terça-feira, 25 de setembro de 2018

Técnica de um delator

"Les doulos", de Jean Pierre Melville (1963) Filme de gangster preferido de Martin Scorsese e de Quentin Tarantino, "Técnica de um delator" é uma obra-prima policial que tem um trabalho formidável de Direção, Roteiro e elenco, aliados à uma trilha sonora poderosa de Paul Misraki e de uma fotografia em preto e branco de Nicolas Hayer, que homenageia o CInema noir americano. Acredito que esse roteiro tenha sido uma referência para que Scorsese realizasse o seu "Os infiltrados", por sua vez, remake de um filme chinês. O tema da fidelidade entre bandidos e a possível traição de um deles como informante da polícia, é a matéria prima desse filme complexo, que engana o espectador o tempo todo. Maurice ( Serge Reggiani) é um bandido que sai da prisão após 6 anos de cadeia. Ele vai procurar um amigo que intercepta jóias roubadas e o mata, roubando dinheiro e as jóias. Em seu caminho, ele cruza com Sillein ( Jean Paul Belmondo), um parceiro do crime, mas que Maurice acredita ser informante da polícia. A cena inicial do filme, com Maurice em longo plano-sequência caminhando por uma travessa, com certeza inspirou Tarantino no início de "Jackie Brown", com a protagonista andando em uma esteira rolante. Muitos virtuosismos de câmera, como a famosa cena de 360o dentro de uma delegacia, ou a bela cena final, debaixo da chuva, com uma fotografia incrível. O filme é essencialmente masculino, e às mulheres são relegados papéis secundários. existe uma cena que provavelmente, se o filme tivesse sido lançado hoje em dia, teria sido massacrada pela galera do politicamente correto: uma das mulheres sendo torturada. É uma cena forte, comandada por um Jean Paul Belmondo arrasador, 3 anos depois do seu mega sucesso em Acossado", de Godard.

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