segunda-feira, 5 de agosto de 2019

No coração do Mundo

“No coração do mundo”, de Gabriel Martins e Maurílio Martins (2019) A mais nova produção do Coletivo mineiro “Filmes de plástico”, que já recebeu uma centena de prêmios em Festivais mundo afora, além de terem filmes exibidos nos prestigiados Festivais de Cannes e Rotterdam, prima pela qualidade em todas as categorias. Mais uma vez, o Coletivo apresenta o cotidiano sofrido e pesado de moradores da periferia de Belo Horizonte, mais precisamente, na comunidade de Contagem. Essas figuras anônimas suam a camisa para conseguir sustentar suas casas e familiares: são motoristas e trocadores de ônibus, cabeleireiras, traficantes, motoristas de Uber, vendedores de desinfetante, lojistas. Até que um desses personagens resolve assaltar uma redidência, e para isso, conta com a ajuda de um casal de amigos. O roteiro já vimos em centenas de outras produções, e de certa forma, nos filmes dos irmãos Coen, especialistas em protagonistas loosers. Mas no filme dos sócios e roteiristas Gabriel e Maurilio Martins, o olhar sobre os personagens não é nada apaixonado: happy end só existe no cinema. Na vida real, que o filme faz questão de retratar, a dificuldade é extrema. O filme traz um olhar documental sobre o dia a dia dessa comunidade. São muitos os personagens, mas as atenções são voltadas para 3: Ana e Selma, o casal apaixonado e batalhador, e Selma. Todos os 3 buscam “O coração do mundo”: um lugar idílico, para onde querem fugir e sair dessa periferia. Grace Passô, que interpreta Selma, já é habitueé de Festivais e todo cinéfilo já conhece. O seu personagem parece até uma extensão da que ela interpretava em ‘Temporada”, também do Coletivo. Mas e Leo Pyrata, Kelly Crifer, Barbara Colen Robert Frank e mais uma dezena de atores com nomes curiosos? Todos são mineiros, e possuem um talento formidável. O filme mescla atores profissionais com não-atores. Entre as participações especiais, tem a de Karine Teles e Romulo Braga. Karine alíás, protagoniza uma das cenas mais divertidas do filme, a do prólogo, que tem como música de fundo “Love by Grace”, um clássico pop romântico de novela da Globo. O filme privilegia planos-sequências muito bem armados, em especial, o da cena de Grace Passô na escola, sendo enquadrada por uma filmadora.

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