O rei da noite

"O rei da noite", de Hector Babenco (1975) Clássico do cinema brasileiro, "O rei da noite" é o primeiro filme de ficção dirigido pelo cineasta Hector Babenco, lançado em 1975. Em 1977 ele lançaria "Lucio Flavio" e em 1980, seu filme mais famosos, "Pixote, a lei do mais fraco", que o projetou internacionalmente, repetindo a parceria com a atriz Marilia Pera, estrela de "O rei da noite". O roteiro, para quem não sabe a autoria, lembra muito o universo de Nelson Rodrigues, com o seu protagonista mulherengo, machista e misógeno e por quem as mulheres acabam tendo um destino trágico. Tertuliano, ou Tezinho (Paulo José) mora com sua família tradicional em um bairro de classe média de São Paulo. Ainda criança, Tezinho morava com suas duas irmãs e seus pais (Yara Amaral interpreta a mãe). O pai é internado em um sanatório, e Tezinho cresce sobre a guarda da mãe. Já adulto, ele se apaixona por Aninha, mas os pais dela a afastam dele, alegando que ela sofre de "Sopro no coração"e que precisa viajar ao exterior. Frustrado, Tezinho é apresnetado à uma amiga de sua mãe, Sinhá (Marcia Real), mãe de 3 filhas solteiras: Maria Das Graças (Vic Militello), Maria das Dores (Cristina Pereira, estreando no cinema) e Maria do Scorro (Isadora de Farias). Tezinho seduz das Dores, mas acaba se casando com das Graças. Mas Tezinho acaba frequentando a noite boêmia e se apaixona pela prostituta Pupe (Marilia Pera), com quem tem um filho. Tezinho vive as duas vidas, mas os ciúmes fazem com que as mulheres sofram nas mãos do rapaz. O elenco é certamente a grande força do filme, com performances irretocáveis. Marilia Pera tem uma presença impressionante em cena, e em uma cena específica, onde ela pede para que Tezinho bata nela, a carga emotiva é enorme. A fotografia de Lauro Escorel e o roteiro de Orlando Senna, que acabara de realizar "Iracema, uma transa Amazônica", seduzem o espectador, mas talvez aos olhos de hoje, o sexismo e a violência de Tezinho possam dar uma conotação diferente ao personagem.