terça-feira, 8 de junho de 2021

Esposa do espião


"Wife of a Spy", de Kiyoshi Kurosawa (2020)
Excelente melodrama de guerra dirigido e co-escrito por Kiyoshi Kurosawa, um cineasta japonês que começou sua carreira realizando filmes de terror
("Pulse", "A cura") e migrou para um cinema eclético, mas tendo elementos de suspense e fantasia como pano de fundo.
Em "Esposa do espião", Kiyoshi Kurosawa ganhou o merecido prêmio de melhor diretor no Festival de Veneza 2020. Muitos críticos enxergaram referências ao cinema de Hitchcock, como "Sabotador", "Cortina rasgada". Mesclando uma história de amor a um drama de guerra e espionagem, o filme traz como protagonista o casal Satoko (Yû Aoi) e Yusaku (Issey Takahashi). ele é um comerciante que faz transações com um americano. O ano é 1940, e o Japão acaba de assinar o Tratado com a Alemanha e Itália. Yusaku vai até a Manchuria comprar artefatos para revender. No entanto, ao retornar ao Japão, ele volta diferente. Satoko começa a achar que ele a está traindo com uma mulher que ele conheceu por lá. O que se esconde na verdade, é o massacre e os experimentos que japoneses faziam com chineses na Manchúria, e que Satoko precisa acreditar.
Com um roteiro bem amarrado e repleto de reviravoltas, o filme prima pela excelência técnica ( foi rodado em 8K) e com um requinte de direção de arte , figurino e maquiagem. É uma grande homenagem ao cinema antigo, mas o que salta aos olhos é o seu tema explosivo. Kurosawa cria polêmica com o governo japonês e com os nacionalistas de extrema direita, ao apontar os crimes do Japão para com a China durante a invasão japonesa. Um file denso, cruel, que traz um dos momentos mais brutais da história para o público. Excelentes performances do elenco, com destaque para Yû Aoi no difícil e emocionante papel da esposa Yoko.

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