quarta-feira, 10 de maio de 2023

Jair Rodrigues- Deixa que digam

"Jair Rodrigues- Deixa que falem", de Rubens Rewald (2020) Em 2012, o cineasta Rubens Rewald lançou um filme de baixíssimo orçamento, 'Super nada", um drama sobre um ator em busca de um lugar ao sol. Rubens convidou o cantor Jair Rodrigues para uma participação como ator. Dessa parceria, surgiu a idéia do documentário. mas Jair faleceu aos 74 anos em 2014, de infarto, e acabou não concretizando seu desejo. Finalizado em 2020, o filme conta com depoimentos da família: os filhos cantores Jair Oliveira e Luciana Mello; a viúva, Claudine Rodrigues; e o irmão, Jairo Rodrigues. Jairzinho inclusive interpreta seu pai em vários momentos do filme, impressionando pela semelhança física. O filme traz um extenso material de arquivo, que inclui arquivos da própria família. Jair nasceu em Igarapava, interior paulista e trabalhou como engraxate, mecânico e servente de pedreiro, até participar de um programa de calouros da Rádio Cultura e se classificar em primeiro lugar. Sua conquista veio com muita determinação: Cantou samba e em 1962 lançou com elis Regina o programa da Record "O fino da bossa", de grande sucesso. Em 1966, Jair surpreendeu ao cantar a música regional 'Disparada", pois até então era conhecido pelo seu samba. O país ficou dividido entre "Disparada" e "A banda", de Chico Buarque e Nara Leão, e os dois acabaram empatando, para evitar tumulto entre as torcidas. É considerado o primeiro rapper brasileiro com o samba "Deixa isso pra lá", repleto de versos declamados ao invés de cantados. Roberta Rodrigues dá um belo depoimento dizendo que escreveu uma música, 'Majestade , o sabiá" que foi rejeitada por Chitãozinho e Xororó, mas que Jair decidiu cantar. A música foi um enorme sucesso e ajudou a lançar a carreira d acantora, eternamente agradecida a Jair. Em 1971, venceu o samba enredo "Festa para um Rei negro", do Salgueiro. Jair nunca quiz se envolver com política na época da ditadura, mas muitos críticos citam que a luta de JAir com a questão social e da negritude estava em suas letras, enaltecendo a macumba e ritmos africanos. Outra unanimidade é que JAir jamais ficou triste, sempre foi sorridente, com exceção da morte de sua primeira filha. O filme é imperdível e muio emocionante e merece ser visto.

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