domingo, 1 de dezembro de 2024

Bernadette

"Bernadette", de Léa Domenach (2023) Catherine Deeunve é das poucas atrizes da época de ouro do cinema que ainda continuam trabalhando e exibindo seu talento em filmes bastante versáteis, e é uma grande honra poder vê-la em papéis onde fica claro que ela está se diverrindo em compôr personagens fortes e contraditórias em suas essências. 'Bernadette" é o filme de estréia da atriz Léa Domenach, que aqui se aventura por trás das câmeras no papel de diretora. O filme foi bastante criticado na França, e eu acredito que mais pelo contexto político da obra, do que pelo filme em si, que é divertido e tem um elenco formidável de atores franceses. O que eu não curti, e foi um risco da direção, é narrar a história como uma fábula, através de um coro grego formado por cantores de uma igreja gregoriana. Ficou exagerado e saiu do tom. O filme é uma livre adaptação baseada na história real da ex-primeira dama francesa Bernadette Chirac, esposa de François Chirac (Michel Vuillermoz), que foi presidente por dois mandatos seguidos, de 95 a 2007, e que terminou o seu mandato sob chuvas de protestos e críticas de corropção durante seu mandato ainda como prefeito de Paris. O casal Chirac era visto como conservadores e de direita, e o roteiro de Clémence Dargent e Léa Domenach procura trazr um protagonismo à Bernadette, como uma líder feminista e que não aceitou estar sob à sombra do marido. Bernadette sempre apoiou o marido durante a vida pública e durante a campanha para a presidência, mas assim que ele vence, ele a coloca totalmente em 2o plano. Sentindo-se rejeitada, Bernadette ainda se resigna pela forma como François lida com uma das filhas, Laurence, em detrimento de Claude, a filha preferida e que se torna sua secretária. Claude vive recriminando sua mãe Bernadette pela forma antiquada que se veste e pelo jeito dela ser. Cansada, Bernadette decide dar a volta por cima, junto de um dos assessores de François, Bernard (Denis Podalydès) e entra para a vida política. O filme traz muitas sub-tramas envolvendo o contexto político da França entre os anos 90 e 2000, principalmente a rivalidade de François com o futuro presidente Nicholas Sarkozy. Mas o que interessa aqui é testemunhar a força que se cria em torno da personagem Bernadette, de esposa troféu à uma das figuras públicas mais famosas e queridas da sociedade francesa. Um filme elegante, com um toque de humor sutil e a alegria de acompanhar cenas ótimas de Deneuve com Michel Vuillermoz e com Denis Podalydès.

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