Aqui comento os filmes que assisto...mas sem muito saco de teorizar demais..somente comentando o básico: se gostei ou não hehehe (Comento apenas filmes vistos a partir de Outubro de 2010)
sábado, 14 de setembro de 2019
Capri Revolution
"Capri revolution", de Mario Martone (2018)
Vencedor de mais de 11 prêmios internacionais, "Capri Revolution" concorreu no Festival de Veneza 2018.
O filme se baseia em uma história real: Antes da explosão da 1a Guerra mundial, em 1914, na Ilha de Capri instalou-se uma Comunidade de naturistas, formado por artistas e pensadores vindos do Norte da Europa. Entre eles, o pintor alemão Karl Willem Diefenbach, aqui no filme com o nome fictício de Seybu
(Reinout Scholten van Aschat). Uma jovem analfabeta, criadora de cabras, Lucia ( Marianna Fontana, excelente), torturada por seus irmãos abusivos e machistas, se encanta com a comunidade quando os vê totalmente nus, pegando sol no rochedo. Escondida da família, aos poucos Lucia vai se envolvendo com a comunidade, e ao mesmo tempo, estudando, aprendendo inglês e tendo auto-afirmação como mulher e seus direitos. Mas a sua família planeja casá-la com um homem mais velho e rico, contra a sua vontade.
Com uma estonteante fotografia de Michele D'Attanasio , que valoriza a luz natural da região e a pele nua de seus atores, tanto em cenas diurnas quanto noturnas, o filme remete a filmes como "Midsommar" e "O homem de palha", ambos de terror. Na cena noturna, com todos nus e dançando em torno de uma figueira, parece até que veremos um momento de iniciação como bruxa, visto no cult "A bruxa". É um filme belo, mas lento e com muitos sub-plots, que arrastam o filme mais ainda e tiram o foco do protagonismo de Lucia. existe um plot de um jovem médico, que cuida do pai doente de Lucia, e que faz um embate ideológico com Seybu, numa discussão enfadonha entre Arte X Ciência.
O desfecho é cruel com a trajetória de Lucia, provavelmente uma metáfora sobre os novos tempos de censura e de sufocamento ideológico pelo qual passa a Europa, consumida pela extrema direita.
As cenas de nudez , coreografadas com muito esmero por Raffaella Giordano, são de uma beleza impressionante.
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