sábado, 25 de julho de 2020

You don’t Nomi- o curioso fascínio por “Showgirls

“You don’t Nomi”, de Jeffrey McHale. Que maravilha esse documentário, que traz à tona o culto a “Showgirls”, o filme de Paul Verhoeven que foi destruído pela crítica quando lançado em 1995. Hoje em dia, mais de 20 anos depois, foi alçado à categoria de cult pelo público, reverenciado por muitos críticos, ganhou uma versão musical de grande sucesso no teatro e um livro escrito pelo crítico Adam Neyman, que resgata o filme, enaltecendo o roteiro, as qualidades técnicas e a força imagética. O filme traz um retrospecto da carreira de Verhoeven, descrevendo os seus filmes holandeses, e depois, a fascinante carreira em Hollywood, realizando grandes blockbusters, como “O vingador do futuro”, “Robocop”, “Instinto selvagem”, “Tropas estelares”, “O homem sem sombra” e finalmente, o seu retorno aos filmes europeus. Mas o filme é sobre “Showgirls”, e o documentário comenta temas bastante comuns aos filmes de Verhoeven: vingança, estupro, fetiche por unha, nudez, cenas de sexo viscerais e quase pornográficas. Após o grande sucesso de “Instinto selvagem”, o filme que em 1992 sacudiu o puritanismo americano, Verhoeven recebeu carta branca para continuar com o tema do erotismo em uma trama dramática. Com o mesmo roteirista Joe Ezterhas, desenvolveram ‘Showgirls”, um drama lésbico, baseado na trama de “A malvada”, sobre ambição e ganância. O filem foi acusado pela crítica na época de ser lixo, obra-prima de merda, o elenco teve a carreira destruída, principalmente Elisabeth Berkley, que havia acabado de sair de uma sitcom de sucesso para enfrentar uma personagem que ela acreditava poderá mudar sua vida para melhor, mas o resultado foi o oposto. Durante décadas Berkley teve a sua performance sacaneada, ganhou o Framboesa de pior atriz ( Verhoeven foi a primeira pessoa a receber pessoalmente os Framboesas, de Pior filme e diretor, e agradeceu). Mais de 20 anos depois, o filme foi alçado ao status de cult ( o documentário apresenta exemplos de filmes massacrados que viraram cult, como “Xanadu”, “Mamãezinha querida”). Em um evento para comemorar os 20 anos do filme, Elisabeth Berkley esteve presente, para uma plateia de 4 mil pessoas, que a ovacionaram. Em entrevistas, ela tem falado sobre a segunda vida do filme, e como ela agora se sente mais à vontade para falar do filme, que por muito tempo, e demonizou. O crítico Adam Neyman entrevista Verhoeven e relata o quanto o filme é bom, e o livro está em sua segunda edição. Um filme muito interessante para se entender mais sobre a definição de cult e de marketing.

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