quarta-feira, 1 de julho de 2020

Buñuel no labirinto das tartarugas

"Buñuel en el laberinto de las tortugas", de Salvador Simó (2019) Animação primorosa, um filme obrigatório para quem ama o Cinema. Vencedor de dezenas de prêmios em festivais internacionais, "Buñuel no labirinto das tartarugas" é uma ode ao amor ao cinema e à amizade. O filme é adaptação da Grapich novel de Fermin Solis, lançada em 2009. Após lançar "O cão andaluz"e "A idade do ouro", Buñuel, que é de família aristocrata, resolve realizar um próximo filme. Mas com o fracasso de "A idade do ouro" e as críticas da Igreja e do público, que o chamou de blasfemo, Buñuel não consegue apoio financeiro, nem de sua mãe, que financiou "Um cão andaluz". Quando visita seu amigo espanhol Ramón Acin, conhecido anarquista, Buñuel lhe conta seu desejo de fazer um documentário sobre a região de Las Hurdes, no Norte da Espanha, o lugar mais pobre da Espanha, segundo o livro etnográfico de Maurice Legendre intitulado Las Jurdes: Étude de Géographie Humaine (1927). Ramón aposta na loteria e diz à Buñuel que se ganhar vai investir no filme. Para surpresa de todos, Ramón ganha e parte para Las Hurdes com Buñuel e o fotógrafo francês Eli Lotar e o assistente de direção Pierre Unik. O filme mistura animação e o próprio filme, chamado "Terra sem pão", considerado o primeiro "mockmentary" do cinema: Buñuel falseou vários takes, para trazer mais veracidade às cenas. Matou animais, exigiu interpretação dos moradores., explorou a pobreza da região, as doenças, as mortes das crianças e as deformidades de moradores, devido ao incesto comum entre eles. O título "Labirinto das tartarugas" é porquê ao chegarem na região, olharam para os barracos de favelas pelo ponto de vista, se assemelhava ao caso de tartarugas. No final, o filme apresenta cartelas relatando o que ocorreu com o amigo Ramón Acin: com a Guerra Civil espanhola, que se iniciou em 1936, Ramón e sua esposa foram fuzilados. O Governo somente liberou a exibição do filme anos depois, sem o nome de Ramón nas cartelas. Em 1960, Buñuel relançou o filme, colocando o nome do amigo, e com o dinheiro arrecadado, doou às duas filhas dele. Os traços da animação são belíssimos e a trilha sonora, de , é comovente.

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