratam friamente a todos que os procuram. Mas logo Sophia descobre que tudo não passa d euma operação da ICe para prender e deportar imigrantes ilegais. Ela se desespera e tenta ir atrás de seu marido e sua filha, antes que seja tarde demais. Muito bem escrito e dirigido pela dupla David Cutler-Kreutz e Sam Cutler-Kreutz, e contando com um excelente time de atores e da edição, o maior trunfo do filme no entanto cabe à direção de arte, por repdouzir um prédio inteiro como se fosse do Governo americano. É impressionante o realismo do local.

Não fale o mal

"Speak no evil", de James Watkins (2024) Apenas 2 anos depois do lançamento do cult de terror dinamarquês 'Speak no evil", premiado em diversos festival, os americanos lançam um remake, traduzido para "Não fale o mal". O filme foi rodado na Croácia, país que tem acolhido diversas produções de gênero. Em um país da Europa, o casal americano Ben (Scoot McNairy) e Louise Dalton (Mackenzie Davis), e sua filha pequena Agnes (Alix West Lefler) estão de férias em um resort. Eles acabam conhecendo o casal britânico Paddy (James McAvoy) e Ciara (Aisling Franciosi), que estão com o filho pequeno Ant (Dan Rough), que é mudo. Os ingleses convidam os americanos a passarem um final de semana na casa deles. Ao chegarem lá, eles criam uma bela amizade. Mas logo percebem sinais de que algo está bem estranho. Diferente do remake americano de "Fynnu games", que foi filmado exatamente igual, em "Não fale o mal", os produtores americanos mudaram o final, talvez pels extrema crueldade do original, trouxeram algo menos sombrio. Ess eremake tem mais diálogos,e. por isso, muito mais cansativo. As coisas demoram a acontecer e fica uma sucessão de cenas entediantes até que se dá a virada da história. Para quem já viu o original, a curiosidade é saber como acaba o novo desfecho. Mas quem nunca viu, pode se surpreender com o plot twist.

Mesa para 3

"Table for three", de Ivan Andrew Payawal (2024) Drama erótico LGBTQIAP+ filipino, "Mesa para três" traz um tema bem batido na filmografia queer: o relacionamento a três. E é óbvio que uma das partes acabará sendo despretirda, é claro que vai gerar ciúmes, e é claro que as coisas não acabarão bem para um dos três. O apelo do filme poderia vir pelas cenas de sexo, e aqui existem várias. Só que filmadas sem tesão, tudo muito falso, simulado como naqueles filmes dos anos 80 do sessão privé. Paul e Marlon se encontram em cris eno relacionamento. Marlon convence Paul, através de uma planilha de photoshop que ele criou!!!!!!!, as vantagens de assumirem um relacionamento a três. Em princípio inseguro, Paul acaba cedendo., Logo Jeremy fará parte da vida do casal, e de cara, já fazem sexo, em uma longa cena bastante desanimada. O filme é chato, sem sal, e os atores bastante ligados no automático. Para um filme com ess etema, não existe nudez total, apenaas o cardápio de sempre.

A mulher adormecida

"La mujer dormida", de Laura Alvea (2024) Rodado nas Ilhas Canárias, esse suspense espanhol é a estréia da roteirista Laura Alvea na direção solo de longas. O filme apresenta Ana (Almudena Amor), uma auxiliar de enfermagem que aceita trabalhar para Agustin (Javier Rey) em sua mansão afastada da cidade. Ela foi contratada para cuidar de Sara (Amanda Goldsmith), esposa de Agustin que está em coma desde que caiu do andar de cima da casa. Durante os dias em que trabalha e mora na casa, Ana mantém um ótimo relacionamento com Agustin, por quem acaba se apaixonando. Mas estranhas visões surgem para Ana, como se Sara estivesse querendo avisá-la de algo, ou então, assustá-la por estar namorando seu marido. Confesso que desde o primeiro momento eu já entendi como o filme iria terminar. O plot twist é bem óbvio, diversos filmes recentes trouxeram temas semlhantes. Os atores são bons e a parte técnica funciona bem: a fotografia dando atmosfera,a. direção de arte caprichada e claro, as lindas locações das Ilhas Canárias. Se o filme não deu sustos, pelo menos me deu vontade de conhecer esse lugar incrivel.

terça-feira, 10 de setembro de 2024

Medida

"Measure", de Julia Cranney e Helen Simmons (2023) Anunciado como "humor ácido", esse filme mescla gêneros, que vai desde drama, musical, suspense psiológico. O final é uma delçiia, a melhor das vinganças planejadas por alguém que sofreu bullying a infância inteira e com isso, se tornou um adulto traumatizado. Jen (Callie Cooke) é uma mãe solteira, moradora de Londres. Ela tem um filho pequeno que é autista. Ela, com muita insgeurança, acaba aceitando o convite para a festa do filho de uma das amigas de infância, na sua cidade natal, próxima de Londres. Ao chegar na casa, repleta de crianças, Jen se preocupa com seu filho, mas evita ser super protetora e chamar a atenção pela condição de seu filho. Mas ao reencontrar Bryony Brindle (Lídia Rose Bewley), a mulher que quando criança praticava bullying nela, Jen fica tensa. Para piorar, a filha de Bryony, Paige (Lexi Lancaster), tem a mesma personalidade da mãe e começa a provocar Ben e chamá-lo de estranho. Amei o filme e confesso que levei um susto quando do nada, a personagem dança "What is love", do Haddaway, na festa, um momento maravilhoso. Obviamente que a letra da música traz duplo snetido para os atos que Jen irá fazer na festinha.

A libertação

"The deliverance", de Lee Daniels (2024) Fiquei o tempo todo achando que estava assistindo "Preciosa", do mesmo diretor Lee Daniels. Tudo parecia idêntico: a fotografia soturna, densa. A mãe abusiva, os filhos que apanham, sofrem calados, a ausência da figura paterna, os excessos, o desconforto, a clastrofobia. A diferença, é que Lee Daniels traz o gênero horror para fazer uma metáfora sobre religiosidade da forma mais simplista possível: sem Deus, o demônio invade. Com Deus, o demônio vai embora. Podia facilmente ser um filme cristão. Baseado em uma história real ocorrida em 2014, no município de Gary, distante quase 800 kilômetross de Pittsburg, de onde a família de Latoya Ammons veio após se separar do seu marido. Latoya Ammons chega na casa nova com seus 3 filhos, de idades de 7, 9 e 12 anos, e sua mãe Fatos estranhos passam a ocorrer, que Ebony atribui a demônios, mas a assistência social acredita que Ebony está mentindo e abusando violentamente dos filhos. Ebony (Andra Day) se muda para sua casa nova com sua mãe, Alberta (Glenn Close) e os 3 filhos: Andre (Anthony B. Jenkins), Nate (Caleb McLaughlin) e Shante (Demi Singleton). O filme podia ser apenas focado no drama, mas Daniel quiz trazr elementos de terror e de exorcismo que não funcionam a contento. O filme não assusta, as cenas de exorcismo são super genéricas e e o pior de tudo, a maquiagem e caracterização são pavorosos, parecem saídos do clip de "thriller", de Michael Jackson, dos anos 80. A atriz Mo'nique, que ganhou o Oscar em 'preciosa"no papel da mãe abusiva, aqui interpreta uma assistente socia, Cynthia. Achei o filme longo, chato, arrastado. E a personagem de Ebony é irritante: grita o tempo todo, é totalmente desprovida de carisma e em momento algum a gente torce por ela. Glenn Close é um caso à parte: ninguém discute o talento de atriz. Mas aqui a personagem é ingrata. Além da personagem sofrer de quimio e Glenn Close ter que aparecer em cenas com uma caracterização pavorosa, sua cena com dentes de vampiro são toscas, não pelo seu acting, mas pelo look que deram nela.

Noctilucas

"Noctilucas", de Diego Alvarez Parra (2022) Drama LGBTQIAP+ uruguaio, "Noctilucas" traz dois jovens protagonistas com sonhos e esperanças distintos. Lucas (Enzo Vogrincic) é um jovem uruguaio pertencente à classe média alta. Mesmo tendo boas condições financeiras e amigos, Lucas se sente entediado. Para ele, o uruguai não lhe oferece nada: é cinzente, entediante, sem perspectivas. ele quer sair d elá. Lucas marca um encontro por app com o venezuelano Juan (Alejandro Mata Molina), um rapaz sexy. eles vão para um hotel e fazem sexo. Mas para a surpresa de Lucas, Juan é mais do que um corpo bonito: ele quer saber mais de Lucas, mesmo que não se vejam mais. Estando há apenas uma semana no uruguai, Juan fugiu da Venezuela. Ele se espanta que Lucas não goste da paz em seu país. Ambos seguem até a praia, Lucas decide se despedir de Juan e levá0lo até a sua casa. Lindamente filmado em sua simplicidade, é um filme que aposta no talento dos atores e nos diálogos envolventes e muito atuais. não se fala de sexo, mas de felicidade, de expectativas, de contrastes vividos em países com históricos de luta distintos.

PomPoko: A Grande Batalha dos Guaxinins

"Heisei tanuki gassen ponpoko", de Isao Takahata (1994) Indicado pelo Japão em 1995 para concorrer ao Oscar de melhor filme estrangeiro, "Pom Poko" é uma obra-prima pouco conhecida de isao Takahata, mesmo realizador dos brilhantes "O túmulo dos vagalumes" e "O conto da princesa Kaguiya". Lançado em 1994, "Pom Poko" foi a 2a maior bilheteria de uma animação no Japão, perdendo para "O rei Leão". É o primeiro filme de fantasia de Takahata, protagonizado por seres mágicos, os tanukis, criaturas semelhantes a guaxinins capazes de se transformar em pessoas ou outros objetos e seres. O filme começa nos anos 60, mostrando os tanukis vivendo na floresta na região de tama, periferia de Tokyo. Mas com o crecsimento demográfico e necessidade do governo de ampliar as construções e complexos residenciais, a floresta, fauna e flora são demolidos e destruídos. Os tanukis, lutando agora contra a escazzes de comida, acabam guerreando entre si, para que somente os fortes sobrevivam. Mas a avó decide que eles não briguem e que tentem impedir a invasão dos humanos. Um dos tanukis, Gonta, propõem que matem os humanos. O filme , idealizado por Hayao Miyazaki, tem uma mensagem clara de preservação ambiental, trazendo os eco-terroristas para o núcleo de Gonta e seu grupo. O filme une comédia, drama e aventura, trazendo muita fofura e diversão, além de momentos bastante tristes. Existem mortes, que dão um nó na garganta. Mas entre tantos momentso geniais e lúdicos, um em especial se destaca entre os mais fantásticos de toda a história da Gjibli: a procissão Poltergeist, onde os tanukis invadem a cidade com fantasmas e espíritos com a finalidade de espantar os humanos. É um primor de criatividade e de execução.

segunda-feira, 9 de setembro de 2024

The killer

"The killer", de John Woo (2024) Remake do clássico de John Woo de 1989 com Chow Yu Fat, "The killer" é co-produzido por Estados Unidos, Canadá e Coréia do Sul. Todo rodado em Paris, a história, como boa parte dos filmes de John Woo, é surreal de tão inverossímel, mas é justamente esse roteiro sme pé nem cabeça o grande sucesso dos filmes de John Woo, como em "A outra face". Zee (Nathalie Emmanuel) é uma assassina de aluguel. Ela trabalha para uma organização criminosa liderada por Finn (Sam Worthington), que encomenda um serviço para Zee: ir até uma boite e matar membros de uma gangue ali presente. No entanto, a cantora da boite, Jenn (Diana Silvers) acaba se ferindo e fica cega momentaneamente. Zee acaba deixando Jenn viva e a leva até o hospital. Finn, sabendo que Zee não matou todo mundo, manda seus capangas irem até o hospital para matar as duas. Paralelo, o policial Sey (Omar Sy) está cuidando do caso da organização criminosa e seu caminho se cruza com a de Zee, e ambos precisam se unir para poderem sobreviver. Um filme super genérico, que infelizmente não lembra em momento algum dos melhores filmes de John Woo. As cenas de ação são fracas, sem empolgação. Nathalie Emmanuel faz o que pode, mas o verdadeiro prejudicado é Omar Sy, totalmente ligado no automático e sem carisma.

Hayao Miyazaki and the Heron

"Hayao Miyazaki and the Heron", de Kaku Arakawa (2024) "Não espere a pessoa corrigir o seu erro. Você precisa de alguém com raiva para corrigir, e essa pessoa sou eu". O renomado diretor Hayao Miyazaki dá esse depoimento em determinado momento, quando se irrita com sua equipe de animação, degsostando de todo trabalho de animação feito por eles e jogando o material no lixo. Aoarentemente, esse trecho apresenta o extremo perfeccionismo de Miyazaki, um gênio da animação da Ghibli, vencedor de 2 Oscars ( por "A viagem de Chihiro" e "O menino e a garça", além de outros importantes prêmios. Ele realizou também alguns dos filmes mais amados e cultuados do cinema, como "Meu amigo Totoro" e "A princesa Mononoke". O documentário, que concorreu no Festival de Cannes 2024, apresenta toda a rotina de Miyazaki desde 2013, quando anunciou publicamente que estava se aposentando, até a retomada em 2016, com o primeiro esboço de "O menino e a garça", chegando até o dia da entrega do Oscar em 2024, vencido pelo mesmo filme. Um presente para fãs do diretor, o filme traz uma personalidade difícil do animador, e o seu relacionamento com o seu inseparável amigo e produtor Toshio Suzuki. O filme levou 7 anos para ficar pronto, atrasado por conta da Covid e ao ritmo do filme, bastante lento e acabou se tornando o filme mais caro do Japão. Assistindo ao filme, entendemos que os personagens são baseados em Miyazaki ( o protagonista Mihiro), a Garça é sue produtor Toshio e o avô é baseado no cineasta da Ghibli Isao Takahata, personagem importante no documentário e gerador de grande conflito para Miyazaki. Ressentido desde 89 quando sua obra-prima "O túmulo dos vagalumes" foi lançado em sessão dupla com "Totoro", que fez bastante sucesso comercial, Takahata foi quem provocou Myazaki a rodar mais um filme, dizendo que cineastas não param de filmar nunca. Takahata faleceu em 2018 e Miazaki sentiu bastante a sua morte, paralisando a produção e dizendo o tempo todo que o fantasma dele o esteva perseguindo. Com grande atraso, o filme estreou no japão no dia 14 de julho de 2023, sobre forte ex[ectativa e temor de Myazaki e equipe de que fosse um forte fracasso, mas acabou sendo um enorme sucesso comercial.

S1ngular

"S1ngular", de Ramón J. Goñi (2022) Premiado curta indie americano, 'S1ngular" é um romance LGBTQIAP+ futurista. Um jovem cientista cria um robô com a mesma fisionomia de um amante que ele jamais esqueceu. Ele se apropria do robô para que torne seu amante. Mas o robô não tem sentimentos. Tratado como um filme experimental, "S1ngular" não tem diálogos, apenas off narrado pelo próprio diretor, dando 3 regras para como lidar com o robô. O filme é bonito, bela fotografia, boa solução para resolver a parte tecnológica e de efeitos. Uma narrativa pouco interessante, mais uma metáfora sobre relacionamentos de mão única.

domingo, 8 de setembro de 2024

Fairlane

"Fairlane", de Luca Leggieri (2023) Um drama romântico LGBTQIAP+ ambientada nos anos 80 e que traz uma atmosfera como a daqueles comerciais da Levis com homens lindos, jovens e sexies, repleto de imagens homoeróticas. Certamente o roteirista e diretor Luca Leggieri quiz agradar o público queer com o clássico dos fetiches: jovens que trabalham em oficina mecânica, sujos de graxa e suados. Quando Brandon (Jordan Doww) decide procurar trabalho para ajudar a sustentar sua mãe doente, ele vai trabalhar em uma oficina mecânica. Ele é treinado por um mecânico experiente, Evan (Benjamin Esqueda). Na primeira oportunidade, eles saem de noite para estreitar a amizade em um bar: bebem, dançam com garotas. Mas é dentro do carro, sozinhos, que Evan seduz Brandon e se beijam. Brandon tem a sua experiência com um homem e se apaixona. Mas no dia seguinte, ele descobre pelo dono da oficina que Evan está indo embora, e Brandon fica arrasado e sentindo-se traído. Um filme romântico, filmado com delizadeza e sensibilidade, bonito d ever pela atmosfera anos 80 e com dois belos atores. Para o público queer, mesmo que não seja perfeito, é um ótimo programa.

The move

"The move", de Erik Kissack (2024) Comédia fantasiosa indie americana, "The move" acompanha um jovem casal Todd e Kate (o casal real de atores Dustin Milligan e Amanda Crews) que acaba se se mudar para um novo apartamento. Ao chegarem, se encantam com o local, e comentam a sorte grande que tiveram em alugar um apartamento grande pelo valor reduzido. Mas descobrem que na sala existe uma espécie de portal mágico que os teletransportam para uns metros depois de onde caminham. O casal, que já estava em crise, começa a discutir mais ainda, com a mulher tomando a dianteira e acusando o marido de covarde. Um filme divertido, simples nos efeitos e com boas performances. Como o próprio diretor comentou, é uma sátira sobre relacionamentos, e sobre se surpreender com atidtudes do companheiro quando algo inusitado acontece.

"Other other

"Other other", de Mohamad El Masri (2024) Instigante filme escrito e dirigido por Mohamad El Masri , "Other other" é um misto de romance e fantasia indie, que retrata um mundo onde o multiverso faz parte da vida das pessoas. Spyro (Scoot Macnairy) e Myka (Sosie Bacon) namoram há um ano. Mas eles nunca se encontraram fisicamente. Eles pertencem a mundos diferentes, e conversam online, mas graças à tecologia, eles dividem o mesmo espaço, mas jamais se encostar. O diretor disse que quiz fazer uma metéfora sobre os apps de relacionamento online: pessoas que criam uma expectativa sobre alguém, e ao conhecerem online, existe uma enorme frustração por a pessoa não ser aquela que ela sempre imaginou. Tem um clima interessante e boa solução para um projeto de baixo orçamento.

Neh

"Neh", de Jesse Gi (2021) Divertida comédia escrita e dirigida pelo cineasta com ascendência sul coreana e nascido nos Estados Unidos Jesse Gi. O filme brinca com um tema recorrente aos nascidos em países estrangeiros e que não falam a língua pátria de seus pais, e nem abosrvem a cultura. Billy (John Lee) aceita uma proposta de seu primo, que marcou um date para ele: uma garota americana, Carol (Katherine Smith-Rodden), é fascinada por coreanos e quer conhecê-lo. Mas Billy não fala nada de coreano. Ele tenta aprender uns números em coreano pelo app, mas não dá certo. Ao chegar no restaurante, e ele finge pedir os partos para a garçonete em coreano, e segundo seu primo, basta falar "Neh" para tudo. Divertido do início ao fim, com um plot twist hilário no final, o filme conta com ótimas performances do elenco e um ritmo bem dinâmico nas cenas. Todo filho de imigrante nascido em outro país irá se identificar com o filme.

sábado, 7 de setembro de 2024

Don't turn out the lights

'Don't turn out the lights", de Andy Fickman (2024) Terror indie americano, "Don't turn out the lights" poderia ter sido um filme melhor, se: ao invés das quase 2 horas de duração, tivesse no máximo 80 minutos. O filme tem bons atores, mas eles não salvam um roteiro sem criatividade e pior, que deixa pontas soltas, sem deixar claro o que está atacando e matando o grupo de amigos. Claro, esse tipo de filme precisa acontecer em uma floresta noturna, e nessa atmosfera meio 'Evil dead" sem efeitoa e sem gore, resta a gritaria sem fim dos personagens, em um nível de irritação extrema. Um grupo de amigos de faculdade se reúne para comemorar o aniversário de Olivia (Crystal Lake Evans), uma extrovertida garota que ama baladas e festas. Carrie (Bella Delong), Gaby (Ana Zambrana), seu namorado drogado Chris (Daryl Tofa), a bitchy Sarah (Amber Janea), o namorado de Olivia, Michael (Jarrett Brown), e Jason (John Busy), roommate de Michael são os amigos. Para surpresa de todos, Olivia convida a todos para um festival de músicam que dura 2 dias. Michael pega o trailer emprestado de seu tio e todos seguem pela estrada. Após um incidente com arruaceiros em um posto de gasolina, eles pegam uma outra estrada. Quando o trailer apresenta problemas de noite, fatos estranhos começam a acontecer, matando um a um dos amigos. Preguiça do filme o tempo todo. PErsonagens rasos, aquele chavão de cada um com uma personalidade bem chata e obviamente que a gente tirce pela Carrie que é a mais pé no chão. Mas o fato do filme não epxlicar o que aocntece e terminar por isso mesmo dá a sensação de tempo perdido.

Playboy and the gang of cherry

"Playboy and the gang of cherry", de Oompon Kitikamara (2017) Um filme repleto de cenas de sexo explícito, bondage, S & M, violência , envolvendo um elenco de jovens e belos atores tailandeses, e eu fico me pegruntando como que conseguiram convencer essa rapaziada a participar de um filme com tantas cenas degradantes, devassas e humilhantes. Co-produzido por Talândia e Alemanha, é um shoe case de exploitation que certamente tem um público certo para assistir, e claro, não recomendo a nenhuma pessoa sensível a visualizar essa pérola do mondo cane. Em um prédio abandonado na periferia de Bangkok, moram os garotos de programa, amantes e adeptos do S & M Playboy e Gold hair. Uma traficante, Cherry, vem procurar Playboy em busca de James, um jovem traficante de drogas que roubou o carregamento do chefe de Cherry.Boy é o brinquedo sexual de Cherry. James, Gold hair e Cherry são apaixonados por Playboy, que só tem olhos para Boy. O filme tem um roteiro bizarro, pretexto para cenas de dominação, estupro e fetiches sexuais. Tem uma violência gráfica envolvendo todos os personagens.

Entrelinhas

"Entrelinhas", de Guto Pasko (2024) Vencedor de 5 prêmios no Festival Cine PE 2023: Melhor direção, atriz (Gabriela Freire), edição de som, montagem e direção de arte (merecia muito o de melhor fotografia, do craque Alziro Barbosa), o drama "Entrelinhas" é livremente inspirado na história real de An Beatriz Fortes, ocorrido em Curitiba, 1970, durante a ditadura militar. Ana Beatriz Fortes (Gabriela Freire, ótima e minimalista no tom certo), é uma estudante de esnino médio de 18 anos, prestes a entrar na faculdade. Ela mora com os pais, interpretados pelos brilhantes atores Mauro Zanatta e Patrícia Saravy, cujo nome da personagem é Helena Ignez, e fiquei na dúvida se é o nome real ou se uma homenagem à musa do cinema marginal. A irmã, de Ana, Elisabeth, está presa, acusada de participar de movimentos estudnatis. Quando Ana vai ao seu primeiro emprego, um estágio, ela é entrevistada por um militar e imediatamente acusada de ser subversiva e de ser colaboradora de atos contra o governo. Levada ao Dops, ela é torturada, junto de Elias (Renet Lyon, espetacular), um estudante que estuda na mesma escola de Ana. Curioso como o cinema brasileiro recente aposta no tema da ditadura: além de "Entrelinhas", temos "Ainda somos os mesmos", de Paulo Nascimento; "O mensageiro", de Lucia Murat; "Ainda estou aqui", de Walter Salles. O filme é baixo orçamento, mas com ótima ficha técnica. Fotografia, direção de arte, figurino, maquiagem, tudo caminhando bem. é um grande alento assistir a um filme vindo de Curitiba e trazendo uma qualidade dramática. Existe uma cena de valor de produção, que é a tortura dentro de um avião sobrevoando Foz do Iguaçu, muito bem executada.

Summertime summertime

"Qi hu ihe", de Kaiwen Chen (2021) Ótimo drama chinês, que retrata a amizade entre dois garotos: Qin Huai (Luoqui Zhan), prestes a fazer 10 anos e filho de classe média, e Xiaohe (Xiangh Mo), 12 anos, morador da periferia e cujo pai está gravemente doente. O filme se passa em 2002, durante a Copa do Mundo da Coréia do Sul e Japão. Os dois meninos são apaixonados por futebol e por Ronaldinho. Quando Quin descobre que o pai de Xiaohe está doente, ele diz que irá pedir para seu pai como presente de aniversário dinheiro para custear o tratamento do pai dele. Mas o spais de Quin se recusam a dar o dinheiro que eles estão economizando para os estudos de Quin, e a quebra da promessa rompe a amizade dos meninos, deixando Quin inconsolável com a perda da amizade de seu melhor amigo. Que beleza de filme, graças à simplicidade da narrativa e ao grande talento dos dois meninos, em especial, Luoqui Zhan no papel de Quin. A cena onde ele se emociona com a perda da amizade é de arrebatar.

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Doce família

'Doce família", de Carolina Durão (2024) "Body shame", segundo o Wikipedia, é um termo em inglês para o ato de ridicularizar, zombar ou criticar a aparência física de uma pessoa. Pois é esse termo em inglês que norteia essa comédia romântica com Mariana Xavier que brilha com seu primeiro protagonismo. O filme é um remake de um grande sucesso mexicano, 'Dulce família", que em 2019 levou mais de 2 milhões de espectadores aos cinemas do México. Mariana Xavier é Tamara, sócia de uma confeitaria, onde ela faz sucesso preparando doces deliciosos. Ela está prestes a se casar com o gente boa Beto (Gabriel Godoy), um tipo meio nerd totalmente apaixonado por Tamara do jeito que ela é. Mas Tamara tem um desejo desde criança: se casar usando o mesmo vestido de noiva que sua mãe Verônica (Maria Padilha) usou no casamento. O problema que o vestido não cabe em Tamara. Ela decide então o que sempre evitou: participar do programa de emagrecimento da clínica de sua mãe, com a ajuda de suas duas irmãs, a influencer Babi (Viih Tube) e de Alê (Karina Ramill), mãe da adolescente Joaninha(Isabela Ordonez). O filme traz as mensagens que todo mundo já sabe: aceitar-se do jeito que é. Mas até lá, Tamara irá sofrer bastante e claro, colocar o seu noivado em risco e gerar conflitos com sua família. O filme alterna momentos de humor com uma sequência dramática que faz com que o elenco, em especial Xavier e Padilha, transitem em gêneros e emoções. Um filme feminino, com protagonismo de 5 mulheres fortes e defendidas por ótimo elenco. Que venham mais filmes protagonizados por Mariana Xavier, uma atriz que seduz o público com seu sorriso e talento já comprovado em tantos trabalhos.

O julgamento

"The judgement", de Marwan Mokbel (2023) Co-produzido por Egito, Líbano e Estados Unidos, "O julgamento" é um drama que fala sobre homofobia no Egito. O filme traz o gênero terror para simbolicamente, apresentar ao público os horrores de ser homossexual em um país islâmico. Boa parte do público acusou o filme de ser islamofóbico, e essa foi a controvérsia que rondou o lançamento do filme. Um casal gay, Mo (Junes Zahdi) e Hisham (Freddy Shahin) moram nos Estados Unidos. Seus familiares decsonhecem que eles são gays. Quando eles retornam para Alexandria, Egito, para vistar um parente adoentado de Mo, os dois montam uma farsa de serem heteros e namorando garotas para despistar. Quando Sara Hegazi, uma ativista lésbica egípcia, comete suicídio, Mo posta uma foto dele e do namorado no Instagram com um filtro de arco-íris. Hisham se irrita, temendo que sua família descubra que são um casal. Mo passa a sofrer alucinações de um espírito que o persegue, e acredita que é uma maldição de sua família que quer puni-lo. O filme tem belas imagens rodadas no Líbano e traz importantes temas. Mas a dupla de atores, apesar de bonitos, são muito crus e não sustentam os diversos conflitos dos personagens. A atriz que interpreta a mãe de Hisham, Samara Nohra, é quem segura o lado dramático do filme. As cenas de suspense e os jumps scares são fracos, e o filme poderia perfeitamente ter apostado somente no drama, sem a parte da fantasia.

Stop making sense

"Stop making sense", de Jonathan Demme (1984) Considerado o melhor concerto filmado da história, "Stop making sense" retorna aos cinemas 40 anos depois de seu lançamento, remasterizado em 4K e distribuído pela cultuada A24. Dirigida pelo cineasta Jonathan Demme ( diretor de "O silêncio dos inocentes"), o filme foi gravado durante 3 noites diferentes, com a banda se apresentando em dezembro de 1983 no TEatro Pantage, em Hollywood. Na época em seu auge artístico, a banda formada por David Byrne, Tina Weymouth, Chris Frantz, Jerry Harrison, Bernie Worrell, Alex Weir, Steve Scales, Lynn Mabry e Edna Holt fazem performnaces memoráveis no palco diante de uma platéia lotada e animada, que fica totalmente no escuro e somente no número final ficam iluminados. A entrada logo no início de David Byrne e seu micro system é antológica, e ao som de "psycho killer", o público delira. À cada música, um novo integrante vai entrando. O setlist, com 16 músicas, é: "Psycho Killer", "Heaven", "Thank You for Sending Me an Angel", "Found a Job", "Slippery People", "Burning Down the House", "Life During Wartime", "Making Flippy Floppy", "Swamp", "What a Day That Was", "This Must Be the Place", "Once in a Lifetime", "Genius of Love", "Girlfriend Is Better", "Take Me to the River", "Crosseyed and Painless". Em "Girlfriend is better", Byrne surge vestindo um paletó com número acima do seu, uma imagem que já se tornou clássica. Em 2011, o cineasta italiano Paolo Sorrentino lançou "This must be the place", onde um número primoroso com os Talking heads cantando a clássica canção é apresentada.

Meu primeiro filme

"My first film", de Zia Anger (2024) Filme indie americano escrito e dirigido pela cineasta Zia Anger. O filme é uma reconstiuição em narrativa experimental do 1o filme rodado pela cineasta Zia Anger, intitulado "Always All ways, Anne Marie", uma auobiografdia sobre a sua relação com seus pais, o feminino, o aborto. Zia conseguiu em um crowdfunding o valor de quase 5 mil reais. A equipe era formada por amigos e ex-namorados, e ela contratou uma atriz com pouca experiência para seu seu alter ego. Mas toda a experiência foi traumática. A equipe se demitiu, ela entrou em crise criativa e ao apresentar o filme em mais de 50 festivais e tendo sido recusado por todos, Zia decidiu abandoná-lo. Zia, uma multi-artista, começou a trabalhar com uma peça onde ela expunha toda a sua experiência no filme, inclusive falando sobre a apresentação pitching para possíveis investidores e todos criticando o caráter experimental do filme. "Meu primeiro filme" é essa reconstituição, acrescida do aborto que ela teve que fazer. A atriz Odessa Young interpreta Vita, o alter ego de Zia. É um filme todo pelo ponto de vista de Vita. A pressão da euipe, do orçamento baixo, do aborto, do namorado tóxico, das suas mães que a inspiraram a ser uma criadora. Imaginem se "Vivendo no abandono", uma comédia sobre uma filmagem, fosse um drama intimista e experimental.

Egoist

"Egoist", de Daishi Matsunaga (2022) Drama romântico Lgbtqiap+ japonês, 'Egoist"narra a história do editor de moda Kosuke. Örfão de pais, eles faz enorme sucesso na revista e tem uma boa vida social e econômica. Um dia, por sugestão de um amigo, Kosuke começa a trabalhar com Ryuta, um jovem personal trainer cuja mãe o criou sozinho. Kosuke se conecta com a história de Ryuta e acabam se apaixonando. Eles transam e se tornam namorados. Devido à situação financeira de Ryuta, Kosuke decide ajudá0lo financeiramente, mesmo mediante a negativa de Ryuta em querer ajuda. Uma grande surpresa acaba surgindo para Kosuke, ao Ryuta revelar que é garoto de programa. O filme tem cenas de sexo bastante intensas e muito bem filmadas, com dois ótimos atores, bonitos e fotogênicos. O filme, no entanto, é muito longo e praticamente dividido em 2 partes. A primeira, focado na relação do casal apaixonado. A segunda, após um turning point, existe uma passada de bastão, e fica muito novelesco, com grande apelo emocional. Pode ser acusado de moralista ou punitivo, mas "Egoist" certamente perde muito de sua força na metade final, o que é uma pena.

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Beetlejuice os fantasmas ainda se divertem

"Beetlejuice Beetlejuice", de Tim Burton (2024) A maioria das críticas enaltecem "Beetlejuice- os fantasmas ainda se divertem" como o melhor filme de Tim Burton em 12 anos. Eu sou suspeito, pois eu amo "Frankenweenie", "O lar das crianças peculiares" e 'Dumbo". "Beetlejuice", que foi exibido com pompa fora de competição no Festival de Veneza 2024, me deixou bastante frustrado. Salvo umas 3 sequências realmente brilhantes, o filme como um todo é arrastado, com muitos sub-plots e personagens mal aproveitados, como por exemplo, o de Monica Bellucci ( que é atual namorada de Burton). O filme vale sim ser visto, até porquê é uma nostalgia pura. Não fosse a presença de celulares, seria possível dizer que o filme se ambientasse nos anos 80, nem parece que se passaram 36 anos do original. E o maior acerto de Burton foi não se render ao CGI e fazer a maior parte das cenas com efeitos práticos, feitos no set de filmagem, trazendo um ar mais artesanal, o que caracteriza muito o início de sua carreira. Das cenas brilhantes, obviamente destaco a do casamento, ao som de "Maccarthur Park", na versão de Richard Harris. É nostálgico rever Michael Keaton, Winona Ryder e Catherine O'Hara nos papéis de Beetlejuice, Lydia e Delia Deetz. Jeffrey Jones, que interpretava Charlie, marido de Delia, não está no filme depois de um processo criminal no qual ele foi acusado de pornografia infantil em 2002, e Burton deu um jeito para seu personagem existir de uma forma bizarra. A trilha sonora do filme é a cargo do eternio parceiro Danny Elfmann, mas acrescido de muitos clássicos disco. Além de Donna Summer, tem "Tragedy", do bee Gees, que emoldura outra sequência clássica, a da personagem de Bellucci. E Burton trouxe vários easter eggs: Elvira de "Ed Wood" no visual de Winona, "Noiva cadáver" no visual de Bellucci, E "Fabrica de chocolates", quando Beetlejuice flutua. E amei a homenagem a "CArrie", de Brian de Palma, com trilha de Pino Donaggio, e direito a plot twist.

That they may face the rising sun

"That they may face the rising sun", de Pat Collins (2023) Adaptação do romance homônimo escrito pelo romancista irlandês John McGahern, "That they may face the risinh sun" tem uma narrativa lenta, contemplativa, quase documental, que me fez lembrar dos filmes de Terence Davies. Não são filmes fáceis de assistir pela sua total falta de conflitos. O espectador acompanha a rotina dos protagonsitas, em atividades mundanas. Nos anos 80, o casal Joe (Barry Ward, alter ego do romancista) e sua esposa Kate (Anna Bederke) se mudam de Londres para o interior da Irlanda, no Condado de Leitrim, terra natal de Joe. Não acontece muita coisa no filme. Eventualmente surgem uns moradores da região, Joe e Kate conversam aqui, conversam ali. O que interessa ao filme, é apresentar essa narrativa documental de um outro ritmo, um outro mundo, plácido, lento. Com uma bela fotografia impressionista de Richard Kendrick, o filme ganhou prêmios em Festivais de cinema independente em Buenos Aires e na Irlanda.

Alien covenant

"Alien covenant", de Ridley Scott (2017) Após "Alien Romulos", decidi rever alguns filmes da franquia "Alien" para entender melhor como funciona a cronologia. "Prometheus", de 2012, é o filme que dá início à saga, seguido por "Covenant", e em seguida, "Alien Romulus", e aí, o mais famoso, 'Alien, o 8o passageiro". Quando lançou "Pormetheus", Ridley Scott havia divulgado que seria uma trilogia. "Covenant", lançado 5 anos depois de "Prometheus", acontece 10 anos depois, explicando o destino do andróide David e da Dra Elisabeth Shaw. Na época que foi lançado, eu não havia gostado de 'Covenant", e revisando, me lembrei do porquê: o roteiro traça um perfil da tripulação das mais irritantes. todos agem de forma estúpida, tomando as piores decisões do mundo. Porquê descer em um planeta desconhecido e tirar os capacetes? Porque atender um pedido de socorro de algo ou alguém e por isso, desviar a sua rota original? E será que ninguém ali sequer desconfiou dos andróides Walter e David? Tudo bem, senão fosse por isso, o filme não existiria. Mas confesso que fiquei bastante irrritado o filme todo. Dessa vez, o elenco faz todas as suas apostas em michael Fassbender, a verdadeira estrela, em papel duplo. Todo o elenco, diferente dos outros filmes, não possui um grande astro ou estrela. O final em aberto me fez torcer para que a prometida e que talvez jamais seja produzida teceira parte, 'Alien awakening", tivesse pelo menos o roteiro liberado para que saibamos o destino dos 2000 colonos da nave, além dos tripulantes sobreviventes.

Wrongful death

'Wrongful death", de Vjekoslav Katusin (2024) Sabe-se lá como, "Wrongful death" ganhou 22 prêmios em festivais de cinema de gênero. O filme é uma co-produção Croácia e Estados Unidos, e é muito, muito ruim. Nem de longe lembra 'A serbian film" ou algum outro terror vindo da Croácia. É um sub 'Jogos mortais", sendo que sem suspense, sem gore, e principalmente, com atores muito amadores. O que entristece, é ver Eric Roberts participando do projeto, que foi rodado na Croácia. Duas pessoas acordam e descobrem estarem presas em uma sala. O homem é um jornalista, e a mulher, uma jovem. Os dois estão desmemoriados e não sabem como chegaram ali. Uma voz surge na sala e quer propor um jogo para que eles consigam sobreviver e confessar seus pecados. Não há nada que se salve nesse filme. Direção de arte, trilha, fotografia. O valor de produção é zero. Fosse um filme trash, teria sido divertido. O pior memso, é que o desfecho sugere uma continuação.