sexta-feira, 31 de julho de 2020

Isso muda tudo

“This changes everything”, de Tom Donahue (2018)
Com as questões de gênero, raça, sexismo e assédio sexual e profissional aflorados no audiovisual, filmes como ‘Revelação”, exibido pela Netflix, que explora o olhar do cinema e tv sobre as figuras trans, e “Isso muda tudo”, que faz um retrato contundente sobre o papel cada vez menor da representatividade feminina na frente a atrás das câmeras, se tornam importantes armas para colocar em pauta a disparidade na hora da contratação. Produzido por várias Associações, entre elas, a Geena Davis Institute on Gender in Media, o filme faz uma descrição minuciosa do papel da mulher na equipe técnica e como atriz no cinema desde o surgimento do cinema, até os dias de hoje. Na maioria das vezes relegada a um segundo plano, a presença feminina nas telas ganhou uma virada histórica com “Thelma e Louise”, de Ridley Scott. Várias atrizes, diretoras e roteiristas dão depoimento dizendo que pela primeira vez, se viram representadas na tela com força, errando, acertando, donas de si. Todas pensaram que o cinema iria mudar depois do filme, mas isso não aconteceu. Mas para Geena Davis, não havia mais volta. O filme mexeu com ela e ela decidiu que precisava ajudar a mudar isso. Outro fator que fez com que Geena Davis criasse seu Instituto: ela percebeu que toda a programação infantil que a sua filha via, a mulher tinha um papel menor, ou era sexualizada, ou simplesmente não existia. Nas princesas da Disney, boa parte ficava à espera de um príncipe, e não tinham vontades próprias.
Na pesquisa, alguns dados alarmantes: Dos 100 maiores sucessos de 2018, 85% dos diretores eram homens, 77,8% dos roteiristas eram homens.
Várias atrizes como Reese Winterspoon, Meryl Streep, Chloe Moretz, Sandra Oh, Taraji P Henson, Nathalie Portman, dão depoimentos. Meryl Streep diz que em “Kramer Vs Kramer”, a sua personagem abandonava a família por questões psicológicas. Na cena do tribunal, onde ela explicava porque abandonou o filho, o roteirista e o diretor escreveram falas que ela não concordou, e ela mesma decidiu escrever a defesa da personagem. Chole dá um depoimento assustador: aos 16 anos, ela foi fazer uma audição, e para sua surpresa, havia um sutiã no trailer. Ela entendeu que os produtores queriam escolher a atriz pelo tamanho dos seios.
Geena, em sua produtora, ao escolher roteiros, percebe que boa parte da descrição das personagens femininas descrevem características sexualizadas.
Sandra Oh diz que quando assistiu “O clube da felicidade e da sorte’, pela primeira vez ela se viu representada como oriental.
A diretora Kimberly Pearson, que dirigiu “Garotos não choram”, só conseguiu rodar seu segundo filme 9 anos depois. Foi o filme “Carrie”, e ela se sentiu coagida e pressionada por uma equipe majoritariamente masculina.
O filme também fala sobre o teste Bechdel, criado na Suécia e que é um teste que avalia filmes onde as personagens femininas não falam sobre homens entre si.
Um momento importante é quando se revela que em quase 100 anos de Oscar, somente uma mulher ganhou o prêmio de melhor diretora: Kathryn Bigelow, por "Guerra ao terror', em 2008.

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