quinta-feira, 14 de março de 2019

Sou feia mas tô na moda

"Sou feia mas tô na moda", de Denise Garcia (2005) O documentário “Eu sou feia mas tô na moda” pega emprestado seu título de uma música da funkeira Tati Quebra Barraco. Logo nos créditos de abertura, desenhado e animado por Allan Sieber, vemos pessoas brancas, bonitas e ricas sendo esmagadas e mortas por uma Robô em forma de funkeira Popozuda, que toca Funk em uma caixa de som acoplada ao seu corpo. O recado do filme está dado. As mulheres moradoras de comunidades carentes estão dominando o mercado do funk carioca. O documentário escrito e dirigido por Denise Garcia, começa fazendo uma investigação histórica sobre o movimento funk nos anos 70, 80 e 90. O crítico de música e escritor do livro ‘Batidão- uma História do Funk”, Silvio Gessinger, e o cantor Edu Falla, falam sobre a influência do Miami Bass e do Hip Hop americano no funk dos anos 80 no Brasil, através de grupos e do Furacão 2000. Depoimentos de funkeiros homens e mulheres das comunidades também falam dos famosos bailes LadoA/LadoB dos anos 70, que eram ponto de encontro de violência e porradaria entre gangues. O Funk erotizado veio como uma resposta ao funk violento, trazendo um tipo de sonoridade que conquistou de cara público e moradores das comunidades: O Funk do Prazer. Me princípio dominado pelos funkeiros masculinos, nos anos 2000 surgiram várias cantoras e grupos de funk femininos que passaram a tomar conta das músicas tocadas nas bailes e nas rádios. O filme apresenta bailes da Cidade de Deus: Bonde das boladas as danadinhas, as thcutchucas, Gaiola das Popuzudas Juliana e as fogosas, Deise Tigrona e principalmente, Tat Quebra Barraco, passaram a dar seu recado: tímidas, elas utilizaram o funk como propulsor da feminilidade, do empoderamento, do discurso feminista e gritando para todo mundo que o Corpo é delas e elas fazem o que quiser. A Atriz e pesquisadora Kate Lyra dá valor à atitude das mulheres que sobem no palco e discursam sobre seu corpo, suas regras. Discurso feminista total. O filme apresenta depoimentos de Veronica Costa, vereadora e funkeira, dando total apoio também às cantoras. Faz critica aos homens, que só querem sacanagem. O Dj Marlboro, de Paris, dá seu depoimento por celular: Tati Quebra Barraco defende as mulheres, é feminista sem ser de cartilha, aprendeu na vivência. Funk não é reduto gay mas todos aceitam, sem preconceito, Serginho e Lacraia, dançarino gay da dupla. Mr Catra diz que o funk não descrimina e também fala sobre violência nas letras de funk, uma reprodução do que acontece nas comunidades. O filme termina apresentando MC Marlboro fazendo enorme sucesso na Europa, e é estranho, pois o documentário quer falar das mulheres mas termina com o Marlboro: Grande Sucesso na Europa, ele faz 5 shows numa única noite e toca na famosa Boite Favela Chic, ponto de encontro de gente rica e bonita de Paris. O documentário dá um curioso painel sobre o Funk carioca, mas faltou dar voz ao público, focando apenas nos cantores.

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