quarta-feira, 13 de junho de 2018

Primavera em Casablanca

"Razzia", de Nabil Ayouch (2017) O Cineasta Nabil Ayouch nasceu em Paris, mas mora e trabalha em Casablanca, Marrocos. Os seus filmes tem uma pegada socio-politica-cultural, mostrando as mazelas do regime islâmico e do machismo na sociedade massacrando sua população. Foi assim em Muito amadas", seu elogiado filme anterior, e agora em nível mais contundente, em "Primavera para Casablanca". O filme tem uma estrutura narrativa ousada e diversificada: acompanhamos 5 histórias distintas: 1 se passa em 1982, e as outras 4, em Casablanca do ano de 2010, quando houve a Primavera árabe, movimento liderado pelos jovens para derrubar a ditadura, por conta do alto nível de desemprego, busca pela liberdade de expressão e menos intolerância contra as mulheres. Na 1a história, ambientada em 1982, acompanhamos um professor que chega em um vilarejo. Ele é poeta e ensina às crianças da região no dialeto da população. Uma lei é imposta, obrigando o professor a ensinar árabe como língua oficial e abolir o dialeto, o que o professor contesta, pois as crianças não entende, Temos também a história de uma mulher liberal em crise no casamento com o seu marido machista e retrógrada; um cantor apaixonado por Freddie Mercury e que enfrenta preconceito do seu pai e seus amigos, que não aceitam seu modo de vida; uma adolescente que tenta a todo custo perder a virgindade; e um dono de restaurante judeu que sofre preconceito. Bem dirigido, com ótimas cenas de manifestação na rua, o filme tem excelente elenco. O que pesa contra, é que são personagens demais perambulando na história, o que confunde bastante. O filme faz uma crítica ao Clássico "Casablanca", que não teve nenhuma cena filmada em Marrocos, fazendo uma analogia sobre o real e a ficção.

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