Aqui comento os filmes que assisto...mas sem muito saco de teorizar demais..somente comentando o básico: se gostei ou não hehehe (Comento apenas filmes vistos a partir de Outubro de 2010)
sábado, 14 de setembro de 2019
Fakir
"Fakir", de Helena Ignez (2019)
Grande vencedor do Prêmio do público de melhor filme no Festival Internacional Cinefantasy 2019, "Fakir" é um instigante e sempre assustador documentário que fala do Universo do Faquirismo. eu mesmo pouco sabia da existência desses artistas que faziam a alegria de uma platéia afeita a sensacionalismos, que tiveram o auge nos anos 40 e 50 e atingiram o seu declínio com o advento da chegada da televisão, que lhe roubou praticamente todo o público.
O universo desses artistas circenses era bem amplo: tinham os faquires e faquiresas que se deitavam sobre uma cama de pregos; outros que engoliam espadas; outros que passavam meses dentro de uma redoma de vidro, junto de cobras e cama de pregos, se alimentando somente de água; os que caminham sobre cacos de vidro e pregos. Com um extenso e minucioso trabalho de pesquisa, a roteirista e diretora Helena Ignez, musa do cinema marginal, evoca a falta de memória do Brasil com os seus artistas, que entram na obscuridade e decadência. Helena também traz um discurso atual, sobre o olhar feminista em relação às mulheres que foram objeto de desejo, erótico e fetichista, de toda uma platéia masculina, que viam nessas mulheres, além dos desafios da profissão, apenas corpos esculturais e provocantes em suas roupas mínimas. O filme apresenta a disputa que havia entre faquires do Brasil, países da América Latina e França, onde a competição era tão grande que muitos viravam celebridades, sendo convidados a viajar para outros países. Muitos desses artistas estão expostos em suas vidas pessoas: suicídios, traições, assassinatos foram alguns casos ocorridos com alguns dos artistas.
É muito triste ver ao filme e entender o quanto um Artista aqui no Brasil sofre com o desemprego, o preconceito da sociedade conservadora que viam muitas dessas faquiresas como prostitutas, e o declínio, em função da idade e do corpo que já não suporta mais tanta violência. Helena Ignez traz depoimentos de alguns sobreviventes, e faz linda homenagem conceitual, criando um universo de cabaret, onde elas se apresentam com outros artistas contemporâneos, deixando claro a importância da Arte do Fakir para a Cultura moderna.
Narrado pela voz sedutora e inconfundível de Helena Ignez, o filme ainda reserva um capítulo à parte à Luz del Fuego, talvez a mais famosa vedete do Brasil, famosa pela sua apresentação em shows totalmente nua, envolta em cobras.
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