terça-feira, 6 de agosto de 2019

Fassbinder

“Fassbinder”, de Annekatrin Hendel (2015) Sou apaixonado pela filmografia do Cineasta alemão Werner Reiner Fassbinder, morto aos 37 anos em 1982, de overdose. Fassbinder viveu uma vida de excessos: álcool, drogas, amantes. Bissexual, Fassbinder começou sua carreira nos anos 60 como Ator, e foi ali que ele descobriu sua paixão por cinema. O documentário, dirigido e escrito pela Cineasta Annekatrin Hendel apresenta imagens raras de entrevistas com Fassbinder e de cenas dele ainda jovem atuando nos palcos. Depoimentos de atrizes que trabalharam com Fassbinder, como Hannah Schygulla, Margit Carstensen, Irm Hermann além de produtores, assistentes de direção, editores e colaboradores, ajudam a criar um perfil sobre quem foi esse polêmico e apaixonante homem que colocava o trabalho na frente de tudo em sua vida. Fassbinder dirigiu 43 longas em poucos anos, além de ter dirigido a série de tv mais cara na Alemanha até o ano de 1980, “Berlin Alexandreplatz”, com quase 16 horas de duração. Logo no seu primeiro filme, “O Amor é mais frio que a morte” em 1967, foi selecionado para o Fetsival de Berlin, recebendo enormes vaias. No ano seguinte, com “O Machão”, ele novamente foi para o Festival. Fassbinder montou uma comunidade cinematográfica em um apartamento: ali vivia a equipe técnica e atores que trabalhavam com ele, realizando filmes com baixo custo. Ele alternava a direção com trabalhos como ator em produções de importantes cineastas, como Volker Schloendorff, com quem protagonizou “Baal”. Fassbinder odiava pagar impostos, e acabou devendo mais de 200 mil marcos em impostos. Sua mãe acabou assumindo a função de Diretora de produção seu seus filmes para administrar as finanças. O filme traz depoimento das atrizes que trabalharam com ele em “Lágrimas amargas de Petra Von Kant”, e elas denunciam o quanto Fassbinder era cruel: dizia segredos íntimos das atrizes para a equipe técnica, as obrigava a decorar textos enormes de uma hora para outra, tudo para fazê-las entrar no estado emocional das personagens. Fassbinder era conhecido pelo seu terrível gênio, e constantemente maltratava equipe e elenco, além de seus amantes, que ele costumava escalar para os filmes. Tinha total desprezo pelo método de Stanislawsky e não gostava de trabalhar com atores amadores. Experimentou o sucesso comercial com “O casamento de Maria Braun”, que ficou 54 semanas em cartaz no cinema Lincoln Center em Nova York. Após a morte de um de seus amantes, Armin Meier , que morreu de Overdose, Fassbinder se afastou de algumas pessoas, se sentindo culpado pela morte dele. O filme termina com depoimentos das pessoas falando sobre o legado dele para o cinema alemão. Para quem é fã de Fassbinder, é um documentário fundamental, mesmo que tenha um formato careta. As raras cenas de filmes e depoimento do próprio Cineasta já vale a sessão.

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