sexta-feira, 25 de maio de 2018

Toda donzela tem um pai que é uma fera

"Toda donzela tem um pai que é uma fera", de Roberto Farias (1966) Lançado em 1966, "Toda donzela tem um pai que é uma fera" foi adaptado pelo próprio Roberto Farias de uma peça teatral de Glaucio Gil. Há 4 anos atrás, em 62, ele havia lançado aquela que é considerada sua obra-prima, o filme de ação "Assalto ao trem pagador". Com "Toda donzela..", Roberto lançou o filme que seria considerado o precursor das pornochanchadas no Brasil, unindo a comédia de costumes, a picardia e malícia das relações entre homens e mulheres, através das infidelidades e traições amorosas, O filme foi fotografado pelo Mestre Ricardo Aranovich, que veio a trabalhar com Ettore Scola na obra-prima "O Baile". Ambientado no Rio de Janeiro da Zona Sul carioca, com as belas praias de Copacabana e Ipanema como pano de fundo e apartamentos da classe média alta, o filme acompanha as aventuras de Joãozinho ( Reginaldo Farias), um jovem paquerador, que está namorando Dayse, filha de um militar. Sabendo que o pai dela (Walter Forster) está para vir visitá-la, Joãozinho, temendo represálias do Militar, pede para que seu amigo Porfírio (John Herbert) esconda a jovem em seu apartamento. Mas tudo dá errado: O militar acha que Dayse e Porfirio estão namorando, e o obriga a se casar com ela. Divertido pela sua ingenuidade, o filme arranca boas risadas por situações criativas que Farias utilizou para dar mais ênfase à comédia: ele se utiliza da paródia, sacaneando filmes de espionagem (James Bond) , de detetives e até mesmo da linguagem da Nouvelle Vague, com cenas congeladas em narração em off. Por trás de toda essa fachada de comédia popular, o filme , espertamente, trabalha com a metáfora do Poder, através do personagem do Militar que obriga o rapaz a se casar com a jovem, contra a sua vontade, se fazendo valer até mesmo do uso de tanques e de soldados. Uma forma de Roberto Farias dar a sua opinião sobre a ditadura militar que havia se instalado no Governo da época, e que Farias representaria com mais dramaticidade no clássico "Pra frente, Brasil", de 1982. Obs: Amo esse cartaz elaborado pelo Ziraldo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário