quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Piranhas

“La paranza dei bambini”, de  Claudio Giovannesi (2019) Esse filme é uma porrada! Nada muito diferente da situação que vivemos aqui no Brasil ou qualquer país do terceiro mundo: a escalada da violência nas periferias das grandes cidades, tendo agora como mentores do crime, adolescentes totalmente desprovidos de família, educação ou assistência social. É uma geração com pressa de acontecer, de ficar rico, de dizerem ao mundo que existem e saírem do anonimato. “Piranhas” é a gíria que se dá aos jovens sedentos de Poder que entram na Máfia italiana. Mais precisamente, na Máfia de Nápoles. O adolescente Nicola ( em sua estréia no cinema, um não ator, impressionante) mora com sua mãe e sue irmão pequeno em um pequeno sobrado. Cansado de ver a máfia local cobrando impostos da lavanderia decadente de sua mãe Nicola resolve tomar satisfação com o mafioso do bairro. Nicola acaba apanhando, mas repleto de Poder, se oferece para trabalhar para o chefão, cobrando impostos de comerciantes. Logo, Nicola e sua gangue passam a ganhar dinheiro, cheirar pó, circular com mulheres, tudo aquilo que a vida de luxo da cartilha do traficante demanda. Mas Nicola se apaixona por Letizia, que mora em um bairro comandado por outra Máfia, e assim, se inciia a sua derrocada. Escrito por Francesco Di Napoli, um dos roteiristas da série de sucesso “Gomorra”, de onde também vem o diretor Claudio Giovannesi, “Piranhas”tem ingredientes de todos os clássicos da Máfia “Era uma vez na América”, “Scarface”, “Os bons companheiros. Amizade, amor, traição são os temas comuns a esses filmes. O que difere esse filme dos outros, é o olhar realista sobre esse mundo sem perspectiva, sem glamour, sem piedade. No elenco, impressionantes jovens não atores dando vida a seus personagens raivosos, aliados à estética da câmera na mão que segue seus personagens, como nos filmes dos irmãos Dardenne. Mesmo não trazendo nada de novo na dramaturgia ( e mesmo assim, levando o Urso de Ouro de melhor roteiro no Festival de Berlin 2019), o filme comove pela dura realidade que destrói gerações. Aqui como lá na Itália, os sonhos estão sendo dizimados desde o berço.

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