domingo, 5 de maio de 2024

Forever young

"Les amandiers", de Valeria Bruni Tedeschi (2023) "Você acha que ser atriz é ser uma exibicionista? Porque você quer atuar?" Com essas perguntas, se dá início ao filme "Forever young", escrito e dirigido pela atriz e cineasta Valeria Bruni Tedeschi. O filme concorreu à Palma de ouro em Cannes 2023, mas um escândalo envolvendo o seu jovem protagonista, o ator Sofiane Bennacer, 25 anos, e namorado de Valeria, 54, abafou as chances do filme ganhar prêmios: ele foi acusado de assédio por 4 mulheres. O filme é um relato auto-biográfico de Valeria, que é baseado em suas experiências como estudante de interpretação na escola de teatro Les Amandiers em Nanterre na década de 1980, onde estudou com os prestigiados diretores e atores Patrice Chéreau e Pierre Romans. Envolvendo aids, aborto, suicídio, drogas e assédio moral e sexual, o teor do filme não difere de outros que falam do memso tema de jovens atores em busca de um lugar ao sol. Stella (Nadia Tereszkiewicz) é o alter ego de Valeria. De família rica, ela sente que está perdendo sua juventude, e decide se inscrever à uma vaga no curso de teatro. Na audição, vários alunes são entrevistados e fazem cenas de interpretação, e finalmente, 12 são escolhidos.Stella acaba se envolvendo com o aluno Etienne (Bonnacer), viciado em heroína e violento depressivo. Patrick Chereau é interpretado por Louis Garrel, um professor extremamente exigente e em uma cena decsonfortável, assedia sexualmente um aluno. Com ótima direção de atores de Valeria, o filme é um painel naturalista sobre os anseios da juventude que deseja encarar aulas d einterpretação, com cenas de ensaio, ansiedade, frustração. Me lembrei imediatamente de "Fama", de Alan Parker, um filme obrigatório para quem busca espelhar o universo artístico.

O clã

"Le clan", de Gaël Morel (2004) Com roteiro escrito por Christophe Honoré e pelo cineasta Gaël Morel, "O clã" é um dos filmes mais homoeróticos e sensuais, repletos de alta carga erótica que assisti em anos. E isso sem ser vulgar: são cenas de aparo de pelos pubianos, de pelos nas nádegas, de 3 irmãos se abraçando e dormindo nús juntos, de sexo entre homens, de masturbação entre broderagem...e sério, nada vulgar, tudo captado de forma poética, auxliado pela escalação de 3 atores dos mais footgênicos que voc6e possa encontrar em um filme. A história é sobre o amor entre 3 irmãos e o pai deles, todos algerianos, morando nos alpes. Após a morte da mãe e esposa, os 4 homens da família se desestruturam e procuram encontrar um caminho para seguir o luto. Sem o norte da figura feminina, cada um tem a sua história de encontros e desencontros, em um filme dividido em 3 capítulos, cada um narrando um ponto de vista de um dos irmãos. Marc (Nicolas Cazalé) desde a morte da mãe se tornou rebelde e envolvido com drogas, ale'm de raspar a cabeça e ficar semi-nu o tempo todo. Olivier (Thomas Dumerchez), 17 anos, é tímido e não consegue se relacionar com seus irmãos e seu pai, e está descobrindo a sua sexualidade com Hicham, amigo de MArc, por quem está apaixonado. Christophe (Stéphane Rideau), o mais velho, é um ex-delinquente. e agora libertado da prisão, procura se reinserir no mercado de trabalho. O pai (Bruno Lochet), procura entender seus filhos, ao mesmo tempo que está em luto pela morte da esposa. Em diversos momentos, me lembrei do filme "Pai e filho", de Alexandet Sokurov, onde é insunuada uma relação incestuosa. O filme é belíssimo, com fotografia que intensifica a beleza das locações e dos atores, todos muito belos e talentosos. A melancolia reina na narrativa, sempre sob uma sombra de alguma tragédia eminente. Sensível, a história prende a atenção do espectador, principalmente na opção de ser dividida em 3 atos, onde fica a curiosidade sobre a história de cada um dos irmãos.

O tarô da morte

"Tarot", de Spenser Cohen e Anna Halberg (2024) Eu sempre tenho problema com esses filmes de terror onde um grupo de adolescentes sem ter algo melhor a fazer acabam conjurando espíritios através de um jogo. Eu não consigo torcer por nenhum deles. Aqui em "O tarô da morte", livre adaptação do livro escrito em 1992 por Nicholas Adams, "Horroscope", temos um grupo de amigos de faculdade que alugam um airbnb para um final de semana e no porão da casa, encontram um veljo tarô abandonado. Uma das amigas entende de astrologia e lê as cartas pros amigos. Mas o que não imaginavam, era que as cartas estavam amaldiçoadas: séculos atrás, uma astróloga leu as cartas de um conde, e ao ler que a morte rondava a vida da esposa dele, o conde mandou matar a filha dela. A mulher se vinga amaldiçoando a todos. Agora, o grupo precisa encontrar um jeito de acabar com a maldição, enquanto um por um vai morrendo. O que tem de interessante aqui no filme são as mortes. Existem 2 cenas que de fato, valem fazer ver o filme, por mais que ele seja genérico: a cena de uma morte de uma personagem sendo serrada ao meio, como em um número de mágico, e uma que acontece no elevador. Do elenco, o destaque é Jacob Batalan, o ator que interpreta o melhor amigo de Peter Parker de Tom Holland. Para quem gosta da franquia 'Premonição", o filme certamente vai ser bem visto. O que me irritou, e isso deve ser para conter gastos, todas as cenas de morte são em ambientes desertos, seja no metrô, seja na faculdade.

O concorrente

"The contestant", de Clair Titley (2023) Documentário fascinante que apresenta uma história real ocorrida no Japão em 1998, uma época onde os realities shows estavam começando a chamar a atenção do público. Assim como em "O show de Truman", um homem teve toda a sua vida televisionada para 3milhões de espectadores sem que ele soubesse, e mais, totalmente nú e trancafiado em um pequeno cubículo. Essa é a história de Nasubi, um jovem aspirante a ator e comediante, que se inscreveu no programa "Denpa Shonen: Uma Vida em Prêmios". Ele venceu outros candidatos e desde então, teve a chance de ganhar o prêmio, mas para isos, foi forçado a ficam sem roupas e sem suprimentos. Para sobreviver, ele deveria participar de sorteios que constavam em cupons em revistas. Ele ganhava desde pacotes de arroz, biscoito, até peças de roupa. Ele foi emagrecendo aos poucos, e sua saúde física e mental deteriorando,. Pelas regras do programa criado pelo produtor de tv Toshio Tsuchiya, Nasubi poderia ir embora a qualquer momento. Mas a obsessão em ganhar o deixou ficar por um período bastante longo, acompanhado por milhares de espectadores, rendendo livros e toda uma espécie de merchandising. O filme faz um retrato crítico sobre sobre o masoquismo dessa espécie de realities, onde pessoas são submetidas a tdo o tipo de humilhação e constrangimento, e isso em 1998. A cena mais impactante é quando Nasubi, no dia que decsobre que ganhou o prêmio, é exposto nu na frente de centenas de pessoas, e fica em choque. A reviravolta d atrama é mostrar o quanto Nasubi ficou afetado psicologicamente, precisando do apoio de sua família e o seu isolamente em Nepal, para cuidar de sua saúde mental, e a sua quase morte em uma avalanche. A crueldade do ser humano pela busca da aaudiência ganha contornos quas etrágicos aqui nessa história absurdamente triste.

sábado, 4 de maio de 2024

Fire island

"Fire island", de Myles Clohessy (2023) Raro slasher gay, "Fire island" é uma produção independente rodada durante a pandemia,e. tendo a covid como pano de fundo. Após o suicídio de seu namorado, que se matou assim que foi anunciada a pandemia, Troy (Connor Paolo)se deprime e fica trancado em casa sozinho. Sua amiga Sam (Annie Fox) o convida para passar um final de semana em Dire Island com mais 4 amigos: um casal de lésbicas e um casal hetero, para passarem sem máscara e furar o bloqueio da covid no local onde haverá festas e pegação. Ao chegarem lá, eles se divertem, mas um assassino vestido com máscara vai matando um a um. É fácil saber os motivos dos crimes e prestando bem atenção, é fácil também identificar o assassino, no meio de pistas falsas. Para um filme sem muito dinheiro e feito à toque de caixa, o filme até que funciona, mesmo tendo questões técnicas e de direção/elenco ainda crus. Mas dá para passar o tempo, se as cenas de violência fossem mais gore, certamente seria um filme bem melhor.

sexta-feira, 3 de maio de 2024

Garfield- Fora de casa

"The Garfield movie", de Mark Dindal (2024) Terceiro filme da franquia iniciada em 2004 e depois em 2006. "Garfield- Fora de casa" se diferencia dos filmes anteriores por ser 100% animado, sem uso de live action. Com vozes de Chris Pratt (Garfiled), Samuel L. Jackson (Vic, o pai de Garfield) e Nicholas Hoult (Jon, tutor de Garfield), o filme é muito divertido, e repleto de momentos fofura, com Garfield baby, mostrando como Jon conheceu Garfield e passou a morar em sua casa. O prólogo apresenta Garfield sendo abandonado pelo seu pai, Vic, e anos depois, Vic retorna, querendo que Garfield e Odie, o cachorro, ajudem Vic e uma gangue liderada por Jinx (Hannah Waddingham), ex-namorada de Vic e que agora busca se vingar dele, a roubarem leite de uma fazenda. O filme tem um ritmo excelente e ótimas piadas envolvendo Garfield, Jon, Odie e um elenco de apoio hilário, como um búfalo. Tem uma cena cruel onde um personagem é devorado por Jinx, achei até forte pra criançada. O filme também é repleto de merchandising, como Fedex e tantos outros, afinal, agora GArfield encomenda comida pelo aplicativo estilo Ifood.

Ciao

"Ciao", de Yen Tan (2008) Concorrendo no Festival de Veneza em 2008, "Ciao" é um melancólico drama Lgbt que fala sobre morte e luto dentro da comunidade queer. Quando seu melhor amigo morre em um acidente de carro, Jeff (Adam Neal Smith) resolve admnistrar todos os pertences pessoais do falecido, incluindo responder aos emails e comunicar a morte de Mark. Andrea (Alessandro Calza), um italiano, escreve dizendo a Mark que quer ir até Dallas e visitar a cidade da pessoa que ele ama. Ao ser informado da morte dele, Andrea decide atender ao pedido de Jeff e conhecer a cidade assim mesmo, emm emória. Andrea e Jeff vivem seus lutos, ao mesmo tempo que a tristeza e a conexão entre ambos irá fazer com que se aproximem cada vez mais intimamente, não pelo apelo sexual, mas pela tristeza e carência afetiva. Um filme rodado com bastante sensibilidade, sem apelar para o óbvio, "Ciao" é um filme bem triste, onde o enlutamento está sempre ali, presente. Os dois atores são bons e bastante fotogênicos, e a câmera explora bastante os olhares e a tristeza no olhar. O momento onde ambos se abraçam em sua solidão na cama é memorável.

Gray matter

"Gray matter", de Meko Winbush (2023) Resultado de uma temporada de "Projeto Greenlight", projeto de reality promovido pela HBO onde cineastas iniciantes disputam a grande chance de realizar o seu 1o longa. "Gray matter", escrito por Philip Gelatt, é totalmente chupado de "A fúria", de Brian de Palma, "Chamas da vingança", adaptação de Stephen King e, principalmente, de 'Stranger things", mais precisamente da personagem de Eleven, cujo poster chupa a performance da atriz Milly Bobby Brown. Aurora (Mia Isaac), 16 anos, mora com sua mãe. Ayla ((Jessica Frances Dukes) em uma casa no sub;urbio, e não conhece o mundo exterior. Sua mãe a impede de sair, e Aurora aprendeu tudo com a sua mãe, inclusive o uso dos poderes telecinéticos, que as fazem mover objetos, teletransportar, entre outros feitos. Quando Aurora decide se encontrar pessoalmente com um garoto da redondeza com quem ela mantinha contato online, um trágico acidente acontece, até que ela é levada para um laboratório secreto, comandado por Derek (Garret Dillahunt). O filme é modesto, os efeitos são simpels e quase toda a narrativa acontece em interiores, com muita verborragia. Aos amantes dos filmes de ação, o claustrofóbico cenário poderá fazer com que se aborreçam de cara, pois muito pouca ação acontece na narrativa, certamente por conta do pouco orçamento oriundo do projeto Greenlight.

Uma tarde

"En eftermiddag", de Søren Green (2014) Premiado curta LGBTQIAP+ dinamarquês, uma tarde é um romance super fofo sobre o primeiro amor de 2 adolescentes, os amigos Frederick (Jacob Ottensten) e Mathias (Ulrik Windfeldt-Schmidt). Mathias sempre escondeu a paixão que sentia por Frederick, mas decidiu que hoje é o dia de se revelar. Com uma premissa simples, mas filmada e interpretada com muita sensibilidade, 'Uma tarde" seduz e faz o público se apaixonar, pois afinal de contas, era o que todos amariam ter passado com o seu melhor amigo de adolescência. uma graça, e que final lindo!

The dead boy's club

"The dead boy's club", de Mark Christopher (1992) Que curta poderoso! Fiquei emocionado com essa pérola, um filme de 1992 e que homenageia os amigos do cineasta Mark Christopher , mortos pelo HIV. O filme trabalha com o realismo fantástico para lidar com o tema do luto, morte e empoderamento gay, através de seu protagonista, o jovem Toby, recém-saído da faculdade em Wisconsin, e que vem a Manhattan para passar o verão com seu primo mais velho, Packard, um homem gay cujo amante, John. acaba de morrer de AIDS. Toby é tímido, e ainda está no armário. O universo gay, as cantadas de homens o assustam e ele não sabe lidar com a sua sexualidade e desejo. Quando seu primo lhe dá de presente o par de sapatos que pertencia a John, algo mágico acontece: Toby se teletransporta para os anos 70, antes da AIds, em ambientes de pegação gay, onde os homens podem ser felizes e livres na sua busca por prazer e sexo. Ao caçar os sapatos, Toby se empodera e assume a sua sexualidade, mas ao tirá-los, ele volta a ser o tímido e retraído de sempre. O diretor e o fotógrafo foram bastante felizes ao trazerem texturas diferentes ao filme, rodado em película. No enatnto, ao apresentar o flashback dos anos 70, a textura lembra os filme spornôs antigos, repletos de granulação, e é incrível! E mais extraordinária, é o uso do clássico de Thelma Houston, 'Don't leave me this way", toda vez que Toby volta ao passado. Um filme soberbo e genial!

Venho te buscar

"Te vengo a buscar", de Jose Provencio (2023) Dani e Carlo são dois amigos que sempre amanhecem em Madrid em alguma sauna gay, em busca de diversão e de drogas, visto que as saunas gays são os unicos ambientes festivos que funcionam 24 horas. Carlo é mais enturmado com o ambiente gay e não se inomoda em fazer sexo com homens em troca de drogas. Já Dani é mais reservado e não gosta do ambiente. Quando eles ouvem falar que um homem mais velho, apelidado pelos frequentadores de "O homem do balanáco"( ele utiliza uma corrente sadomasô) tem frequentado o local, para surpresa de Dani, ele reconhece ali o seu pai. Um filme ousado, provocativo, que me lembrou o cult de Taiwan "O rio", onde filho e pai fazem sexo em uma sauna gay sem saberem quem são, por conta da escuridão. Com ótima fotografia que intensifica a atmosfera fetichista e sórdida de um ambiente onde o sexo emana em todos os lugares, o filme traz performances instigantes do elenco.

Um beijo

"Un bacio", de Ivan Cotroneo (2016) Dirigido e escrito pelo italiano Ivan Cotroneo ( um dos roteiristas do cult "Um sonho de amor", com Tilda Swinton), "Um beijo" parece uma refilmagem do clássico adolescente "As vantagens de ser invisivel", com uma pitada de "Glee" e "500 dias com ela". Misturando drama, romance, comédia melancólica, musical e lirismo, "Um beijo" comove e diverte, apesar do seu final bastante trágico. Lorenzo é um adolescente assumidamente gay que é adotado por um casal de mente aberta. Ao chegar no colégio, ele sofre bullying, mas a sua forte personalidade o faz enfrentar as adversidades. Logo, ele fica amigo de Blu, uma menina rebelde, que também sofre bullying porque um video em que ela faz sexo foi viralizado. Antonio é um esportista que sofre pela morte de seu irmão e acha que seus pais preferiam que ele tivesse morrido no lugar do irmão. Bonito, ele vira paixão platónica de Lorenzo. Os 3 ficam amigos e se unem em suas fraquezas, ao som de muita musica pop. Os 3 atores lembram bastante os atores de "As vantagens de ser invisível", e como lá, são bastante talentosos. O roteiro trabalha em cima de cliches do tema adolescente, mas a direção inteligente de Ivam Controneo consegue equilibrar a obviedade com o frescor de um filme repleto de referencias. A primeira parte é mais solar, e a segunda vai se tornando bastante dramática. Um bom exemplo de filme adolescente que respeita a inteligencia da garotada. Vale assistir e depois discutir com os amigos sobre os temas propostos no filme. Ótima trilha sonora que vai de Lady gaga, New Order, Mika, Blondie e outros.

quinta-feira, 2 de maio de 2024

Uma idéia de você

"The idea of you", de Michael Showalter (2024) Adaptação do romance best seller escrito por Robinne Lee em 2017, "Uma idéia de você altera o final do livro, que muitos leitores ficaram revoltados. O filme é um drama romântico musical, que traz o romance entre a dona de uma galeria de arte, Solène Marchand (Anne Hathaway), mãe da adolescente Izzy, e um cantor de boy band, Hayes Campbell (Nicholas Galitzine, de "Vermelho, branco e azul"), muito mais jovem do que ela. Eles se conhecema o acaso quando Solene leva sua filha ao festival Coachella. O encontro casual acabou se tornando um romance, que a princípio, Soléne evita, mas não resiste. Mas o relcionamento vem à mídia, e Izzy sofre bullying na escola. Preocupada com sua filha, Soléne decide romper com Hayes, que sofre e decide largar a banda. O filme é correto e traz uma trama que fará apaixonados por romances se emcoionaram e torcer pelo casal, e certamente, muita gente irá chorar no fim. Anne Hathaway está belíssima, e Nicholas Galatzine não fica atrás, no esplendor de sua beleza. As cenas musicais com a boy band fazem relembrar Backsteet boys, e acho até que o elenco escolhido está um pouco acima da idade do que deveria ser um grupo de rapazes ídolos de adolescentes, mas nada que estrague o prazer de assistir ao filme.

Old fox

"Lao hu li", de Hsiao Ya-chuan (2023) Ambientado em 1987 em Taipei, capital de Taiwan, ano em que a lei marcial deixou de vigorar e abrindo espaço para a democracia, o filme traz um retrato dramático e comovente sobre a grande disparidade que começou a surgiu entre as classes sociais, nitidamente divididos entre ricos e pobres. Liao Jie (Bai Run-yin ), 11 anos, mora com seu pai, Liao Tai-lai ( Kuan Ting-Liu ) em um subsolo de um bairro pobre. O prédio pertence a Boss Xie (Akio Chen), conhecido como a "velha raposa". O menino ama seu pai, que trabalha como garçon em um restaurante e sonha em poder comprar o apartamento e montar um salão de cabeleireiro, sonho de sua falecida esposa. Quando Jie faz amizade com a "velha raposa", o homem ensina ao menino que é importante ser ambicioso e passar por cima das pessoas sonhadoras e boas, como seu pai, para poder vencer na vida. Jie fica dividido entre 2 ensinamentos bastante díspares, e entra em conflito com seu pai. Um melodrama que encontra fácil identificação com o público, com todos os elementos que irão arrancar lágrimas da platéia. A reconstituição de época é muito boa mas o que de fato chama a atenção é o trabalho dos 3 protagonistas, cada um de uma geração. Um química maravilhosa e um carisma que ajudam a trazer sensibilidade à história.

Kodar- the primordial God of light and ether

"Kodar- the primordial God of light and ether", de Will Ropp (2023) Escritor, produtor e diretor desse incrivel curta, premiado em festivais e baseado em fatos de sua infância, a estréia de Will Ropp como cineasta é uma melancólica e ao mesmo tempo festivo drama sobre duas pessoas no limite de suas capacidades emocionais: o médico (Nick Skardarasy) e sua paciente (Maddie Ziegler) que se encontram na clínica onde o médico atende, durante o dia de Halloween. Aconselhado por ser terapeuta, o inseguro e introvertido médico se veste de Kodar, o Deus da luz e do éter para atender os seus pacientes. Desde a recpcionista até os pacientes, todos zoam de seu visual, e o médico se sente fragilizado. Quando ele é obrigado a atender uma apciente que irá receber o diagnóstico de câncer, acaba que ela é a única que consegue se divertir com o médico. Sensível e aconchegante filme, com um belo roteiro e performances comoventes de seus atores. O momento da revelação do câncer é um show de atuação e de delicadeza na direção, que evita sentimentalismo e faz com que seus personagens ajam de forma realista.

Piscine pro

"Piscine pro", de Alec Pronovost (2022) Concorrendo em Sundance 2022, "Piscine pool" é uma excelente comédia de humor ácido, baseado na história do próprio cineasta. Recém formado na faculdade, Charles Olivier se encontra desempregado. Ele acaba pegando um emprego temporário em uma grande loja que vende artigos para piscina. Ele, que é um amante do heavy metal, é obrigado a conviver com patrão histérico, empregados tão ou mais frustrados do que ele, clientes sem noção, até que ele dá de cara com um ex-colega da faculdade que foi convidado para uma palestra em Oslo. O cineasta Alex Pronovost largou seu emprego temporário na loja após 3 meses de trabalho. O seu alter ego é uma figura hilária, e certamente, um tipo de narrativa e humor que vai fazer muita parte do público se identificar.

Mamãe, o que há com o cachorro?

"Maman, il a quoi le chien?", de Lola Lefèvre (2022) Vencedor de um prêmio especial no Festival de Annecy, dedicado à animação, o filme francês escrito e dirigido por Lola Lefèvre é bastante ousado em seu conteúdo e fala sobre a decsoberta da sexualidade e do seu próprio corpo pelos olhos de Gwen, uma menina de 11 anos que mora com seus pais e seu cachorro. Ao assistir um filme na tv com os pais, Gwen se excita com uma cena de sexo. Seus pais imediatamente desligam a tv pelo conteúdo inapropriado. Em seguida, no almoço, Gwen testemunha o cachorro fazendo sexo com uma couve flor. Gwen vai ficando cada vez mais obcecada com o seu corpo, a descoberta dos pelos pubianos, o líquido vaginal e finalmente, a masturbação. Os traços da animação são muiuto interessantes, a animadora utilizada riscos e traçados que aumentam o tom de paranóia pela qual a personagem vai sentindo à medida que não consegue mais segurar os desejos de seu corpo. Um filme adulto que certamente muita gente irá se identificar.

Pessoas humanas

"Human persons", de Frank Spano (2018) Co-produção envolvendo o Brasil, "Oessoas humanas" foi rodado em Chicago, Medelin e Panamá. O filme é baseado em história real e tem como ponto de partida o tráfico de órgãos. Nos Estados Unidos, uma organização criminosa, liderada por Jack e tendo ncomo chefe de operações James (Luis Fernández), um imigrante colombiano que mora há 35 anos nos Estados Unidos. Após o contrabando de um fígado dar errado por conta de incompatibilidade, James é obrigado à retornar à Colômbia, páis onde não visita desde que saiu de lá, sequestrado quando criança e vendido pelo tráfico a Jack, a quem considera "pai". James tem um prazo para trazer um novo rim, pois o comprador está na mesa de operaçõs. Tendo que se relacionar com um criminoso local, João (Roberto Birindelli), James precisa lidar com os fantasmas do passado e com seu filho pequeno, que é ameçado caso James não consiga o rim. O filme foi exibido no Festival do Rio e me lembrou bastante o filme de terror rodado no Brasil "Turistas", que também fala sobre tráfico de órgãos. No início, "Pessoas humanas" flerta com o terror, quando uma mulher acorda em uma banheira com o fígado retirado, mas depois vai na busca de uma narrativa que mescla drama e trama policial com atmosfera anos 90, com personagens maniqueístas que são bem claros em sua maldade. Tecnicamente, o filme tem ótima fotografia e capta bem as locações, com drones bem cinematográficos. Mas o ritmo arrastado e a trama que deixa confuso o flashback fazem o espectador se esforçar para compreender melhor a trama.

terça-feira, 30 de abril de 2024

A paixão segundo G.H.

"A paixão segundo G.H.", de Luiz Fernando Carvalho (2023) Escrito em 1964 pela escritora Clarice Lispector, "A paixão segundo G.H." é um monólogo de G.H (Maria Fernanda Candido), uma mulher branca, escultora, de classe média alta, que mora em uma cobertura na Tijuca, zona norte do Rio de Janeiro. ela mora sozinha com sua empregada negra Janair (Samira Nancassa). Quando G.H. decide demitir Janair, decide ela mesma a arrumar o apartamento. Ao começar pelo quarto da empregada, G.H. se horroriza ao avistar uma barata e ao matá-la, deflagra um processo de crise existencial. Com uma direção de arte refinada de Joao Irenio Maia e fotografia belíssima de Paulo Mancini e Mikeas Lino, o filme é deixa claro o quanto o visual e atmosfera são extremamente importantes para poder trazer o espectador a esse universo onirico e poético da protagonista. O filme não tem narrativa convencional, e pode ser visto como vídeo arte ou filme ensaio. Aos espectadores em busca de entretenimento, podem se assustar com a proposta experimental de Luiz Fernando Carvalho. Quem está em busca de estímulos visuais e sensoriais, deve certamente se identificar com o filme.

Horizonte

"Horizonte", de Rafael Calameni (2023) Prêmio de Melhor Longa-metragem na 2a edição do Festival de Cinema de Vassouras em 2023, "Horizonte" é a estréia do ator Rafael Calomeni na direção. O filme conta com um ótimo time de atores veteranos: Ana Rosa, Suely Franco, Raymundo de Souza, além de Alexandra Richter, Ronan Horta, Paulo Vespúcio, entre outros. Totalmente rodado em Aparecida de Goiânia, Goiás, o filme conta a história de Rui (Souza), solteiro e morando nos nos fundos da casa do irmão viciado em jogos e que acabara de falecer. Seu sobrinho se muda para ali, com a esposa e dois filhos, e do nada, o sobrinho impõe regras e quer comandar a casa. Rui decide ir morar em uma “vila para idosos”, construída por uma ONG. Lá, conhece Jandira (Ana Rosa) e os dois passam a se conhecer melhor. Filme cujo maior trunfo é a atuação de seu elenco, todo bem entrosados e com ótima direção de atores de Calameni. O ritmo é bem lento e o filme acaba parecendo ser mais longo do que é. Mas o fato de ser rodado em uma região ainda pouco conhecida pela filmografia brasileira lhe confere um frescor que é super bem vindo.

segunda-feira, 29 de abril de 2024

Desertos

"Deserts", de Faouzi Bensaïdi (2023) Concorrendo no Festival de Cannes na mostra Quinzena dos realizadores em 2023, "Desertos" é um curioso filme marroquino co-produzido por Alemanha, Marrocos, Bélgica e França. Muitos críticos apontaram a mudança de tom na 2a metade do filme. No 1o ato, o filme parece uma coleção de sketches sobre 2 cobradores de dívidas de uma empresa, que estão incumbidos de cobrarem de moradores de aldeias pobres no sul de Marrocos. São pessoas que fizeram empréstimo mas que por conta de doença de familiares, desemprego e acúmulo de despesas ficaram sem condições de pagarem a dívida. Mehdi (Fehd Benchemsi) e Hamid (Abdelhadi Talbi) fazem de tudo para tentar cobrar os valores, se contentando em pegar valores como tapetes velhos, cabras e alimentos. Na empresa, a dona alerta a dupla que dos cobradores, eles são os piores, sem terem conseguido cobrar nada. Quando retornam à estrada, eles encontram um fugitivo vagando na estrada, que rouba o carro da dupla. O fugitivo vem a ser um homem cuja esposa foi pega à força por um pretendente e agora ele precisa pagar um valor alto se quiser a esposa de volta. Rodado em Marrocos, o filme tem um visual espetacular, captado pela fotografia de Florian Berutti. Transitando entre o humor de situação e de gags visuais, o filme inesperadamente altera o genero na 2a metade, indo para o drama e o thriller. Poderia perfeitamente ser 2 filmes distintos. O que os aproxima, além da dupla de protagonistas, é o tema da dívida. Uma crítica à situação caótica pela qual passa Marrocos, conhecida mundialmente como um paraíso turístico, mas a pobreza e o desalento de sua população pobre é pouco explorada. Um desfecho melancólico que simboliza um país em conflito social e moral.

A matéria noturna

"Matéria noturna", de Bernard Lessa (2023) Drama realizado em Vitória, "Matéria noturna" fala sobre personagens solitários em uma grande metrópole e como o destino os aproxima. Ese tema já foi visto em muitos filmes, mas aqui, ganha contornos sociais: Jaiane (Shirleine Paixão) é motorista de Uber e de noite, canta em uma roda e samba. Aissa (Welket Bungué) é um marinheiro moçambicano que por problemas no navio, precisa ficar em terra até a embarcação ser consertada. Ambos são negros e solitários. Aissa está com problemas conjugais: sua mulher, que está em Moçambique, reclama a sua ausência. Jaiana teve um aborto recente, está com problemas familiares e insatisfeita com seu trabalho. E mais: el sofre pânico e se sente insegura na cidade, com a constante sensação de estar sendo perseguida. Ambos se encontram e se conhecem no bar onde Jaiane canta. O filme conta com um trabalho excelente dos dois atores e uma fotografia que traz a sensação de melancolia da fotógrafa Safira Moreira. A trama traz um ritmo bastante intimista e segue lenta e contemplativa.

domingo, 28 de abril de 2024

Contra o mundo

"Boy kills world", de Moritz Mohr (2024) Excelente filme de ação sobre um protagonista que busca a sua vingança. Recentemente, tivemos "Fúria primitiva", com Dev Patel diriindo e protagonizando uma história bastante parecida. mas opa! Histórias de vingança sempre existiram, e de uma década para cá, todos eles trazem em sua linguagem, muito efeito especial, humor ácido, violência extrema e uso de câmeras mescladas à computação gráfica. Ressuscitado com "Kill Bill", tivemos "John Wick" e tantos outros filmes de protagonista silencioso mas muito fera na porradaria. Aqui, Boy (Bill Skasgard) leva ao pé da letra as poucas falas desse tipo de personagem: ele não fala, em consequência de ter tido a sua língua cortada. Em um mundo distópico, a família Van Der Koy governa o país: a matriarca, Hilda (Famke Janssen) promove uma vez por ano, a morte televisionada de rebeldes que agem contra o governo, entre eles, a mãe e irmã de Boy. Deixado para morrer na floresta, ele é salvo por um misterioso xamã (Yayan Ruhian), que o treina para se tornar um lutador imbatível e poder se vingar de todos que massacraram a sua família. Esse tipo de filme não tem erro, para quem busca porradaria, violência e muita ação estilizada, é sensacional. Bill Skasgard, que estava se especializando em vilões "it", "John Wick", manda muito bem como o mocinho, em lutas muito coreografadas e sangue aos borbotões. Famke Hanssen está malvada na medida, assim como todos os outros bad boys e bad girls com quem Boy precisa lutar contra.

Destino das sombras

"Destino das sombras", Klaus'berg (2022) Escrito e dirigido pelo cineasta Klaus'berg, "Destino das sombras" é um terror brasileiro de produção independente e rodado no Espírito Santo. A premissa do filme é o desaparecimento real de crianças: aais de 1,5 milhão desaparece por ano no mundo, e aqui no Brasil, são 45 mil por ano. Tendo como referências clássicos do gênero, como "A bruxa de Blair" e "Os outros", o filme acompanha os amigos Marcos e Sérgio que passam o final de semana na fazenda da família de Sérgio. Marcos acabou de se separar da esposa e decide levar sua filha pequena, Eduarda, para passear com eles. A caseira da casa, Dona Ária, conta a eles sobre o desaparecimento de crianças na região. O filme foi rodado com baixo orçamento e o elenco conta com poucos personagens e uma única locação. Para quem gosta de terror, é um exercício interssante, e mesmo sem grandes novidades no roteiro, funciona.

sábado, 27 de abril de 2024

Love lies bleeding- O amor sangra

"Love lies bleeding", de Rose Glass (2024) Concorrendo no Festival de Berlim e de Sundance 2024, "O amor sangra" lembra muito os filmes de ação e adrenalina de Tarantino, mas com uma diferença: ele é dirigido, escrito e protagonizado por mulheres. Em uma trama onde os homens não são confiáveis, e muito menos as mulheres, o filme aposta na sub-trama do amor lésbico comandando um arsenal de mortes e vingança. O filme é produzido pela prestigiada A24, e traz nos papéis principais, Kristen Stewart e Katy O'brien, nos papéis de Lou e Jacky. No elenco de apoio, os talentos dos excelentes Ed Harris, Jena Malone e Dave Franco, além da presença magnética da ótima Anna Baryshnikov, no papel de Dayse. Lou trabalha em uma academia de ginástica no Novo México. Quando a lutadora de bodybuilding chega para treinamento, quando estava a caminho de um campeonato, ambas se apaixonam. Lou é filha do traficante de armas Lou (Harris) e irmã de Beth (Malone), casada com JJ (Franco). Após um crime que acontece por mal entendido e sob o efeito de esteróides, Jacky percebe que não consegue controlar sua fúria. O filme tem um dos desfechos mais bizarros e aleatórios que assisti em tempos, e ainda assim, é satisfatório pela sua pôrra louquice. Digamos que lembre "She Hulk". Mas o filme é movido a sexo e violência, na melhor tradição de filmes dos anos 90, onde as cores da fotografia, a trilha sonora embalavam tramas estilizadas. As atrizes estão ótimas e super vale a pena assistir ao filme, de fato, imprevisível.

Infested

"Infested", de Sébastien Vanicek (2024) É curioso como o cinema vez ou outra traz filmes de origem distintas, mas lançadas na mesma época e que trazem história idêntica. "Infested", produção de terror francesa, é quase a mesma história do americano "Sting". Ambos os filmes falam sobre ataques de aranhas assassinas em um prédio onde os moradores estão trancafiados, e um a um, as aranhas vão matando os moradores do prédio. O que difere "Infested" de "Sting" é que aqui, o terror serve como pano de fundo para uma fantasia de conho social: em um prédio da periferia de Paris, imigrantes negros e árabes convivem na pobreza e na falta de oportunidades de trabalho, além de ter que c\lidar com a presença constante da polícia que os achaca e os recrimina. Kaleb é um jovem árabe que mora com sua irmã Lila em um apartamento do prédio. Lá, também moram amigos dos irmãos. Quando Kaleb traz para casa uma aranha exótica que ele comprou em uma loja, ele decsobre que ela reproduz rapidamente e que os ataques delas são mortais. O cineasta Sébastien Vanicek, por conta do trabalho de camera do filme, foi convidado para dirigir um novo filme "Evil dead". De fato, tecnicamente o filme é surpreendente, não devendo em nada os filmes de produção americana. O contexto de que a polícia fecha o cerco no prédio e todos estão proibidos de sair é bom, deixando toda a tônica do terror mais complexa.

sexta-feira, 26 de abril de 2024

Humane

"Humane", de Caitlin Cronenberg (2024) Longa de estréia da filha de David Cronemberg, Caitlin Cronenberg, que assim como o seu irmão também cineasta, Brandon Cronembergm, são herdeiros de um tipo de cinema que David fazia em início de carreira. São filmes que mostram uma visão sombria da sociedade. Em um futuro distópico, a Terra está assolada por um desastre ecológico. Os efeitos do sol são danosos, e o mundo está com uma população 20 % acima do seu potencial. Para evitar a extinção dos seres humanos, onde se deve fazer racionamento de comida e a'gua, o mundo é dividido entre os pobres e ricos. O governo lança o programa Departamento de Estratégia Cidadã (DOCS), onde voluntários de oferecem para morrer, e assim,a. família recebe um valor em dinheiro. Charles York (Peter Galagher), um famoso ator e rico, casado com a chef de culinára Daw, possuem 3 filhos, 1 adotivo e uma neta. Charles se voluntaria para o programa, acreditando que assim, por ser famoso, mais pessoas se apresentem como voluntários. Ele se inscreve com sua esposa, mas no dia que os agentes do Docs vêem matar Charles e Daw, ela desaparece. Sem Daw, os filhos são obrigados a ecsolher qual deles deve morrer, afinal, o governo precisa levar 2 corpos. A premissa do filme é muito boa, parece um episódio de "Black mirror". Mas infelizmente, o seu desenvolvimento não funcionou a contento. A diretora e o roteirista acabam injetando uma dose de humor ácido à trama, o que retira e muito de sua força e do seu suspense, virando uma galhofa, principalmente com a caricatura do agente vivido por Enrico Colantoni, no papel de Bob.

Quando derreter

"Het smelt", de Veerle Baetens (2023) O filme não deve ser visto em hipótese alguma para pessoas com tendências suicidas. O seu desfecho é brutal e arrebatador. Melhor atriz para Rosa Marchant, ume atriz de 12 anos, em Sundance 2023 e melhor filme na Mostra de São Paulo, baseado no best-seller de Lize Spit. O filme é co-produzido por Belgica e Holanda. O filme se passa em 2 épocas: presente, com a protagonista Eva (Charlotte De Bruyne) aos 20 anos, e no passado, com Eva (Rosa Marchant), aos 12 anos. Eva adulta prepara um bloco de gelo, coloca no porta malas de seu carro e segue até a cidade onde cresceu, para a celebração da morte de um amigo de infância. O filme volta ao passado ee ncontra Eva criança, que vive com sua irmã menor e seus pais, a mãe alcólatra e o pai abusivo. Diante de um lar sem amor, Eva encontra apoio em 2 amigos rapazes, Tim (Anthony Vyt) e Laurens (Mathijs Meertens). Os três se chama (os três mosqueteiros) e Eva entra no jogo dos rapazes: convidar as meninas para um celeiro, onde acontece um jogo: se elas acertarem as respostas, ganham dinheiro, caso contrário, elas devem tirar suas roupas. Eva adulta tem um trauma do passado, ocorrido em um dia de Eva criança. A performance espetacular de Rosa Marchant me deixou de verdade, impressionado. Não só pelas nuances de tantas emoções distintas, como a força e a coragem que a jovem atriz teve de participar de uma cena que chocaria qualquer atriz, ainda mais sendo menor de idade, e rico imaginando como que os pais autorizaram, aqui no Brasil, teria sido bem difícil. Como anunciei antes, é difícil recomendar o filme pela natureza violenta e traumática, que pode gerrar gatilhos emocionais.

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Rivais

"Challengers", de Luca Guadagnino (2024) Com roteiro escrito por Justin Kuritzkes, "Rivais" apresenta um trio de jovens amantes que se relacionam dentro de quadra de tênis e fora dela. O filme acontece em tempo presente e em flashbacks (2019 e 2006), narrando como os 3 se conheceram, e como terminaram em uma partida de campeonato de tênis, chamado 'Challenger", onde Art e Patrick disputam em uma partida. Dividido em sets, o filme apresenta os melhores amigos Art e Patrick, que assistem no passado a tenista promissora Tashi em uma partida. Os três flertam, e como em "Jules e Jim", os dois rapazes se apaixonam por ela, que provoca um relacionamento a três, incluindo entre os 2 amigos. Mas Tisha sofre um acidente no joelho em uma partida e não poderá mais jogar. ela decide se tornar treinadora de Art, que acaba se tornando seu marido, mas que está com baixa auto estima, não ganhando nenhuma partida e ainda brigando com PAtrick, até romperem, pela atenção de Tisha e por Patrick ser mais forte. Tisha acaba inscrevendo ARt em um torneio mediano, Challenger, e descobre que a partida será entre os 2 ex-melhores amigos. O filme lembra em muitos momentos a atmosfera sedutora e sensual de "Me chame pelo seu nome", incluindo uma cena de festa muito semelhante. Três pontos altíssimos que fazem valer assistir ao filme: a excepcional química entre os 3 atores, sexies e talentoso; a cena da partida final, um primor de edição e de uso de câmera; e a trilha sonora repleta de música eletrônica, que dá um ritmo impressionante às cenas.

Hanky Panky

"Hanky Panky", de Lindsey Haun e Nick Roth (2023) Li no Imdb que essa farsa trash de terror ganhou mais de 40 prêmios internacionais em festivais. Com essa chancela, me aventurei a assistir e fiquei pasmo o quanto o filme é ruim. Mas ruim de querer abandonar em 10 minutos, e não quele ruim delicioso que poucos filmes conseguem conquistar um público ávido pelo "quanto pior, melhor". O filme é escrito e co-dirigido por Nick Roth, mais Lindsey Haun. e tamb;em interpretam os personagens Rebecca e Dr Crane. O filme, rodado com micro orçamento, foi rodado em Utah, na cabana da família de Nick Roth, para baratear custos. Um homem tímido, Sam, chega em uma cabana isolada na smontanhas geladas, a convite de uma amiga, Carla. Ali vai acontecer um retiro para casais. Sam chega acompanhado de seu lenço falante!!!!!! (isso mesmo, e na voz de Seth Green). Mas os hóspedes não imaginavam que um chapéu assassino!!!!!!!! esteja armando uma armadilha para matar um a um. Nem sei por onde começar, então prefiro finalizar dizendo que as boas intenções existem, pois o próprio diretor bancou o projeto e chamou amigos no elenco ee quipe para realizar o filme. Mas ouso dizer que nem a Troma, famosa produtora de trash dos anos 80 e 90, ousaria algo tão bizarro e ruim. Lenço e chapéu que falam e com efeitos de quinta, de fato, não seduzem mais.

Verona

"Verona", de Ane Siderman (2021) O filme que acumulou mais de 90 prêmios em festivais é dedicado ao ator Leonardo Machado nascido em Bagé, cidade onde "Verona" foi rodado. Leonardo Machado faleceu aos 42 anos em 2018 e foi o criador do projeto, dirigido por Ane Siderman. A equipe técnica envolve alguns dos grandes profissionais de Porto Alegre: roteiro de Leonardo Machado, Paulo Nascimento e Livia Ruas; fotografia de Renato Falcão; música de Duca Duarte, direção de arte de Pauliana Becker, entre outros destaques. "Verona" traz a clássica história de Romeu e Julieta para os pampas gaúchos. Duas fazendas, São Francisco, lar da doce Juliana (Marcela Fetter), e a Fazenda Santo Antônio, onde mora Rodrigo (Lucas Zaffari). Pois quiz que o destino unisse os dois apaixonados, filhos de duas famílias que se odeiam por gerações. Rodrigo deseja ser músico, mas seu pai o obriga a ser veretinário para cuidar da fazendo, sob ameaças de cortar a mesada em Porto Alegre. Ambos se encontram às escondidas, mas quando Teo (Bruno Krieger), um capataz da fazenda que tem paixão platônica por Juliana grava um vídeo do jovem casal fazendo sexo, ela é chantageada. Ambientado durante o período festivo entre o Natal e o ano novo, o filme me fez lembrar 'Festa em família", de Thomas Vintemberg, e "Feliz Natal", de Selton Mello. São filmes que fazem do encontro família o momento certo para ajustes de contas e de colocar à tona todos os segredos, conflitos e exorcizar fantasmas do passado. A diretora escola um time de excelentes atores do Sul, encabeçados por Ida Celina e Liane Venturella, e apresenta o mundo esse cinema gaúcho tão especial e com uma forte identidade visual e dramatúrgica.

O mar vermelho me faz querer chorar

"The rea sea makes me wanna cry", de Faris Alrjoob (2023) Concorrendo na Quinzena dos realizadores no Festival de Cannes 2023, "O mar vermelho me faz querer chorar" é uma co-produção Alemanha e Jordânia. Protagonizado pela atriz Clara Schwinner, no papel de Ida. Ela retorna à Jordânia após a notícia do falecimento de seu namorado, Ismail, que sofreu grave acidente de carro. Decidida a se despedir de alguém que havia sido importante em sua vida, Ida vai até a delegacia receber os objetos que estavam com Ismail e durante a hospedagem no hotel e caminhando pela região, procura se conectar com a memória de uma pessoa que foi muito importante para ela. O cineasta jordaniano Faris Alrjoob trabalha também com videoarte e atuação e mora em Berlim. O que mais gostei no filme é o uso do silêncio, mesmo em cenas dialogadas. É um recurso que rompe com o realismo e ao mesmo tempo, traz força à imagem. A atriz principal trabalha bem o sentimento do luto, refletido em seu olhar.

quarta-feira, 24 de abril de 2024

Holly

"Holly", de Fien Troch (2023) Que filme instigante e sedutor! "Holly" é um filme onde o espectador fica capturado pela atmosfera que flerta com o psicológico e o místico, e é difíicl pensar em como irá finalizar. Concorrendo no Festival de Veneza 2023, o filme é escrito e dirigido pela cineasta Fien Troch. A fotografia é do excelente Frank van den Eeden, de "Close", de Lukas Dhont. Ambos os filmes dependem muito do visual para criar quase que um mundo à parte, e "Holly" é favorecido imensamente pelas imagens deslumbrantes. Holly (Cathalina Geeraerts) tem 15 anos e estuda em uma escola onde ela pouco socializa com outros alunos, por conta de sua timidez e introversão. Seu melhor amigo é Bart, um adolescente que sofre bullying. Um dia, Holly decide ligar para a ecsola e dizer que não irá, pois acredita que algo ruim irá acontecer. De fato, um incêndio acontece e vários alunos morrem. Anna ( Greet Verstraete), a professora, se sensibiliza com Holly e a junta a um grupo de voluntários que Anna coordena, para dirimir os traumas dos pais e amigos dos mortos. As pessoas começam a acreditar que Holly tem poderes e realiza fé e milagres, e passam a pedir ajuda emocional. Holly passsa a cobrrar dinheiro, e Anna se revolta com esse ato pouco sensível. Ao mesmo tempo, Anna deseja engravidar e não consegue. O filme tem um roteiro bem construído, que deixa muitas questões em aberto. Mais do que tentar entender o legado de Holly e se ela realmente tem poderes místicos, o filme busca criar um olhar sobre o grande gap entre conexão entre as pessoas, tanto na relação jovens e adultos, quanto de abusadores e vítimas de abuso. O elenco é muito bom, e todos os 3 protagonistas trazem uma construção perfeita sobre os conflitos da alma.

terça-feira, 23 de abril de 2024

Prova de coragem

"Arthur the king", de Simon Cellan Jones (2024) Tenho que admitir que chorei litros e litros asistindo ao filme. Não tem como não se emocionar com um filme onde o público sofre e se emociona com um cachorro. Adaptado de uma história real, o corrido com o esportista sueco Mikael Lindnord, que escreveu um livro e o vendeu para Hollywood. MArk Walhberg o interpreta, e a história mudou de país: ao invés do Equadir, país real onde o protagonista conheceu o vira lata, a ação mudou para a República Dominicana. Michael Light (Walhberg) chefia uma equipe maratonista, mas que nunca venceu nenhuma prova. O grupo se desfaz, mas anos depois, Michael devide propor uma retomada do grupo e competirem na República Dominicana. Ali, o grupo (Simu Liu, Nathalie Emmanuel e Ali Suliman) se prepara para tyentar vencer. Durante o trajeto, Michael dá almondegas para um vira latas. Apartir daí, o cão, apelidado pelo grupo de Arthur, os acompanha em todo o trajeto, inclusiev salvando-os da morte. Michael vai se apegando o cão, ao ponto de fazer de tudo para salvar a vida dele, ao decsobrir uma doença no animal. Obviamnete que o filme faz de tudo para arrancar lágrimas do espectador. E faz sem medo de exagerar. O animal é simplesmente carismático, e Mark walhberg é daqueles atores que brilham nesses papéis de homens enlutados ou dignos e de coração aberto. Mas existe um outro filme, que é o dedicado ao esporte radical, e tiro o chapéu à equipe técnica, que deve ter sofrido muuto para as cenas de esporte e maratona.

Talking heads

"Talking heads", de Dario Attanasio e Dominik Danielewicz ( (2024) Excelente e criativo curta americano, "Talking heads" mostra a conversa em um banheiro entre um homem, Jay (Jordan Stephens), e seu pênis. Jay estava fazendo sexo com uma mulher, mas o pênis s erecusou a ficar ereto. O filme mostra a conversa entre o homem e o pênis, que se recusa a fazer sexo com a mulher e coloca em pauta porque o homem abandonou a ex namorada para ficar fazendo aventuras. O filme é repleto de safadeza, linguajar chulo, erotismo e o melhor de tudo, o uso de animatronic para animar o pênis, que abre a boca pela uretra. Muito bom.

International male

"International male", de Heath Daniels (2015) Protagonizado por Brandon Rowan-Taylor, "International male" é um curta curioso, que oscila entre a linguagem do dcumentário, do video clipe e da comédia erótica de costumes. Um homem solitário, em dificuldades financeiras, decide fazer contatos com homens de culturas distintas , que vêm lhe fazer visita em sua casa. Partindo de estereótipo culturas dos países, o homem transa, faz comida, ouve música, conversa, lê livros, brinca. Com o asiático, experimenta comida. Com o francês, de perfil intelectualizado, lê livro. Com o espenhol , faz sexo. Com o indiano, ouve música, e por aí vai. No final das contas, o filme mostra a solidão pelo qual boa parte da comunidade lgbt passa, e para muitos, a busca incessante do amor eterno, do one night stand, ou de apenas alguém para conversar.

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Depois de ser cinza

"Depois de ser cinza", de Eduardo Wannmacher (2020) Drama brasileiro rodado em Porto Alegre e na Croácia, dirigido por Eduardo Wannmacher e escrito por Leo Garcia, e com bela fotografia de Leonardo Maestrelli. Apesar de conduzido por homens, o filme, que possui três mulheres protagonistas, têm em comum o mesmo homem: Raul (João Campos). Raul é um antropólogo e sociólogo que, para fugir de traumas do passado, decide viajar para a Croácia. Lá, ele conhece a artista plástica Isabel (Elisa Volpatto), que também foge de um trauma. João, em seu passado, se relacionou com uma amiga,a. estudante Suzy(Branca Messina) e também, com a sua terapeuta, Manuela (Silvia Lourenço). O filme parece uma homenagem ao cinema existencialista de Antonioni, quase que unindo sua trilogia em um único filme. Ou pode mesmo se ruma versão mais melancolica de "Todas as mulheres do mundo", de Domingos Oliveira. É um filme sobre a dôr da alma e do amor, e de que forma as pessoas não conseguem administrar esse luto emocional. Os atores são ótimos, a fotografia e as locações são deslumbrantes. Mas não é um filme de fácil assimilação, por conta de sua enorme tristeza, desaconselhável para pessoas depressivas e em processos de luto.

Ele me quer, ele não me quer

"Me quiere, no me quiere", de Alejandro Galdón (2024) Premiado curta LGBTQIAP+ espanhol, "Ele me quer, ele não me quer" é um romance adolescente sobre o primeiro amor gay. Arnau é filho de uma empregada doméstica solteira. Sua mãe vai trabalhar na casa de uma família rica e leva Arnau para ajudá-la. Chegando lá, ele se apaixona imediatamente por Javier, filho da patroa. 4 anos depois, os dois se reencontram em uma festa. Arnau (Pablo Royo) e sua amiga comentam sobre Javier (Jaime Antón), que discute com a namorada. Arnau vai consolar Javier e ambos acabam se beijando. Mas no dia seguinte, Javier desaparece, sem responder as mensagens de Arnau. O filme tem uma narrativa bem simples, e uma história óbvia. Os atores são medianos. O que pode prender a atenção do espectador para esse filme, é a forma delicada e até adocidada sobre uma paixão adolescente. No mais, o filme tem um caráter bem amador.

domingo, 21 de abril de 2024

A fronteira infinita

"Marzhaye bi payan", de Abbas Amini (2023) Premiado em Rotterdam, "A fronteira infinita" é um drama co-produzido por Irã, Alemanha e República Tcheca. É um filme arrebatador, que apresenta vidas no fundo do poço, sem perspectiva e que colocam suas vidas em risco para ir em busca de uma vida melhor. Na fronteira entre Irã e Afeganistão, em um vilerajo extremamente árido e pobre, mora o professor Ahmad (Pourya Rahimi Sam). Ele dá aula para crianças. Ahmad foi expulso do Irã e está exilado no Afeganistão, onde toda manhã, deve comparecer à Embaixada do Irã, antes de dar aula. Sua esposa, Nilofar, est;a presa no Irã. Ambos foram acusados de conspirar contra o governo iraniano. Durante fuga de refugiados do Afeganistão que tentam fugir para o Irã, Ahmad ajuda um idoso, que esta morrendo, e o leva para sua casa, junto d edua sjovens. Ele decsobre que a adolescente, Hasifa, foi vendida para se casar com o idoso. Um de seus alunos, o jovem Balaj, acaba se apaixonando por Hasifa, e planejam fugir. Ahmad decide fugir junto, resgatar Nilofar e fugir com todos para a Turquia. "A fronteira infinita" é um filme doloroso, que traz um mundo de extrema pobreza, onde pessoas sobrevivem da forma que podem. O regime conservador e totalitário, a misoginia, o talibã que começa a tomar conta de todo Afeganistão e que quer matar ginecologistas, pois é proibido tocar nos corpos das mulheres. São tantas aas tragédias apresentadas no filme, que terminei atordoado, triste por um mundo tão injusto.

Névoa prateada

"Silver haze", de Sacha Polak (2023) Vencedor do prêmio Teddy, dedicado à produções Lgbtqiap+ no Festival de Berlim, e concorrendo em Tribeca, "Névoa prateada", é um drama LGBTQIAP+ co-produzido por Holanda e Reino Unido. A protagonista, a atriz Vicky Kinght, foi inspiração para o roteiro escrito pela diretoraSacha Polak: quando tinha 8 anos de idade, seu pai tinha um pub, onde ela morava com os dois irmãos. ocorreu um incêndio, seus irmãos morreram e ela ficou com o corpo todo cheio de cicatrizes, que ficaram marcadas na pele. Além disso, Vicky se tornou enfermeira, sua profissão, a mesma profissão de sua personagem Franky. Consumida pelo desejo de vingança, acreditando que a amante de seu pai provocou o incêndio no pub que deixou seu corpo com cicatrizes, Franky foi morar com sua mãe alcoólatra e seus dois irmãos. Um dia, ao atender uma paciente, Florence (Esmé Creed-Miles), que até então só se relacionava com homens,d ecsobre a sua homossexualidade. Ambas se apaixonam, e Florence sugere se vingar da amante do pai de Frank. O filme tem uma pegada de cinema realista, estilo Ken Loach e Mike Leigh, e todos os personagens estão vivendo no seu limite psicológico, agravados por questões pessoais e financeiras. Um drama intenso, com ótimas performances e um profundo tom de melancolia.

sábado, 20 de abril de 2024

Refuge

"Refuge", de Renny Harlin (2023) A carreira do cineasta finlandês Renny Harlin é curiosa: finlandês, ele construiu sua carreira em Hollywood nos anos 90 entre sucessos e grandes fracassos: "A ilha da garganta cortada", "Duro de matar 2", 'Risco mortal", "Do fundo do mar", "O exorcista- o início", "A hora do pesadelo 4". Depois ele perdeu o rumo e filmou filmes de segunda mão. Agora, ele retorna com essa co-produção Estados Unidos e Bulgária, "Refuge". O filme é um terror sobrenatural de possessão. O soldado americano Rick Pedroni (Aston McAuley) acaba de se casar com Kate (Sophie SInmet) e são apaixonados um pelo outro. Ele é enviado à Guerra dop Afeganistão e retorna de lá mudado. Os médicos acreditam ser PTSD, mas a verdade é que ele foi possuido por um demônio ao entrar em uma caverna e atirar em um menino possuído. Existem filmes ruins divertidos e filmes ruins que são apenas ruinas. Infelizmente, o filme vem na 2a categoria, e é uma pena, pois a premissa é boa. mas os atores são fracos, os efeitos são pavorosos, o ritmo arrastado e para piorar, Renny Harlin perdeu a mão para um bom filme de entretenimento. Nada aqui se salva.

Problemista

"Problemista", de Julio Torres (2023) Há muiot tempo eu não via um filme tão pretencioso e confuso, além de chato. "Problemista" é escrito, dirigido, produzido e protagonizado por Julio Torres. O filme concorreu no Festival de SXSW e é uma produção independente que conseguiu atachar Tilda Swinton e Isabella Rosselini ao projeto. E mais uma vez, Tilda Swinton interpreta um personagem excêntrico. Alejandro) Julio Torres) é um jovem salvadorenho que quer trabalhar como designer de brinquedos nos Estados Unidos. Quando l6e que a Hasbro está Centra-se na situação desesperadora de um imigrante que precisa de patrocínio de visto para permanecer nos EUA e sonha em se tornar designer de brinquedos. Julio trabalha de cuidador em Nova York, mas eu visto periga vencer quando a incrição para o “Programa Incubadora de Talentos” não dá certo. Ele conhece Elizabeth (Tilda Swinton) quando se emprega como voluntário em uma empresa de congelamento criogênico para artistas que esperam acordar no futuro. Ela decide patrocinar o visto de trabalho de Alejandro, contanto que ele aceite se congelar e encontrar o marido de Elizabeth no futuro. O roteiro é uma confusão, nem Spike Jonze ou Michel Gondry conseguiriam dar conta. Não me conectei em momento algum com essa bagunça narrativa e confusa, e fico pensando no que Julio Torres mirou ao fazer o filme, que tipo de público.

sexta-feira, 19 de abril de 2024

That's sexploitation

"That's sexploitation", de Donald A. Davis, David F. Friedman e Frank Henenlotter (2013) Documentário de mais de 2 horas de duração, que explora o gênero "sexploitation", surgido nos anos 20 e que teve declínio nos anos 70, com o advento dos filmes de sexo explícito. Consumido por um público majoritariamente masculino, esses filmes era uma forma de escapar do código Hays, conjunto de diretrizes de censura para filmes de Hollywood, estabelecido em 1930. Esses sexploitations eram exibidos fora do circuito comercial, e por isso, a censura não os encontrava. HAvia toda uma sorte de sub-gêneros, disfarçados de documentarios para driblar a censura. Eram filmes chamados de "Campos de nudismo", native films (documentários que exploravam a nudez de mulheres africanas, da polinésia), war training films (filmes onde soldados ficavam nús para exames médicos), os sex hygiene films (filmes didáticos com fins educativos e que mostravam homens e mulheres totalmente nus, com closes nos genitais), os burlesques films (filmes onde mulheres se aprsentavam semi-nuas em palco, exibindo dotes artísticos), e o retorno dos filmes de campo de nudismo agora em colorido, nos anos 50. Nos anos 60, surgiram os filmes europeus de lésbicas com cenas de sexo. Cineastas como David Friedman, Dwain Esper, Doris Wishman, Russ Meyer e outros divertiram seu público, com muito erotismo e ingenuidade nas tramas, atiçando o imaginário da platéia. Russ Meyer dirigiu os antológicos "Faster pussy cat, Kill Kill" e "Beyond the valley of the dolls), com mulehers às voltas com sexo, violência, droga e empoderamento.

Bug

"Bug", de Tim Hythen e Macgregor (2024) Excelente curta de suspense e ficção científica, "Bug" é um projeto derivado da empresa de FX criada pelos cineastas Tim Hythen e Macgregor. Ambientado na Coréia do Sul, o filme apresenta a trabalhadora doméstica (Laura Yeseul Im) que ao chegar do mercado para a casa que trabalha, nas montanhas, encontra a casa revirada. Ela toma água da torneira e ao ouvir um alerta no celular, decsobre pela tv que a população não deve beber água da torneira, pois foi contaminada pelo governo da Coreia do norte. Econômico no tempo, o filme cumpre o seu papel, que é o de criar expectativa e de envolver o epsectador em uma trama que ele não sabe como irá terminar. Excelente efeito especial aplicado no final da história.

Conversas com o Diabo

"Late night with the Devil", de Cameron Cairnes e Colin Cairnes (2023) Aclamado pela crítica, furor em SXSW e vencedor do prêmio de melhor roteiro em Sitges 2023, "Conversas com o Diabo" é uma co-produção Estados Unidos/Austrália e Emirados Árabes, escrito e dirigido pelos irmãos australianos Cameron Cairnes e Colin Cairnes . A despeito da excelência técnica- fotografia, make, figurino, edição- o filme provocou polêmica pelo uso de Ai em design gráfico de algumas artes. Muita gente anunciou como o melhor filme de terror do ano de 2024, e eu, grande fã do gênero, fui com muita sede ao pote e me dei mal. O filme é bom, mas a expectativa sobre terror e deixar a platéia assustada é bom prevenir, acontece lá pelos últimos 20 minutos. Até então, é tudo uma preparação para um clímax, no melhor estilo "A bruxa de Blair", que assim como esse, é um found footage. O filme começa com o narrador fazendo uma apresentação sobre quem é o one man show Jack Delroy ((David Dastmalchian), um apresentador de um programa ao vivo dos anos 70 na tv americana chamada "Night owl). Com crise na audiência, ele decide faezr uma edição especial na noite de Halloween, e convida a parapsicóloga (Laura Gordon), adolescente Lilly (Ingrid Torelli) para um episódio da Noite de Halloween. um hipnotizador cético Carmichael Haig (Ian Bliss), um médium Christou (Fayssal Bazzi), além da ajuda de seu assistente de palco Gus (Rhys ALteri). Lilly é apresentada como possuída pelo demônio, e sofre um exorcismo ao vivo. Tecnicamente, o filme é impecável, você realmente acredita estar assistindo a um programa ao vivo dos anos 70. Mas a demora para acontecer alguma violência, algum terror, pode provocar irritaçao em quem busca levar uns sustos. Como filme independnete autoral, é ótimo.

quinta-feira, 18 de abril de 2024

Abigail

"Abigail", de Matt Bettinelli (2024) Filmes de terror recentes têm trazido crianças como assassinas. Foi assim com os megas sucessos 'M3ghan", "Brightburn", "O cemitério maldito", "A órfã", entre outros, e agora, "Abigail". É possível ver muitos easter eggs no filme: "Poltergeist" (a cena da piscina), "M3ghan"e "A hora do espanto. Dotado de um humor próprio de filmes de terror dos anos 80 e 90, o filme traz ótimos efeitos especiais. Uma quadrilha de sequestradores que não se conhece, é contratada por um homem, Lambert (Giancarlo Esposito) para sequestrar uma menina de 12 anos, Abigail (Alisha Weir), dançarina de ballet e filha de um milionário que é dono de um império do submundo. Joey (Melissa Barrera, da franquia "Pânico"), Frank (Dan Stevens), Rickles (William Catlett), Sammy (Kathryn Newton), Dean (Angus Cloud) e Peter (Kevin Durand) mantêm Abigail em uma mansão isolada, por ordem de LAmbert, e devem esperar 24 horas pelo recebimento do dinheiro. Mas logo decsobrem que ABigail é uma vampira, e ela passa a caçar um por um, que não podem fugir da mansão. O filme é bastante divertido e todo ambientado na mansão. A fotografia e a câmera ajudam bastante a dar sensação de enclausuramento e a direção de Matt Bettinelli traz ritmo. Os atores estão ótimos, se divertindo com seus personagens apatetados. A pequena Alisha Weir é incrível, claro que a make ajuda bastante, mas seu olhar e seu sorriso bizarro e maquiavélico são assustadores.