sábado, 8 de junho de 2019

Graças a Deus

"Grâce à Dieu ", de François Ozon (2018) É impressionante o ecletismo de Ozon, que alterna dramas com comédias, musicais, sátiras, fantasias e agora, um denso drama que reconstitui uma história real ainda em julgamento: um grupo de vítimas masculinos que entraram com um processo contra o Padre francês Bernard Preynat, que atuou em diversos lugares, como França, Irlanda, Portugal, etc. Alexandre (Melvil Poupaud), François (Denis Ménochet) e Emmanuel (Swann Arlaud) foram vítimas do Padre quando eram escoteiros mirins mos acampamentos da Igreja liderados pelo Padre. Abusados sexualmente, eles foram calados pelos pais na época ou tiveram suas denúncias enterradas pelo Alto escalão da Igreja. 30 anos depois, Alexandre descobre que o Padre voltou a trabalhar na Igreja de Lyon e lecionar catecismo com crianças, e resolve ir atrás para exorcizar seus fantasmas do passado. Outras vítimas se unem para impedir que o Padre trabalhe e que seja excomungado e levado ao tribunal, mas enfrentam resistências da Igreja. O filme aborda em quase 140 minutos a vida desses 3 homens, brilhantemente interpretados , além de todo o numeroso elenco. Cada personagem se relaciona com os pais, filhos, espoas, e de que forma o abuso transformou suas vidas e a dos familiares. O Ator Bernard Verley tem a difícil missão de dar vida ao Padre Preynat, sem torná-lo uma caricatura de vilão. O filme ganhou o Urso de Prata em Berlin, concedido pelo Juri. Um filme corajoso e ousado, que não teve medo de filmar cenas com crianças e que com certeza, permanecerá na mente dos espectadores por um bom tempo. O pior de tudo, é descobrirmos o motivo do filme se chamar "Graças a Deus". Revoltante.

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