sábado, 14 de setembro de 2019

Fakir

"Fakir", de Helena Ignez (2019) Grande vencedor do Prêmio do público de melhor filme no Festival Internacional Cinefantasy 2019, "Fakir" é um instigante e sempre assustador documentário que fala do Universo do Faquirismo. eu mesmo pouco sabia da existência desses artistas que faziam a alegria de uma platéia afeita a sensacionalismos, que tiveram o auge nos anos 40 e 50 e atingiram o seu declínio com o advento da chegada da televisão, que lhe roubou praticamente todo o público. O universo desses artistas circenses era bem amplo: tinham os faquires e faquiresas que se deitavam sobre uma cama de pregos; outros que engoliam espadas; outros que passavam meses dentro de uma redoma de vidro, junto de cobras e cama de pregos, se alimentando somente de água; os que caminham sobre cacos de vidro e pregos. Com um extenso e minucioso trabalho de pesquisa, a roteirista e diretora Helena Ignez, musa do cinema marginal, evoca a falta de memória do Brasil com os seus artistas, que entram na obscuridade e decadência. Helena também traz um discurso atual, sobre o olhar feminista em relação às mulheres que foram objeto de desejo, erótico e fetichista, de toda uma platéia masculina, que viam nessas mulheres, além dos desafios da profissão, apenas corpos esculturais e provocantes em suas roupas mínimas. O filme apresenta a disputa que havia entre faquires do Brasil, países da América Latina e França, onde a competição era tão grande que muitos viravam celebridades, sendo convidados a viajar para outros países. Muitos desses artistas estão expostos em suas vidas pessoas: suicídios, traições, assassinatos foram alguns casos ocorridos com alguns dos artistas. É muito triste ver ao filme e entender o quanto um Artista aqui no Brasil sofre com o desemprego, o preconceito da sociedade conservadora que viam muitas dessas faquiresas como prostitutas, e o declínio, em função da idade e do corpo que já não suporta mais tanta violência. Helena Ignez traz depoimentos de alguns sobreviventes, e faz linda homenagem conceitual, criando um universo de cabaret, onde elas se apresentam com outros artistas contemporâneos, deixando claro a importância da Arte do Fakir para a Cultura moderna. Narrado pela voz sedutora e inconfundível de Helena Ignez, o filme ainda reserva um capítulo à parte à Luz del Fuego, talvez a mais famosa vedete do Brasil, famosa pela sua apresentação em shows totalmente nua, envolta em cobras.

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