sábado, 3 de dezembro de 2022

Contratempos

"À plein temps", de Éric Gravel (2021) Grande vencedor do Leào de ouro de melhor direção e melhor atriz em Veneza 2021, "Contratempos" traz uma performance extraordinária da atriz Laure Calamy, no papel de Julie., mãe solteira, dois filhos pequenos, moradora da periferia de Paris, distante da capital, e tendo que se desdobrar em várias conduções para chegar ao seu trabalho como camareira chefe em um Hotel de Paris. Julie luta sozinha para criar seus dois filhos no campo e manter seu emprego em um palácio parisiense. Quando finalmente consegue uma entrevista para um cargo que corresponda às suas aspirações, eclode uma greve geral, paralisando os transportes. Julie precisa se desdobrar: fazer a entrevista e sair durante seu horário de trabalho sem que a sua gerente do hotel saiba; chegar na entrevista na hora certa e asseada e bem vestida; chegar em casa a ponto de buscar a scrianças que deixou com uma vizinha. No meio de tanta loucura e caronas para não chegar atrasada, ela aind atenta ligar para o ex-marido, que simplesmente ignora totalmente a existência de seus filhos. Laure Calamy, protagonista do igualmente poderoso e angustiante "Uma mulher do mundo", tem papel semelhante nos dois filmes: se desdobra em várias para pagar as contas, mãe solteira, polivalente, pró-ativa e não leva desaforos para casa. "COntratempos"poderia perfeitamente ser um filme dos irmãos Dardenne: a protagonista é representante do povo, da class emarginalizada; o filme é humanista e discute questões sociais; e a câmera acompanha a protagonista em 100% da projeção. Um grande filme, sofrido, angustiante, com uma câmera incrível, edição ágil. E uma cena final tão emocionante e catártica, de fazer chorar.

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