domingo, 26 de janeiro de 2020

Uma vida oculta

"A hidden life", de Terrence Malick (2019) Vencedor de um prêmio ecumênico no Festival de Cannes 2019, onde estava competindo pelo prêmio principal, "A vida oculta" é uma cinebiografia de Franz Jägerstätter, um camponês austríaco que nasceu na pequena cidade de Radegund. Por ter se recusado a servir aos nazistas e de lutar à favor de Hitler, Franz foi acusado de traição e executado por guilhotina no ano de 1943. Hoje em dia, ele foi beatificado e considerado um mártir e um ícone pacifista contra os horrores da Guerra, e pela Paz mundial. O filme marca também as últimas atuações de Bruno Ganz e Michael Nykvist, dois grandes nomes do cinema alemão e sueco. Ambos faleceram em 2017. Terrence Malick levou 3 anos editando o filme. O filme marca também a parceria de Malick com o fotógrafo Jörg Widmer, que havia trabalhado como assistente de Emanuel Lubezky em "A árvore da vida", também de Malick e vencedor da Palma de Ouro em Cannes 2011. Emannuel Lubezky se tornou o grande fotógrafo de Malick desde "A árvore da vida", e juntos criaram uma narrativa que qualquer cinéfilo consegue identificar como sendo um filme de Malick: lentes grandes angulares, imagens épicas, muita poesia e contemplação e interação com a natureza, em imagens quase sempre narradas em off pelos personagens. Em "A vida oculta" temos tudo isso. A fé cristã, também presente na maioria dos seus filmes, está encrustrada no personagem de Franz e de sua esposa Fanny, interpretados com muita garra por August Diehl e Valerrie Pachner. Ambos interpretam um casal de fazendeiros apaixonados, pais de 3 filhas e morando com a mãe de Franz e a irmã de Fanny. Nesse mundo idílico, que somente Malick consegue captar com suas lentes, vemos surgir o terror nazista. Mais da metade do filme acontece dentro da prisão onde Franz é levado. O filme é então costurado por imagens paralelas de Franz na prisão e Fanny na cidade, sendo maltratada pelos vilarejos que acusam a família de ser traidores. O casal escreve cartas e o filme se torna todo narrativo em off, bem ao gosto de Malick. Eu sou apaixonado por "A árvore da vida", mas desde então, fico com a impressão que Malick se repete sempre em todos os seus filmes seguintes. Os filme se tornaram vazios e frios, apesar da parte técnica ser extraordinária. Em "A vida oculta", pelo menos temos uma história forte, mas que fica diluída em quase 3 horas de filme, um exercício de paciência do espectador que já se sente casado quando o filme chega em sua metade.

Nenhum comentário:

Postar um comentário