sábado, 14 de setembro de 2019

Capri Revolution

"Capri revolution", de Mario Martone (2018) Vencedor de mais de 11 prêmios internacionais, "Capri Revolution" concorreu no Festival de Veneza 2018. O filme se baseia em uma história real: Antes da explosão da 1a Guerra mundial, em 1914, na Ilha de Capri instalou-se uma Comunidade de naturistas, formado por artistas e pensadores vindos do Norte da Europa. Entre eles, o pintor alemão Karl Willem Diefenbach, aqui no filme com o nome fictício de Seybu (Reinout Scholten van Aschat). Uma jovem analfabeta, criadora de cabras, Lucia ( Marianna Fontana, excelente), torturada por seus irmãos abusivos e machistas, se encanta com a comunidade quando os vê totalmente nus, pegando sol no rochedo. Escondida da família, aos poucos Lucia vai se envolvendo com a comunidade, e ao mesmo tempo, estudando, aprendendo inglês e tendo auto-afirmação como mulher e seus direitos. Mas a sua família planeja casá-la com um homem mais velho e rico, contra a sua vontade. Com uma estonteante fotografia de Michele D'Attanasio , que valoriza a luz natural da região e a pele nua de seus atores, tanto em cenas diurnas quanto noturnas, o filme remete a filmes como "Midsommar" e "O homem de palha", ambos de terror. Na cena noturna, com todos nus e dançando em torno de uma figueira, parece até que veremos um momento de iniciação como bruxa, visto no cult "A bruxa". É um filme belo, mas lento e com muitos sub-plots, que arrastam o filme mais ainda e tiram o foco do protagonismo de Lucia. existe um plot de um jovem médico, que cuida do pai doente de Lucia, e que faz um embate ideológico com Seybu, numa discussão enfadonha entre Arte X Ciência. O desfecho é cruel com a trajetória de Lucia, provavelmente uma metáfora sobre os novos tempos de censura e de sufocamento ideológico pelo qual passa a Europa, consumida pela extrema direita. As cenas de nudez , coreografadas com muito esmero por Raffaella Giordano, são de uma beleza impressionante.

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