terça-feira, 22 de dezembro de 2020

A guarda costeira


"Hae Anseon", de Kim Ki-Duk (2002)
Falecido recentemente, vítima de Covid aos 59 anos, o cineasta e roteirista sul coreano Kim Ki-Duk colecionou diversos prêmios em Festivais mas também muitas polêmicas com seus filmes controversos. Um crítico ferrenho ao militarismo de seu país, Duk fala de violência em todos os seus filmes. "A guarda costeira" é de seus filmes menos conhecidos, e também, dos mais cruéis e violentos. De 2002, o filme antecede o filme que lançou Duk mundialmente, "Primavera, verão, outono, inverno..e primavera".
Ambientado no litoral que separa as duas Coréias, a região é tomada pelos militares que têm ordens para atacar qualquer atitude suspeita que possa parecer espionagem. Pescadores habitam na região e procuram conviver de forma pacífica com os militares, mas existe uma tensão. Myi Yong, namorada de um pescador, é levada por ele para transarem na área militar, à noite. Confundido com espiões, o soldado Kang fuzila o rapaz e o explode com uma granada. Myi Yong surta e enlouquece. Kang, ao descobrir o erro, também enlouquece. A jovem seduz e transa com todos os soldados. Kang decide matar um a um os seus colegas, que tentaram abortar à força a jovem, assim que descobrem que ela engravidou.
"A guarda costeira" não é um filme fácil de assistir. Misógeno, violento, repulsivo, é um típico Kim Ki Duk que quer chocar o espectador. em uma cena, a jovem segura a mão decapitada de seu namorado após a explosão. Em outra cena, ela é forçada a abortar com um soldado usando uma faca. Bastante cruel, o filme tem uma fotografia escura, e em vários momentos, lembra "Apocalipse Now", através da loucura dos personagens. O filme ainda reserva momentos de homoerotismo, com os soldados constantemente sendo vistos com os torsos musculosos e nús, em atividades esportivas. O Desfecho é bastante simbólico e uma mensagem sobre as regras rígidas do militarismo.

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