quinta-feira, 8 de agosto de 2019

Mulheres armadas, homens na lata

"Rebelles”, de Allan Mauduit (2019) Com esse título divertido em português, nenhum cinéfilo tem dúvida de que o Distribuidor quer seduzir o fã clube de Tarantino Guy Ritchie, e com toda a razão. O filme reúne todo o estilo narrativo, personagens bizarros dos 2 cineastas, ainda trazendo elementos icônicos da filmografia de ambos: hiper violência, trilha sonora que faz referência ao universo pop e do faroeste de Sergio Leone, e a indefectível cena onde todos os personagens apontam as armas um para o outro, cena que Tarantino criou em “Cães de aluguel” mas que já havia roubado de cults de Hong Kong. A diferença agora é que houve inversão dos protagonistas: as mulheres é que comandam a história. Elas são totalmente “Bad asses”: dão porrada, apanham, dão tiros e não têm dúvidas sobre que decisão devem tomar, além de cuidar dos afazeres do lar e do trabalho. Os homens aqui são todos escórias: ladrões, trapaceiros, assediadores. Sandra, Nadine e Marilyn trabalham em uma fábrica que produz latas de pescados. Apáticas com a vida que levam, repletas de problemas pessoais, elas não sabem como sair dessa fim de poço. Ao tentar evitar um assédio de um traficante, Sandra acaba provocando um acidente, e o traficante morre. Elas descobrem uma mala repleta de dinheiro, decidem mandar o corpo do traficante para o triturador e enlatar tudo e ficarem com a grana. O que elas não esperavam, é que os donos do dinheiro sujo fossem aparecer e fazer de tudo para reaver. A grande força do filme é o carisma das personagens e o talento das atrizes, que se divertem nessa fábula de humor negro. Cecile de France, Yolande Moreau e Audrey Lamy estão sensacionais. São anti-heroínas que o espectador irá amar torcer a favor, por mais merda que elas façam para si mesmas e para os outros. A sequência final, do tiroteio na casa, é um primor de direção e de non sense.

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