sexta-feira, 5 de maio de 2023

Mantícora

"Mantícora", de Carlos Vermut (2022) Filme sobre protagonistas pedófilos são sempre uma questão ética: deve o espectador se compadecer da doença do personagem, das suas obsessões sexuais e fetiches criminosos, ou deve odiá-lo e torcer pelo seu infortúnio? Dramas como os grego "Miss violence", que chocou meio mundo pela sua frieza com que apresenta a prostituição infantil, assim como "Paissagem na neblina", de Theo Angelopoulos, ou o americano "O lenhador", com uma corajosa performance de Kevin Bacon, dividiram o público e a crítica, mas ainda assim receberam prêmios. O mesmo acontece com o espanhol "Mandrácora", escrito e dirigido por Carlos Vermut. O protagonista é um jovem programador visual e designer de video games, Julian (Nacho Sanchez). Ele está criando uma figura mitológica de um monstro para um gme com a forma de uma mandrácora (criatura mitológica com cabeça de homem e corpo de leão ou dragão). Julian mora sozinho em um apartamento em Madri. Um dia, ele vê um incêndio no apartamento vizinho e salva uma criança de 10 anos, Cristian, que estava sozinho em casa enquanto a mãe estava trabalhando. Julian fica amigo de Cristian, mas o menino se torna a sua obsessão, a ponto de criar um arquivo de game virtual com personagem baseado no menino e onde Julian o explora sexualmente no formato virtual. Durante uma festa na empresa, ele conhece Diana (Zoe Stein), uma garota com visual boy e historiadora de arte. A figura andrógina de Diana, que lembra um menino, faz com que Julian passe a manter relacionamento com ela. "Mantícora" deixou muita gente perturbada por conta de suas cenas de fetiche criminoso envolvendo pedofilia. É uma porrada, ma stratada pelo roteirista e diretor sem sensacionalismo. Isso o aproxima de "O lenhador", que também apresenta um protagonista atormentado pela sua condição. Um trabalho formidável dos dois atores, Nacho Sanchez, pela sua coragem em dar vida a um personagem tão complexo, e Zoe Stein.

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