segunda-feira, 21 de maio de 2018

Copacabana me engana

"Copacabana me engana", de Antonio Fontoura (1969) Lançado em 1969, em plena ditadura militar, "Copacabana me engana" é o primeiro longa de Antonio Carlos Fontoura, Diretor dos aclamados "A Rainha Diaba" e "Somos tão jovens". Filmado em preto e branco pelo iniciante Affonso Beato ( que fotografou para Almodovar em "Carne tremula" e "Tudo sobre minha mãe"e para Stephen Frears em "A Rainha", além de "O Dragão da Maldade contra o Santo Guerreiro", de Glauber Rocha), o filme tem imagens históricas das Ruas de Copacabana, sendo um excelente material de arquivo da época. Fora isso, o roteiro traz hábitos e costumes que, passados quase 50 anos, continuam muito atuais: amor livre, solidão, desencanto, falta de perspectiva profissional, traição. Marquinhos (Calos Mossy, na flor da idade) é filho de um casal classe média, interpretados por Licia Magno e Enio Santos. Hugo ( Claudio Marzo) é o irmão todo certinho de Marquinhos: estuda medicina e é o orgulho dos pais. Marquinhos não estuda, não trabalha, e passa o dia todo ou vendo tv em casa, ou nas ruas com sua gangue de marginais, liderados por Joel Barcellos. Um dia, Marquinhos avista pela janela, uma mulher mais velha e sedutora, Irene (Odete Lara, sublime). eles se conhecem, e se tornam amantes. ela é sustentada por Alfeu (Paulo Gracindo), um homem muito mais velho. Ousado, o filme discute relações onde dinheiro e solidão dão as suas cartas. Filmado quase como se fosse um documentário, com uma câmera na mão que perambula pelas ruas colada aos seus personagens anônimos que apenas fazem n;umero em um bairro mega povoado de figuras tristes e solitárias. Como pergunta no poster do filme, "Que tipo de gente mora em Copacabana?" O elenco está muito bem, com direito a pelo menos 3 cenas antológicas: o menage a trois dos 2 irmãos com Irene (uma cena mega ousada, até para hoje) e lindamente filmada; a cena de Alfeu e Marquinhos no restaurante, bêbados; e a cena final, dos pais de Marquinhos em um comovente e melancólico discurso sobre o fim da vida.

Nenhum comentário:

Postar um comentário