quarta-feira, 5 de setembro de 2018

O banquete

"O banquete", de Daniela Thomas (2018) Ao final da projeção, imediatamente 3 filmes me vieram à mente: 2 deles poderiam ter sido referências para a cineasta e roteirista Daniela Thomas, o 3o provavelmente não, pois é um filme mais recente. "O anjo exterminador", de Luís Bunuel, e "Quem tem medo de Virgínia Woff", de Mike Nichols, são duas obras-primas do cinema que possuem elementos dentro desse banquete de amor e fúria proposto por Thomas: as inúmeras tentativas dos convidados quererem sair da janta e não conseguirem; a hiprocrisia da classe média alta; o deboche da aristocracia em relação à política, sexo, cultura; a gastronomia como elemento de redenção e de incentivo ao sexo; personagens alcóolatras (Caco Ciocler X Elisabeth Taylor, alcoolizados o filme todo); o desdém da geração madura contra os jovens, vistos como ignorantes e aproveitadores. O terceiro filme é o recente "A festa", de Sally Potter. Assim como Thomas, é um filme escrito e dirigido por mulheres, e que reúne a nata dos atores de seu País. Drica Moraes, Mariana Lima, Caco Ciocler, Gustavo Machado, Rodrigo Bolzan, Chay Suede, Bruna Linzmeyer e duas excelentes atrizes de São Paulo, Fabiana Gugli e Georgette Fadel. O filme é levemente inspirado na sua essência por um fato real: O jornalista da Folha de São Paulo, Otávio frias Filho, escreveu em 1990 na primeira página do seu Jornal, um editorial criticando o Governo Collor. Foi o estopim para que a lei da censura imperasse no País, e Otávio fosse ameaçado de prisão. Thomas tornou em ficção esse fato e chama o sue Jornalista de Mauro ( Bolzan). ele é casado com Beatriz, uma atriz ( Mariana Lima) e são homenageados pelos seus 10 anos de casamento com um jantar na rica casa do casal Nora (Moraes) e Plínio (Ciocler). No memso jantar são convidados o colunista Lucky (Gustavo Machado) e a crítica de teatro Maria ( Fabiana Gugli). Chay Suede interpreta o garçon da festa, e Bruna Linzmeyer e Georgette Fadel saem prejudicadas do filme, pelo pouco tempo de suas personagens em cena: uma aspirante a atriz e a camareira de Beatriz. No jantar, mentiras, traições e revelações são expostas para todos, em um jogo de alta perversidade e devassidão. Assédio, provocação moral, jogo de classes são elementos que fazem esse jantar se tornar memorável, além da possibilidade de Mauro ser peso a qualquer momento. Como filme, o projeto é um acerto e um risco: todo ambientado na sala de jantar, e algumas vezes na cozinha, o filme não esconde a sua fonte teatral, sendo verborrágico do início ao fim. O elenco, em alto padrão, dá conta do recado. Mas como cinema, o filme procura seduzir o espectador. Aos mais atentos, encontrarão diálogos ferozes, provocando inúmeros risos. Ao espectador que busca um filme dinâmico, poderá ser um desafio. A câmera, claustrofóbica, evita planos gerais, expondo em closes os absurdos proferidos pelos personagens. Uma bela mise en scene, auxiliada pela fotografia de Inti Briones.

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